Galípolo cita surpresa com crescimento econômico e reforça compromisso com meta
Esta foi a primeira vez que Galípolo falou publicamente após ter seu nome aprovado pelo Senado Federal para assumir a autoridade monetária no próximo ano
O diretor de política monetária e futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (14) que o crescimento econômico do país tem superado as expectativas, mesmo diante de um cenário de juros restritivos.
“O crescimento segue surpreendendo, apesar do patamar mais restrito”, disse em participação no evento Itáu BBA Macro Vision 2024, ocorrido em São Paulo.
Ele explicou que as estimativas econômicas no Brasil têm mudado ao longo do tempo. “A gente arranca com uma estimativa original. Ao longo da rota, vai recalculando e as estimativas vão se estabelecendo alguns poucos metros antes de chegar [no alvo]”, comentou.
Galípolo também pontuou que o decreto de meta contínua de inflação, que fixou o alvo em 3%, com tolerância de 1,5% para mais ou para menos, é importante. Apesar disso, as expectativas de inflação permanecem desancoradas, o que preocupa o BC.
De acordo com ele, três fatores principais justificam essa desancoragem, como o “ceticismo” quanto a viabilidade da meta contínua, credibilidade, especialmente no que diz respeito ao futuro com ele como presidente e trocas nas diretorias do BC; e quanto a perspectivas da economia. Mesmo assim, Galípolo afirma que todas elas “tendem a ganhar e perder peso ao longo do tempo”.
Sobre a meta de inflação, o futuro presidente do BC defendeu que a autoridade monetária “nem devesse” votar no Conselho Monetário Nacional (CMN) para defini-la.
“Eu acho que o BC não deveria nem votar no CMN na meta que deveria perseguir. A meta foi estabelecida pelo CMN e cabe ao BC colocar a taxa de juros no patamar necessário para atingir. Diretor do BC não discute meta, ele persegue a meta”, frisou.
Esta foi a primeira vez que Galípolo falou publicamente após ter seu nome aprovado pelo Senado Federal para assumir a autoridade monetária no próximo ano. Ao dizer quais as perspectivas para o futuro, ressaltou a importância de melhorar a comunicação do Banco Central com a sociedade e os mercados.
“O ‘coponês’ é quase um idioma próprio, e quando tenta fazer uma comunicação diferente acaba correndo risco de ter ruídos para quem acompanha de perto”, disse.
“Mas parte dos ruídos se dá por uma opacidade dentro do BC. […] O BC tem um desafio que é tirar o ruído da sociedade e dar mais clareza sobre os processos, sem criar ruído para quem acompanha”, destacou.