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    “Ele, infelizmente, não está colaborando com nada”, diz advogado destítuido por Cupertino

    Julgamento de Paulo Cupertino, réu pela morte do ator Rafael Miguel e seus pais, foi dissolvido e deverá ser remarcado

    Marcos GuedesRafael Villarroelda CNN

    O advogado Alexander Neves Lopes, que foi destituído por Paulo Cupertino durante a sessão do júri popular que aconteceu na tarde desta quinta-feira (10), no Fórum da Barra Funda, disse que o réu “está fazendo um jogo que todo mundo (sic) está comprando”.

    A destituição ocorreu momentos após o depoimento da filha de Cupertino, Isabela Tibcherani.

    Cupertino entendeu que houve uma quebra de confiança entre ele e o advogado durante os depoimentos. Com isso, será necessário constituir um novo advogado.

    Segundo Lopes, o réu alega que fora criado um “circo” para que ele fosse condenado. “Ele infelizmente não está colaborando com nada”, disse.

    O advogado Alexander Neves Lopes, destituído por Paulo Cupertino durante júri • Marcos Guedes/CNN

    A agora ex-defesa ainda afirmou que foi permitido que ele usasse roupas comuns durante o júri e que ficasse sem algemas, porém devido ao seu estado de agressividade, o uso das mesmas se fez necessário.

    Cupertino havia pedido à Justiça para que usasse roupas comuns, ao invés do uniforme da penitenciária, pois assim não haveria um “julgamento antecipado” e assim “não comprometeria sua imagem perante ao corpo de jurados”.

    Para a acusação, a estratégia de destituir o advogado e assim, dissolver o júri, foi algo combinado entre o réu e o corpo defensor.

    “Eu avisei que a defesa iria agir de maneira ardilosa para conseguir impedir este julgamento, foi justamento o que aconteceu hoje, nos 45 do segundo tempo, tira-se o advogado de defesa. O que vai acontecer agora? Vai se abrir um prazo novamente, constituindo um novo advogado e ele não vai constituir um advogado de cara, vai esperar o prazo, onde a defensoria pública vai entrar, daqui uns 40 dias e a defensoria pública vai nomear a nova defesa. No momento que a defensora for determinada, vai ter um prazo novamente aberto, ele vai destituir novamente e vai contratar outros advogados particulares, ou seja, dois, três, quatro meses pra frente, infelizmente”, destacou Ricardo Marinho, advogado da Isabela (filha) e Vanessa Tibcherani (ex-companheira de Cupertino).

    Entretanto, a defesa negou a hipótese, afirmando que, inclusive, o Ministério Público entendeu a situação.

    O Tribunal de Justiça de São Paulo informou todo o processo do julgamento será refeito. Diante do cenário, não há data para um novo julgamento.

    Depoimentos

    Com a destituição dos advogados, os depoimentos foram anulados. Mais cedo, a ex-companheira e mãe da filha de Paulo Cupertino, Vanessa Tibcherani Matias Camargo, confirmou a relação abusiva de pai para filha.

    Vanessa disse ao Júri que Paulo Cupertino tirava a liberdade da filha. A declaração corrobora a tese da promotoria, sob o argumento de que o crime foi premeditado e motivado pela inconformidade de Cupertino com o namoro de sua filha com Rafael Miguel.

    Além disso, a ex-companheira do réu ainda disse que “bebia muito para esquecer” tudo o que aconteceu.

    Após a declaração feita à promotoria, os defensores de Cupertino a questionaram se ela havia bebido nesta quinta-feira (10), para tentar uma desqualificação. Vanessa respondeu que não.

    Durante seu depoimento, no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste da capital paulista, ela afirmou que Cupertino chegou a tomar o celular da filha, Isabela Tibcherani Matias, quando soube que ela estava se relacionando com Rafael. Segundo ela, Cupertino e Isabela nunca se deram bem.

    ex-companheira ainda disse que ele era “mitomaníaco”e evitou dizer seu nome em todo o depoimento. Ela também relatou que foram inúmeros casos de agressões que sofreu. Vanessa e a filha haviam pedido para serem ouvidas sem a presença do réu, o que não aconteceu.

    Já a filha afirmou que foi mantida em cárcere privado por oito meses após seu pai descobrir seu relacionamento com o ex-ator Rafael Miguel.

    Segundo Isabela, Cupertino a isolou completamente, sem acesso ao celular ou contato com outras pessoas.

    “Fiquei presa por oito meses, sem convívio com ninguém, apenas recebendo mensagens de uma amiga”, declarou.

    Ela explicou que ficou confinada em um quarto onde não podia ver a rua.

    “Havia apenas um vitrô no banheiro, que dava diretamente para o comércio do meu pai”, disse.

    Medo e violência

    Isabela contou que, assim que o pai soube do namoro, foi buscá-la na escola, alegando que sua mãe estava machucada.

    “Eu tinha muito medo dele. Ele me xingou de todos os nomes e me trancou em casa”, relatou.

    Durante o depoimento, que durou cerca de 50 minutos, Isabela também detalhou o comportamento violento do pai, acusado do triplo homicídio ocorrido em 9 de junho de 2019.

    “Minha mãe sempre ficava com o rosto inchado, nariz quebrado, marcas de facão nas costas e hematomas pelo corpo”, relatou.

    O crime

    O crime aconteceu em 9 de junho de 2019. Cupertino conseguiu escapar das autoridades por três anos, sendo capturado somente em maio de 2022 em um apartamento na zona sul de São Paulo, após passar por cerca de 100 endereços em pelo menos três países – Brasil, Paraguai e Argentina.

    Segundo a denúncia do Ministério Público de São Paulo, Cupertino mantinha uma relação de posse com a filha, Isabela Tibecherani Matias e não aceitava que a jovem se relacionasse com o ex-ator da novela infantil Rafael Miguel.

    Relembre o assassinato do ator de “Chiquititas” e família

    Os pais do ex-ator, João Alcisio Miguel e Miriam Selma da Silva foram assassinados em frente à casa de Cupertino. O ator também foi morto. A perícia contabilizou ao menos treze disparos. Todos morreram no local.

    Saiba quem são as vítimas do assassino do ator de “Chiquititas”

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