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    Ano de 2023 foi o mais seco da história para os rios do planeta, diz relatório

    Dados divulgados pela Organização Meteorológica Mundial revelaram que Bacia do rio Amazonas está entre os mais afetados das últimas três décadas

    Dayres VitoriaJulia Fariasda CNN* , São Paulo

    O ano de 2023 foi considerado o mais seco dos últimos 33 anos, segundo o novo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), divulgado nesta segunda-feira (7).

    Por conta do calor, diversos rios do planeta foram afetados diretamente, estando a Bacia do rio Amazonas entre as mais prejudicadas pela forte seca.

    Os dados contabilizados comparam índices registrados desde 1991.

    Em comparação com os últimos 33 anos, 2023 ficou, em média, com 1,45°C acima dos níveis pré-industriais. Os anos de 2021 e 2015 ocupam o segundo e terceiro lugar, respectivamente, entre os anos com piores índices de calor apontados.

    Por conta do calor intenso, grandes territórios da América do Sul, inclusive o Brasil, sofreram em 2023 com secas graves e condições de descarga fluvial reduzidas, fenômeno referente ao volume de água que passa em um determinado ponto do rio em um intervalo de tempo.

    Em comparação aos anos anteriores, em 2023, 50% das bacias hidrográficas pelo mundo registraram desvios das descargas fluviais, sendo elas predominantemente inferiores do que pode ser considerado normal. 

    A bacia do rio Amazonas, juntamente com a bacia hidrográfica do Mississipi, que corta os Estados Unidos, registrou recordes negativos nos níveis de água. Entre as duas bacias, o rio Amazonas foi a que registrou níveis mais baixos observados devido às secas graves.

    Em outubro de 2023, o Rio Negro, um dos maiores afluentes do rio Amazonas e considerado o sétimo maior rio do mundo, atingiu a maior seca de sua história e o menor nível já registrado em mais de 120 anos de medição, até então. O recorde foi superado este ano, mas o período atual não foi incluído no levantamento.

    Além disso, a região amazônica sofreu uma perda de armazenamento entre 2022 e 2023.

    A redução dos níveis de água, inferiores ao habitual, também foi expressiva no rio Paraná, no sul do Brasil.

    Ainda de acordo com o relatório, a causa para o calor extremo registrado se deve à transição das condições de La Niña para El Niño, bem como a fase positiva do Dipolo do Oceano Índico (IOD) que contribuíram para as mudanças climáticas, desde chuvas fortes até inundações e secas.

    De La Niña para El Niño

    El Niño e o La Niña são fenômenos climáticos que se caracterizam por alterações na temperatura das águas do Oceano Pacífico. Enquanto o El Niño ocorre com intervalos de dois a sete anos e se caracteriza pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico na região do Equador, o  La Niña corresponde ao contrário do fenômeno, sendo caracterizado pelo esfriamento das águas superficiais do Pacífico e pela queda nas temperaturas globais.

    Ambos afetam diretamente o clima global, podendo resultar em uma série de impactos, entre eles estão o aumento de risco de chuvas fortes e as graves secas em determinados locais do mundo.

    Geleiras afetadas

    Com perda de mais de 600 gigatoneladas (Gt) de água, 2023 também registrou a maior perda de massa de geleiras das últimas cinco décadas, segundo os dados da OMM.

    De acordo com o levantamento, 2023 é o segundo ano consecutivo em que todas as regiões glaciadas do mundo apresentaram perda de gelo. As maiores perdas aconteceram principalmente durante a estação do verão.

    Geleiras na Europa, Escandinávia, Cáucaso, noroeste do Canadá, oeste do Sul da Ásia e Nova Zelândia já passaram do “pico de água”, que ocorre quando há o limite de escoamento máximo por conta do derretimento.

    Já no Andes do Sul (dominados pela região da Patagônia), o Ártico Russo e Svalbard ainda estão em taxas de derretimento crescentes.

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