Declaração de Israel contra Guterres demonstra que o país não vai recuar, diz professora
Decisão de Israel contra António Guterres demonstra que o país não recuará em suas ações, afirma especialista em Relações Internacionais
O ministro das Relações Exteriores de Israel declarou nesta quarta-feira (2) que o secretário-geral da ONU, António Guterres, é considerado persona non grata no país. A decisão marca uma escalada nas tensões entre Israel e as Nações Unidas em meio ao conflito em Gaza.
Em entrevista à CNN Brasil, a professora de Relações Internacionais da ESPM, Denilde Holzhacker, avaliou que essa declaração demonstra que Israel não pretende recuar em suas ações. “Esse processo de acirramento da posição de Netanyahu não é novidade. A novidade é o grau de considerar Guterres uma persona non grata, como ele considerou outros líderes também”, explicou a especialista.
Relação com a ONU e dependência dos EUA
Holzhacker destacou que essa postura indica que Israel não aceitará nenhuma das resoluções do Conselho de Segurança da ONU, convocado para hoje. O país continuará entendendo que tem o direito de atuar conforme seus interesses.
A professora também ressaltou a importância dos Estados Unidos nesse cenário. “Israel depende dos Estados Unidos para proteção. Sem a proteção americana, não conseguiria interceptar os mísseis iranianos com tanta eficácia, apesar de ter uma força militar muito grande”, afirmou.
Cenário político nos EUA
Contudo, Holzhacker alertou para a fragilidade do governo Biden, que enfrenta um processo eleitoral e não tem conseguido conter as ações de Netanyahu. “O governo tem feito um esforço para manter Israel numa situação que não gere uma escalada, em que tenha que envolver os Estados Unidos diretamente na guerra”, explicou.
A especialista concluiu que um envolvimento direto dos EUA no conflito seria um grande problema interno para Biden, especialmente num momento decisivo das eleições americanas.