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    É cedo para falar em inflação global após alta do petróleo, dizem analistas

    Analistas ouvidos pela CNN pontuam que cenário de inflação generalizada depende de como os desdobramentos do conflito irão incidir sobre a produção e distribuição do petróleo no Oriente Médio

    Gabriel Bosada CNN , São Paulo

    A escalada das tensões no Oriente Médio após o Irã lançar centenas de mísseis contra Israel coloca os mercados em alerta pelo risco de alta da inflação global a reboque de uma possível disparada do petróleo.

    Apesar da tensão inicial, analistas ouvidos pela CNN pontuam que ainda é cedo para falar em riscos mais amplos. Para eles, o cenário de alta generalizada dos preços depende de como os desdobramentos do conflito irão incidir sobre a produção e distribuição do petróleo na região.

    O temor de uma guerra aberta fez a cotação do petróleo disparar 5% nessa terça-feira (1º), para depois perder força com a confirmação do fim dos ataques.

    O tipo Brent — usado como referência na maior parte do mundo —, ganhou 2,59%, a US$ 73,56 o barril. Já o preço do WTI subiu 2,44%, a US$ 69,83.

    O Irã é o nono maior produtor de petróleo do mundo, com fatia de 4%, segundo dados da Administração de Informação Energética (EIA, na sigla em inglês), do governo dos Estados Unidos.

    A região, porém, concentra outros grades participantes do mercado: Arábia Saudita (11% da produção global), Iraque (4%) e Kuwait (3%).

    Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, pontua que a tensão entre os dois países precisaria escalar para níveis maiores para gerar impactos no mercado global.

    Como exemplo, ele cita um possível fechamento do Estreito de Ormuz — corredor marítimo que divide o Irã e os Emirados Árabes Unidos —, responsável pelo escoamento de 21% do petróleo global.

    “Precisaria de fato afetar a produção e o abastecimento global para ter um choque de oferta, e então isso gerar pressão maior sobre os preços”, explica Marcatti.

    Os analistas pontuam que picos nas tensões já ocorreram em ocasiões semelhantes nos últimos meses, e que posteriormente o temor de contaminação global dos preços não se concretizou.

    Em abril, o Brent operou nas máximas do ano e chegou a superar a marca de US$ 90, também impulsionado por possíveis riscos da ampliação do conflito na região.

    Gino Olivares, economista-chefe da Azimut, ressalta que o ruído visto nos mercados já era esperado diante da predominância do Oriente Médio na oferta do petróleo.

    O economista, no entanto, afasta a tese de contaminação nos preços diante das recentes quedas do petróleo, com sinais de aumento da produção, receios com a economia na China, entre outros pontos.

    O contexto fez a cotação atingir a mínima do ano em setembro, performando abaixo de US$ 70 o barril.

    “O cenário era mais para excesso de oferta do que oferta de demanda”, diz.

    Rodrigo Cohen, co-fundador da Escola de Investimentos, também descarta a possibilidade de que o cenário no Oriente Médio leve a uma possível reversão do ciclo de cortes dos juros nos Estados Unidos.

    Ele cita a fala do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que nesta segunda-feira (30) indicou desaceleração no corte das taxas após redução de 0,5 ponto. Para Cohen, o Fed pode estar incluindo na trajetória de juros um eventual agravamento dos conflitos no Oriente Médio.

    “Talvez seja um pouco mais lenta esta queda se a guerra for mais longa”, pontua.

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