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    À CNN, coronel Priell Neto defende dobrar efetivo da GCM e triplicar o orçamento para segurança em SP

    O candidato do Novo a vice-prefeito de São Paulo na chapa de Marina Helena falou sobre proposta para segurança pública, arquitetura anticrime e meios alternativos de transporte

    Aline Fernandescolaboração para a CNN , São Paulo

    O coronel da Polícia Militar de São Paulo Priell Neto (Novo), candidato a vice-prefeito na chapa de Marina Helena (Novo), defendeu dobrar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e triplicar o orçamento para segurança urbana na capital paulista.

    A afirmação foi feita nesta segunda-feira (30) em entrevista à CNN, conduzida pela jornalista Muriel Porfiro ao lado dos analistas de Política Julliana Lopes e Pedro Duran.

    Segundo o candidato, o orçamento para segurança em São Paulo – da ordem de R$ 1,2 bilhão em 2024 – “é muito pouco”.

    “Então, [a proposta de governo] é dobrar o efetivo da guarda e triplicar o orçamento”, ele disse.

    O representante do Novo também afirmou que “o turnover [taxa de rotatividade] é muito grande” e que é preciso “diminuir o absenteísmo [faltas ao trabalho] da guarda, que são pessoas que têm problemas emocionais, têm problemas de saúde”.

    Quando questionado sobre a declaração de Marina Helena sobre armar todos os GCMs com fuzis, ele afirmou “que houve uma interpretação equivocada” e defendeu o treinamento específico de uma parte dos agentes.

    “O que a gente defende é equipar a guarda e prepará-la para as ações constitucionais que lhe competem. O fuzil é caro, a munição é cara. Quem vai usar é um público específico, uma unidade especializada, no caso da guarda de São Paulo, é o IOPE, Inspetoria [Regional] de Operações Especiais. É um número pequeno que vai ter o treinamento para determinadas ações”, pontuou.

    Cracolândia e capacitação profissional

    Durante a entrevista, o candidato elogiou o trabalho do Secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL) e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) no combate ao tráfico de drogas na Cracolândia.

    Segundo Priell Neto, pela primeira vez o Estado age no sentido de “sufocar” os pontos de origem dos entorpecentes.

    Após conhecer a história de usuários de drogas desde a infância, ele disse que deixou de ter uma visão repressiva do problema por “sentir o sofrimento” dessas pessoas.

    “Não ter a ponta dos dedos, porque ele está raspando tanto… Ele acha que ele está raspando a pedra, mas ele está raspando o dedo. Ele engatinhar no solo… Por que ele está engatinhando no solo? Ele está tentando pegar uma raspinha de pedra. Eles dormem no bueiro”, observou.

    O candidato defendeu a internação compulsória desses dependentes químicos mediante parecer de autoridades de diversas áreas.

    “Nossa proposta, já adiantando para vocês, é separar o usuário do traficante. É ter internação compulsória sim, mas ouvindo o médico, o psicólogo, o psiquiatra, o neuropsiquiatra, o Ministério Público, a Defensoria Pública, o Tribunal de Justiça, as forças de segurança. Aquele cidadão que já não tem mais noção do que é o certo e o errado, ele precisa ser acolhido, precisa ser tratado”, afirmou.

    Ele também se declarou a favor da contratação de organizações que atuem no local de acordo com uma “taxa de êxito” de reinserção à sociedade.

    “Eu tenho que ter um contrato com você que cada um que você tirar, eu pago mais”, explicou.

    O candidato falou ainda sobre a ideia de capacitação profissional para a população de rua, jovens e ex-presidiários.

    “É um pensamento não só para os jovens. A gente tem que pensar nos egressos do sistema penitenciário, aquele cara que já pagou sua dívida com a sociedade”, ele destacou.

    Segundo Priell Neto, caso seja eleito, cursos profissionalizantes gratuitos estarão disponíveis aos paulistanos por meio de parceria com escolas privadas.

    Segurança urbana e arquitetura anticrime

    Ao comentar outras propostas de governo para a segurança na capital paulista, o candidato destacou a criação de uma plataforma de inteligência batizada de CSI Paulistano.

    “A gente quer criar o CSI Paulistano, que é o Centro de Segurança Integrado semelhante ao COPOM [Centro de Operações da Polícia Militar de São Paulo], que lá teremos multiagência: Defesa Civil, defensoria, assistência social, polícia militar, CET [Companhia de Engenharia de Tráfego], GCM, trânsito, CPTM [Companhia Paulista de Trens Metropolitanos]. Todos os órgãos multiagências como temos no COPOM de São Paulo para cuidar das mazelas da cidade. É para onde o prefeito vai correr no primeiro problema e tentar dar solução”, segundo ele.

    Priell Neto falou também sobre o projeto de utilizar em São Paulo a metodologia de Prevenção ao Crime Através do Design Ambiental (CPTED).

    “Vem da mesma época da teoria das janelas quebradas lá nos Estados Unidos, nos anos 60. É usar a arquitetura e os espaços naturais para diminuir crime. De que forma? Você conseguir fazer que aquele ambiente seja mais visível, mais acolhedor, inibindo ação criminal”, disse.

    “Um exemplo básico, por exemplo, em vez de ter um muro, você tem janelas no fundo do seu condomínio. Opa, tem janela, tem alguém olhando. Não é só câmera. A iluminação natural, a colocação de árvores e tudo mais. Tem uma série de coisas, não é só um retrofit [revitalização], não é só uma fachada ativa”, afirmou.

    De acordo com Priell Neto, a ideia é ter uma equipe multidisciplinar “com arquitetos, engenheiros, não só o pessoal de segurança” para implantar a medida no centro da cidade.

    “Bairros amigos” e mobilidade urbana

    O candidato do Novo falou sobre seu objetivo de criar “bairros amigos” em São Paulo inspirados na experiência americana dos Business Improvement Districs (BIDs – distritos de melhoria de negócios, em tradução livre).

    “É você pegar aquela comunidade e dar um desconto nos impostos, especialmente no IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano] e no ISS [Imposto sobre Serviços], e aquela comunidade zelar por aquele bairro. Nós já pensamos em dois locais de São Paulo, Bom Retiro e a Santa Efigênia [bairros da região central]. Você abaixa o imposto desse pessoal para investir em zeladoria e segurança, fazer boulevard, tornar atrativo aquele lugar”, disse.

    Ele também comentou a iniciativa de reduzir a desigualdade na distribuição de árvores e áreas verdes em São Paulo para evitar o “estresse térmico” da cidade.

    Segundo Priell Neto, a situação “é lamentável principalmente no extremo leste e no extremo norte”, onde a sensação “é horrível” e há a piora de “doenças pulmonares”.

    Ele criticou o tempo que os cidadãos levam no transporte público, principalmente as pessoas que vêm da periferia.

    “Nós queremos regulamentar patinete. A gente quer regulamentar mototáxi. Por que não? Aquela chamada última milha na periferia, que é o cara que mais sofre, que ele fica esperando o ônibus e não vale a pena pôr o ônibus porque a demanda é pequena. Então, o coitado sofre para chegar em casa”, declarou.

    “Não tem que adquirir mais ônibus, tem que mudar o modelo”, completou.

    Bolsonarismo e inspirações na política

    O candidato afirmou não gostar de rótulos mesmo em se tratando dos ideais defendidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

    “Eu não me intitulo bolsonarista, eu não gosto de rótulos e nem gosto de heróis. Eu não me sinto à vontade de ser rotulado de bolsonarista”, disse.

    “Eu congrego de algumas coisas semelhantes a ele, assim como tantas outras pessoas, seja de direita ou de esquerda. Eu acredito em Deus, acredito na família, cresci respeitando minha Pátria, mas eu não posso ser rotulado e não aceito ser rotulado”, de acordo com Priell Neto.

    Quando perguntado sobre os nomes que admira na política, ele citou Tancredo Neves, Itamar Franco e o ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas, todos já falecidos, além do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que segundo ele tem “muito case [histórico empresarial] de sucesso”.

    Atos antidemocráticos e militares candidatos

    O candidato também opinou sobre os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro de 2023 quando foram realizados ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília.

    “Aquilo está sendo apurado ainda, e a gente não consegue entender efetivamente o que ocorreu. Pelas imagens lá, dá a entender que foi uma tentativa de tomar o poder”, disse.

    A respeito da candidatura de militares a cargos eletivos, ele declarou entender que faz parte do processo democrático.

    “O policial militar, ele cumpriu a sua jornada lá já… Eu sou veterano da polícia militar, cumpri as minhas obrigações, tenho um passado que permite participar do processo, e ninguém tem essa maneira reacionária de querer insuflar qualquer outra coisa. É processo democrático. Como um médico pode participar, um dentista, um advogado, um jornalista. Um policial militar vai lá participar, é o direito dele, sem nenhuma perspectiva de adentrar quartel”, de acordo com Priell Neto.

    Ao ser perguntado se gostaria de assumir o comando da segurança na cidade, ele afirmou que, caso a chapa seja eleita, irá “colocar lá uma pessoa técnica capacitada”.

    Segundo o candidato, ele tem interesse em trabalhar na articulação de políticas públicas para pessoas com deficiência na capital paulista, pois “é um universo grande de pessoas que são invisíveis ao poder público municipal” e isso “incomoda bastante”.

    Hostilidade em debates

    Sobre os recentes episódios de agressões durante a disputa eleitoral, ele disse que candidatos têm demonstrado “seu lado mais primitivo” e que a violência vem prejudicando todas as campanhas.

    “Marina quase foi vítima da primeira… Ela por pouco não tomou uma cadeirada, né?”, em referência ao ato do candidato do PSDB, José Luiz Datena, contra o representante do PRTB, Pablo Marçal.

    “Será que o eleitor médio paulistano hoje está em condição de votar, de saber em quem votar, ou ele vai ficar só com essas imagens da violência? E o que a gente passa para as nossas crianças, para os nossos jovens, né?”, questionou.

    Caso a chapa não chegue ao segundo turno, Priell Neto declarou preferir “um desconhecido” como Pablo Marçal aos outros candidatos que aparecem nos primeiros lugares nas sondagens de intenção de voto.

    “O [Guilherme] Boulos [candidato do PSOL], ele tem ideias totalmente diferentes do que eu acredito, então, jamais votaria nele. O [prefeito de São Paulo e candidato do MDB, Ricardo] Nunes, ele já teve a oportunidade de fazer e não fez. Eu prefiro, às vezes, um desconhecido”, disse.

    Vacinação

    Priell Neto afirmou ser “totalmente favorável à vacinação” e disse que ele e sua família foram imunizados contra a Covid-19.

    Ele mencionou a queda dos índices de vacinação na capital paulista e disse que é preciso “investir muito na informação”.

    “O seu direito… É seu corpo e tudo mais, mas você tem que entender que para você garantir a segurança de todos, a vacina tem um papel fundamental”, ele declarou.

    Entrevistas com candidatos

    A CNN exibiu uma série de entrevistas com os candidatos a vice-prefeito de São Paulo.

    Cada entrevista foi transmitida primeiramente ao vivo no canal da CNN Brasil no YouTube, às 15h30, com exibição na televisão no mesmo dia, às 23h30.

    Participaram os candidatos mais bem colocados no agregador de pesquisas eleitorais Índice CNN, selecionados de acordo com o resultado mais recente, com sete dias de antecedência.

    A ordem foi a seguinte:

    As candidatas Marta Suplicy (PT), vice de Guilherme Boulos (PSOL), e Antônia de Jesus (PRTB), vice de Pablo Marçal (PRTB), decidiram não participar. Suas entrevistas foram marcadas, respectivamente, para os dias 23 e 25 de setembro.

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