Governo quer ampliar redes habilitadas em transplante de órgãos, diz ministra da Saúde
Há dois estados que não efetuam operações; região Norte tem o maior vazio assistencial
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse nesta sexta-feira (27) que o governo quer ampliar o número de estabelecimentos habilitados no país para a realização de transplantes de órgãos. O Norte tem o maior vazio assistencial, com apenas 11 redes capacitadas.
Na região, Amapá e Roraima não têm redes assistenciais de transplantes de órgãos, de acordo com o Ministério da Saúde. Já Tocantins é habilitado somente para transplante de córnea.
No Brasil, há 388 estabelecimentos habilitados para transplantar órgãos e 428 especializados no de córnea. A maior parte é especialista no transplante de rins (175) e de fígado (102).
O maior déficit da rede é o transplante de pulmão. Só quatro unidades da Federação têm estabelecimentos especializados no procedimento: Ceará, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Segundo o Ministério da Saúde, a recusa familiar é o principal motivo para a não efetivação da doação de órgãos no Brasil.
“Tem que ser uma mobilização de toda a sociedade. Desde a constituição de 1988, muito se debateu sobre quais seriam os caminhos para ampliar essa doação. Creio que possamos ir avançando nessa direção. Neste momento, os diálogos com as famílias são algo central”, disse Nísia no lançamento da campanha nacional de incentivo à doação de órgãos.
De janeiro a junho, foram investidos R$ 718,4 milhões em doação, transplantes e exames no Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2023, R$ 1,3 bilhão foram investidos no SUS.
No primeiro semestre de 2024, o Brasil contabilizou 7.397 potenciais doadores, mas só 1.977 se tornaram doadores efetivos. No ano passado, 25.284 transplantes de órgãos e de córneas foram realizados.
Há 44.626 pessoas na lista de espera por órgãos e 29.658 esperam por córnea. Leia:
- Rim (55,5%): 41.255
- Córnea (39,9%): 29.658
- Fígado (3,1%): 2.311
- Coração (0,6%): 429
“Sabemos o quanto o tema esteve na mídia em função de todo o cuidado necessário do apresentador Fausto, mais conhecido como Faustão. Tive muito contato com a família. […] Ao mesmo tempo que deveríamos celebrar o aumento no número de transplantes e o aumento dos investimentos, nós temos grande preocupação com essas quase 45 mil pessoas na fila de transplantes”, afirmou a ministra.