Pochmann rebate servidores e diz ter respaldo ministerial no IBGE
Na sexta-feira (20), o Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatística (Assibge) anunciou uma convocação de ato na semana que vem em frente à sede do IBGE
O presidente do IBGE, Marcio Pochmann, divulgou nesta segunda-feira (23) um “comunicado da presidência” na qual rebate o movimento dos servidores que pedem sua exoneração e diz ter respaldo ministerial para as mudanças que vem promovendo no órgão.
No texto, ele diz que uma de suas medidas mais contestadas, a criação do IBGE+, teve apoio do Ministério da Gestão, comandado por Esther Dweck, do Planejamento, de Simone Tebet, e de Ciência e Tecnologia, chefiado por Luciana Santos.
Pochmann declara na carta que o IBGE+ foi “outra urgência assumida diante da restritiva situação orçamentária que contou com a sustentação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), com o reconhecimento do IBGE como Instituição de Ciência e Tecnologia” e que “o Ministério do Planejamento e Orçamento aprovou a constituição legal da nova fundação pública de direito privado, e o IBGE passou a contar com a Fundação IBGE+”.
Ainda segundo ele, “recentemente foi apresentado para o Conselho Diretor do IBGE o Estatuto da Fundação IBGE+, bem como a estrutura do seu Conselho Fiscal e Conselho Curador, esse último com previsão de processo de votação interna para um(a) representante dos servidores da instituição”.
De acordo com carta divulgada por servidores na sexta-feira, o IBGE+ é “uma entidade de apoio de direito privado, implementada sem qualquer diálogo com os trabalhadores”.
Pochmann também cita a pasta de Esther Dweck para justificar outras medidas criticadas pelos servidores: mudanças no regime de trabalho e transferência de funcionários para o prédio do Serpro no Horto.
“Em 2024, diante de um cenário austero nos limites orçamentários para todos os órgãos públicos, essa gestão focou na necessidade de rever suas despesas de infraestrutura, centrando atenção nos gastos com aluguéis, que alcançam um percentual elevado da execução orçamentária anual.
Tal inciativa está consubstanciada com o apoio do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), tendo em vista que o IBGE integra o Projeto Racionaliza de ocupação otimizada e compartilhada dos imóveis da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, que permite tanto melhorar as condições de trabalho como recuperar os prédios pertencentes ao IBGE”, diz.
Ele escreve ainda que “também se faz necessário atentar para que, em consonância com o Ministério da Gestão, que conduz o maior concurso público da História de 88 anos do IBGE, a necessidade de todos os colegas ibegeanos e ibgeanas estarem presencialmente na instituição duas vezes por semana, com foco na recepção, orientação e integração do conjunto dos novos servidores aprovados nesse concurso”. E que “tal retorno parcial também objetiva a participação efetiva do corpo de funcionário no cumprimento do Plano Anual de Trabalho, compromisso assumido junto ao Ministério do Planejamento”.
Sobre as críticas de falta de diálogo, ele destaca as “frequentes reuniões democráticas com o sindicato nacional do IBGE que foram realizadas em pouco mais de treze meses de gestão, cujo apoio inegável da atual gestão do Instituto às reivindicações históricas dos funcionários e representadas pelo sindicato permitiu alcançar, por exemplo, a recuperação dos salários dos servidores permanentes e temporários”.
Na sexta-feira (20), o Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatística (Assibge) anunciou uma convocação de ato na semana que vem em frente à sede do IBGE, no Rio de Janeiro.
A manifestação “exigirá que o presidente do IBGE, Márcio Pochmann, altere o comportamento autoritário que tem marcado suas ações recentes e estabeleça um real processo de diálogo com os servidores em relação as diversas alterações em curso no Instituto”.
A CNN tenta contato desde sexta-feira com Pochmann, mas ele não respondeu aos contatos.
Os Ministérios do Planejamento, da Gestão e da Ciência e Tecnologia também foram procurados sobre o comunicado desta segunda-feira, mas não se posicionaram ainda.