Análise: O agravamento da crise entre Venezuela e Espanha
Governo venezuelano convoca embaixador espanhol em Caracas para consultas após Espanha dar refúgio a Edmundo González, candidato da oposição nas últimas eleições
A tensão diplomática entre Venezuela e Espanha atingiu um novo patamar nesta semana após o governo venezuelano convocar o embaixador espanhol em Caracas, Ramón Santos, para consultas.
A decisão surge em meio à escalada do conflito entre os dois países, desencadeada pela concessão de refúgio ao opositor venezuelano Edmundo González pela Espanha.
O ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Yván Gil, justificou a convocação do embaixador espanhol citando uma declaração da ministra de Defesa da Espanha, Margarita Robles, que classificou a Venezuela como uma “ditadura” na última quinta-feira. Gil descreveu o comentário como “rude, inconveniente e intervencionista”.
Além disso, a representante venezuelana em Madri, Gladys Gutierrez, também foi chamada de volta a Caracas para consultas.
Estas ações diplomáticas ocorrem após a Espanha conceder refúgio a Edmundo González, candidato da oposição nas recentes eleições venezuelanas, cuja prisão foi ordenada pela justiça do país sul-americano.
Reações internacionais e sanções
A crise não se limita apenas à relação bilateral entre Venezuela e Espanha. Nesta sexta-feira, a Suprema Corte de Justiça da Venezuela, controlada pelo governo chavista, repudiou as sanções impostas pelos Estados Unidos a 16 aliados de Maduro, acusados de supostas fraudes no pleito que reelegeu o presidente para um terceiro mandato.
Em uma demonstração de preocupação internacional, mais de 40 países da ONU apresentaram uma declaração conjunta na quinta-feira, exigindo que o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela publique imediatamente as atas eleitorais e permita a verificação dos dados.
As atas foram colocadas em sigilo pela Justiça venezuelana após uma investigação solicitada pelo presidente Maduro, que considerou legítimo o resultado da eleição realizada em 28 de julho.
Analistas internacionais, como o doutor em Estudos Estratégicos Internacionais Ricardo Salvador De Toma, avaliam que a saída forçada do candidato opositor do país pode levar a uma escalada na convulsão social e possível erosão da ordem social na Venezuela.
A situação atual evidencia a relutância do regime de Maduro em aceitar cenários de negociação, mesmo diante de propostas de mediação de países vizinhos como Brasil e Colômbia.
A comunidade internacional continua a pressionar por uma resolução democrática para a crise venezuelana, com as sanções impostas pelos Estados Unidos sendo vistas como um instrumento de pressão que, embora controverso, visa afetar diretamente as elites governantes do país.