Controle de queimadas do Brasil é fraco e despreparado, diz ex-ministro da Agricultura
Blairo Maggi critica falta de investimentos em pessoal e equipamentos para combate a incêndios, destacando a necessidade de mudanças na política ambiental
O ex-ministro da Agricultura e Pecuária Blairo Maggi fez uma dura avaliação sobre o controle de queimadas no Brasil, classificando-o como “fraco e despreparado”. Em entrevista ao WW da CNN Brasil, Maggi destacou a falta de investimentos no setor como principal causa dessa deficiência.
Segundo o ex-ministro, o país carece de estruturas adequadas de bombeiros, principalmente considerando a vastidão do território nacional e as dificuldades de acesso a muitas áreas. Ele ressaltou a escassez de equipamentos especializados: “Muito poucos aviões preparados para atacar incêndios, os aviões que estão sendo utilizados são helicópteros e usados no dia a dia, são aviões agrícolas para fazer pulverização aérea, não são equipamentos próprios”.
Mudanças climáticas e responsabilidade governamental
Maggi enfatizou que as mudanças climáticas são uma realidade quase definitiva e que o Brasil precisa se adaptar urgentemente. Ele argumentou que a responsabilidade pelos incêndios não pode ser atribuída a governos específicos, mas sim à falta de uma política eficaz de longo prazo.
“Não são os governos que fazem as coisas, né? A natureza são as pessoas que estão na economia”, afirmou o ex-ministro, sugerindo que é necessária uma mudança de consciência entre todos os envolvidos no setor.
Reputação internacional em risco
Recordando uma entrevista dada em 2019, quando expressou preocupação com um possível boicote ao Brasil devido à sua reputação ambiental, Maggi observou que a situação piorou desde então. Ele criticou o discurso agressivo do governo anterior em relação às questões ambientais, que, embora não tenha resultado em mudanças significativas nas políticas, causou danos à imagem do país no exterior.
“Embora as mudanças não foram significativas, mas o discurso foi muito ruim para a época e agora precisamos recuperar esse tempo”, concluiu Maggi, ressaltando a importância de reconstruir a credibilidade ambiental do Brasil no cenário internacional.