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    Vini Jr à CNN: “Faltam oportunidades para pessoas pretas em todos os meios”

    Astro do Real Madrid destacou que "em um futuro próximo" quer ver mais pessoas pretas em cargos de liderança, não só dentro do futebol

    Natanael OliveiraJuliano PassaroDarren Lewisda CNN

    Candidato à Bola de Ouro e uma das principais vozes na luta contra o racismo no esporte (e consequentemente fora dele também), Vini Jr destacou, em entrevista à CNN, que faltam pessoas pretas em posições de liderança tanto dentro quanto fora do esporte.

    “No Brasil, nós falamos muito sobre isso, porque tem um ou dois treinadores que são pretos. Os árbitros, na maioria, são pessoas brancas. Os diretores são pessoas brancas. Na Uefa ou na Fifa, a maioria é de pessoas brancas”, afirmou Vini Jr.

    O astro do Real Madrid pediu que sejam dadas mais oportunidades para pessoas pretas, mas ressaltou que já vê uma mudança neste sentido dentro da sociedade em relação ao passado. Ele crê que, em breve, possamos ver mais negros em cargos de liderança, inclusive presidentes.

    Temos que dar mais oportunidades para as pessoas pretas. […] Nem sempre foi assim, mas as coisas têm mudado e, se Deus quiser, em um futuro bem próximo, poderemos ter mais presidentes pretos, pessoas pretas não só no futebol, no esporte, mas em todos os meios”, disse Vini.

    De Pelé a Bolt

    Durante a entrevista exclusiva à CNN, o atacante da Seleção Brasileira ainda exemplificou ao citar diversos atletas pretos que fizeram história nos seus respectivos esportes, mas reiterou que ainda não vê a mesma representatividade em outros meios.

    No esporte é muito fácil ter pessoas pretas, porque o maior jogador de futebol foi o Pelé, e ele foi preto. O maior jogador de basquete de todos os tempos é o Michael Jordan, e ele é preto. O maior corredor de todos os tempos de atletismo foi o Usain Bolt, e ele é preto.

    Vinicius Jr. em entrevista à CNN

    Apesar da falta de representatividade em outras áreas, o brasileiro acredita que, com medidas concretas, o quadro possa ser alterado.

    “Com as coisas que nós estamos fazendo, podemos, sim, ter uma união com muito mais pretos [em todos os meios] espalhados pelo mundo”, avaliou Vini.

    A luta de Vini Jr contra o racismo

    O camisa 7 da equipe comandada por Carlo Ancelotti foi alvo de racismo em diversas ocasiões desde que chegou a Espanha. O primeiro caso ocorreu em 21 de outubro de 2021, durante um clássico contra o Barcelona, no Camp Nou – o Real Madrid venceu o confronto por 2 a 1.

    Na ocasião, um torcedor do Barcelona fez ataques racistas enquanto o brasileiro caminhava pela lateral do gramado após ser substituído, aos 43 minutos do segundo tempo. O racismo foi denunciado às autoridades, mas o caso foi arquivado porque não conseguiram identificar o agressor.

    Desde então, casos de racismo contra Vinicius Jr vêm sendo recorrentes na Espanha. Um dos casos mais famosos aconteceu em 21 de maio de 2023, em um confronto contra o Valencia, no estádio Mestalla, válido pela LALIGA.

    À época, o brasileiro confrontou torcedores da equipe adversária que o insultavam aos 24 minutos do segundo tempo. O jogo chegou a ser paralisado devido aos ataque racistas contra o atacante do Real.

    Vini Jr. celebra gol contra o Valencia com gesto antirracista
    Vini Jr. celebra gol contra o Valencia com gesto antirracista • Reprodução/Twitter @LALIGABRA

    Após a partida, Vinicius publicou nas redes sociais que “não foi a primeira vez, nem a segunda, nem a terceira” e que o racismo “é normal em La Liga”.

    No dia 17 de junho de 2023, um mês após Vini Jr ter sido alvo de ataques racistas por parte de torcedores do Valencia, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) promoveu uma série de medidas para se posicionar contra o racismo.

    A Seleção Brasileira entrou em campo vestindo um uniforme preto, pela primeira vez em sua história, contra a Guiné.

    Vini Jr em jogo da Seleção contra Guiné
    Uniforme preto da CBF utilizado pela Seleção Brasileira na partida contra Guiné fez parte de uma série de medidas contra o racismo da entidade • Getty Images

    Mais de um ano após o caso, em 10 de junho de 2024, a LALIGA anunciou a prisão de três torcedores do Valencia por conta dos atos racistas contra Vini Jr. O trio foi condenado a oito meses de prisão e banido por dois anos dos estádios – a sentença foi a primeira condenação por racismo em estádios da Espanha.

    Vini Jr se tornou uma das principais bandeiras mundiais na luta antirracista. O candidato à Bola de Ouro frequentemente promove ações contra o racismo e utiliza de sua influência para dar ainda mais luz à questão.

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