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    Waack: Na briga com Musk, STF embarca em espiral sem fim

    Dá a impressão de que o país inteiro tem apenas um juiz, com sua própria interpretação das normas jurídicas

    William Waack

    Como era esperado, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve, por unanimidade, a suspensão da plataforma X no Brasil, decisão tomada pelo ministro Alexandre de Moraes. Trata-se de mais um ciclo em uma espiral cujo término é incerto.

    Essa situação perdura desde 2019, quando começou o inquérito presidido por Moraes para investigar milícias digitais e fake news. Na verdade, o ministro investiga o que bem entender.

    Medidas que eram excepcionais para enfrentar uma situação igualmente excepcional – a contestação aberta do Supremo como instituição – transformaram-se em nosso novo normal, no qual alguém que é vítima, como o Supremo, tem o poder de investigar e julgar.

    Dá a impressão de que o país inteiro tem apenas um juiz, com sua própria interpretação das normas jurídicas.

    Existem argumentos técnicos que justificam, por exemplo, a suspensão da plataforma X – afinal, quem opera no Brasil precisa ter um representante, conforme previsto em lei.

    No entanto, causa enorme apreensão bloquear a conta de uma empresa ligada ao mesmo proprietário do X, sem considerar determinados procedimentos.

    Além disso, é claramente abusivo penalizar usuários da ferramenta VPN que acessam o X onde ele é legal, como se o STF quisesse estabelecer jurisdição fora do país.

    A questão, no entanto, é essencialmente política, e não meramente técnica. Ao se tornar mais uma instância política no contexto do desarranjo institucional brasileiro, o STF foi arrastado para essa espiral.

    No caso específico, trata-se de uma espiral que ameaça piorar o já difícil ambiente brasileiro de insegurança jurídica.

    O dano maior é a ameaça dessa espiral à autoridade e, consequentemente, à legitimidade do próprio Supremo.

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