Brasil gastou cerca de R$ 4,7 trilhões com juros em 10 anos, diz Fiesp
Alta taxa de juros preocupa industriais, que alegam dificuldades nos investimentos e ameaça ao futuro do setor
De acordo com cálculos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), nos últimos dez anos, o país gastou aproximadamente R$ 4,7 trilhões apenas com juros.
O número supera os gastos com educação, saúde e infraestrutura no mesmo período.
O assunto foi amplamente discutido durante um encontro de empresários em São Paulo.
Os setores produtivos argumentam que a atividade econômica está sofrendo com o atual patamar da taxa básica de juros (Selic), que se mantém em 13,75% ao ano nas últimas três reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).
Impacto nos investimentos e competitividade
Representantes da indústria alegam que manter a taxa elevada por muito tempo dificulta os investimentos e o acesso ao crédito, podendo comprometer o futuro do setor.
Marco Saltini, vice-presidente da Firjan, declarou: “O Brasil tem uma das maiores taxas no mundo. Isso não ajuda ninguém, mas a gente precisa ter as condições efetivas para que isso seja realmente equacionado e que possamos ter padrões mundiais como queremos para uma indústria”.
Em um ranking mundial, a taxa de juros real no Brasil, aquela que desconta a inflação, ocupa a terceira posição mais alta, ficando atrás apenas da Turquia e da Rússia.
Essa posição desfavorável tem consequências diretas na competitividade da indústria brasileira no cenário global.
O fenômeno do rentismo
Rafael Lucchese, diretor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), alertou para o rentismo, incentivado pela alta taxa de juros.
Segundo ele, o fenômeno cria ganhos de renda que não contribuem para a produção, representando uma desvantagem significativa para um setor que já enfrenta desafios de competitividade.
A situação atual demanda uma reflexão profunda sobre as políticas monetárias e seus impactos no setor produtivo.
A indústria brasileira busca condições mais favoráveis para investir, inovar e competir em escala global, enquanto procuram um equilíbrio entre o controle da inflação e o estímulo ao crescimento econômico sustentável.