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    Saguis utilizam nomes para se comunicarem uns com os outros, afirma estudo

    Assim como os elefantes africanos, estes macacos são capazes de identificarem quando são abordados

    Lianne Kolirinda CNN

    Os saguis podem se comunicar uns com os outros pelo nome e saber quando estão sendo abordados, juntando-se a uma pequena lista de espécies com tal comportamento, de acordo com um novo estudo.

    Esses macacos usam chamados específicos, conhecidos como “phee-calls”, para chamar uns aos outros, o que os cientistas dizem ser um padrão de comportamento “altamente cognitivo”, observado apenas anteriormente em humanos, golfinhos e elefantes.

    A descoberta, feita por uma equipe da Universidade Hebraica, é descrita em um estudo publicado quinta-feira (29) na revista Science.

    “Esta é a primeira vez que vemos isso em primatas não humanos”, disse David Omer, autor principal e professor assistente do Safra Center for Brain Sciences (ELSC) da universidade, à CNN.

    Os primatas que vivem em árvores são animais altamente sociais e vivem em pequenos grupos na América do Sul, mas os pesquisadores coletaram dados em uma instalação de animais na universidade em Israel.

    “O experimento foi muito simples”, disse Omer. “Nós apenas posicionamos dois saguis na mesma sala e posicionamos uma barreira visual entre eles. Quando você faz isso, eles começam a dialogar espontaneamente”.

    A equipe do pesquisador gravou conversas naturais entre pares de saguis, bem como interações com um sistema de computador, o que os levou a concluir que os saguis se dirigiam a indivíduos específicos com os “chamados phee”. Além disso, os animais conseguiam discernir quando estavam sendo chamados e respondiam com mais precisão nessas ocasiões.

    Dez saguis de três grupos familiares diferentes foram gravados se comunicando durante o processo, destacando “a complexidade da comunicação social entre saguis”, acrescentou Omer em um comunicado à imprensa.

    “Até agora, pensávamos que a vocalização de primatas não humanos é um tipo de comunicação geneticamente determinado e não flexível. Mas agora vemos que os saguis são capazes de uma produção extremamente flexível de vocabulário”, disse David Omer à CNN.

    De acordo com o estudo, os saguis dependem muito da visão, mas também exibem uma “complexa gama de chamados sociais” — dos quais o “chamado phee” é um. Os chamados são geralmente usados ​​para se comunicar quando estão fora da vista um do outro.

    Um bebê sagui envolvido no estudo realizado por uma equipe da Universidade Hebraica. • David Omer Lab

    Além de usar diferentes chamados para diferentes indivíduos, os saguis também foram capazes de distinguir entre chamados direcionados a eles e chamados não direcionados.

    Eles foram interpretados anteriormente como um método de “autolocalização”, de acordo com Omer  — em outras palavras, uma maneira de comunicar sua posição com os outros. Mas, o novo estudo mostrou que os sons foram usados ​​como “chamados específicos para rotular e se dirigir a indivíduos específicos”.

    A investigação também revelou que os saguis do mesmo grupo familiar usaram “rótulos vocais semelhantes para se dirigir a diferentes indivíduos” e também empregaram “características sonoras semelhantes para codificar nomes diferentes”, acrescenta o comunicado. Essa prática, de acordo com o estudo, se assemelha ao uso de nomes e dialetos em humanos.

    Curiosamente, o padrão de aprendizagem também pode ser visto com saguis adultos que não eram parentes de sangue, sugerindo que eles aprendem rótulos vocais e dialetos de outros membros do mesmo grupo.

    “Podemos dizer com certeza que houve um processo de aprendizagem ocorrendo aqui — para que eles aprendam os nomes dos membros da família — e que não é genético”, explicou o pesquisador.

    Omer e seus colegas acreditam que sua pesquisa fornece novos insights sobre como a linguagem humana e a comunicação social podem ter evoluído.

    “Até agora, pensávamos que a linguagem humana era um fenômeno do big bang que acontecia do nada e apenas em humanos — o que é uma contradição completa à teoria evolucionária”, ainda afirmou.

    “Esta descoberta, juntamente com outras descobertas, sugere pela primeira vez que houve precursores para o desenvolvimento da linguagem em primatas não humanos e podemos encontrar evidências de um processo evolucionário”.

    O caso dos elefantes africanos

    No início deste ano, outro estudo descobriu que os elefantes africanos podem se dirigir uns aos outros usando chamadas individualizadas que lembram os nomes pessoais usados ​​pelos humanos.

    O principal autor desse estudo, Mickey Pardo, um especialista em comportamento animal e pesquisador de pós-doutorado na Universidade Cornell em Nova York, disse à CNN que o artigo sobre o sagui era “um trabalho experimental muito completo”, que “desafia a ideia antiga, mas ultrapassada, de que os humanos são os únicos primatas capazes de aprendizado vocal”.

    No entanto, Pardo expressou ressalvas sobre a ideia de “que diferentes saguis usam o mesmo nome para o mesmo receptor”. Ele disse que sua equipe chegou a uma conclusão semelhante em seu estudo sobre elefantes antes de conduzir mais pesquisas que minaram suas descobertas.

    “Quanto mais espécies pudermos descobrir que tenham nomes ou algo semelhante, mais oportunidade teremos de usar o método comparativo para aprender sobre as pressões de seleção que podem ter impulsionado a evolução dos nomes em nossa própria espécie”, afirmou Mickey Pardo.

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