Eduardo Paes diz à CNN que quer aumentar efetivo, manter escala e armar parte da Guarda Municipal
O candidato do PSD a prefeito do Rio de Janeiro falou sobre escala e armamento da Guarda Municipal, vagas em creches e transformação do Rio em cidade-esponja
O prefeito do Rio de Janeiro e candidato à reeleição pelo PSD, Eduardo Paes, disse querer aumentar o efetivo da Guarda Municipal, manter a escala de trabalho atual dos agentes e permitir que parte da corporação trabalhe armada.
A declaração foi feita nesta sexta-feira (30) em entrevista à CNN, conduzida pela jornalista Muriel Porfiro ao lado dos analistas de política Caio Junqueira e Julliana Lopes.
O candidato falou que o efetivo “tem que ser aumentado”, mas não entrou em detalhes sobre a quantidade ideal de agentes em atuação.
Segundo Eduardo Paes, “essa que nós temos hoje é a escala adequada, 12 x 36 [12 horas trabalhadas e 36 horas de descanso], né? Ali, você pode ter variações disso também, a partir de determinadas circunstâncias”.
Para o candidato à reeleição, “uma parte de elite dessa Guarda Municipal, cerca de 900 homens” devem andar armados, “mas nunca para essa missão de liberar o território. Esse é um papel que as forças policiais já podiam estar cumprindo”, afirmou.
Ele comentou também a necessidade de treinamento dos profissionais: “que uma parte da Guarda possa usar armamento com muito treinamento, com muito critério. Senão nós vamos ter mais uma turma despreparada nas ruas armados”.
Posição nas sondagens
O candidato do PSD afirmou não se pautar por pesquisas de intenção de voto.
“Pesquisa boa não me deixa muito animado, nem pesquisa ruim me deixa muito triste”, segundo ele.
Eduardo Paes disse que o fato de estar à frente nos levantamentos se deve à análise da população sobre a gestão dele.
“Você estando na Prefeitura, né? Tem muito a ver com o governo e os serviços públicos estarem funcionando de maneira adequada. É uma avaliação daquilo que a gente fez ao longo desses últimos três anos e meio e as perspectivas para o futuro”, afirmou.
Apoio de Lula
Eduardo Paes mencionou ainda sobre o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à sua candidatura.
“Lula é meu aliado, né? Mas nós não pensamos igual em tudo”, disse.
Segundo o representante do PSD, o presidente está fazendo “um bom governo” e a relação com Lula não é “de subordinação,”, mas “de parceria”.
Ele citou o apoio a um pedido para incentivar operações de companhias aéreas no Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, conhecido como Galeão, na Ilha do Governador, zona norte da cidade.
“Uma decisão importante que o governo federal tinha que tomar em relação ao aeroporto do Galeão, que estava quase fechando. O presidente Lula tomou a partir da nossa parceria, do nosso diálogo. E hoje o Galeão retomou completamente a sua capacidade voos internacionais”, concluiu.
Polarização
De acordo com Eduardo Paes, apesar da tendência de divisão política em nível nacional, “o eleitor é suficientemente inteligente” para diferenciar a situação em âmbito municipal.
“Eu acho que a população, ela não mistura a eleição presidencial com eleição municipal, né? Eu acho que as pessoas olham para a realidade das suas cidades na eleição municipal”, afirmou.
“Não é nem o Lula, nem o Bolsonaro que vão governar a cidade do Rio de Janeiro. Quem vai governar é o prefeito eleito, quem vai sentar na cadeira, quem vai tomar as decisões é o prefeito eleito, aquele que vai cuidar do dia a dia das pessoas”, ele declarou.
Espectro político e eleições de 2026
O candidato do PSD afirmou que se vê como um “político mais ao centro”, que privilegia “solução para os problemas”.
“Eu acredito na livre iniciativa, acredito em concessões, em parceria público-privada, mas teve uma necessidade aqui no Rio… Uma das maiores crises que nós enfrentamos tem a ver com transporte. A rede de BRT [Bus Rapid Transit, transporte rápido por ônibus] que nós construímos aqui tinha sido destruída e eu encampei e criei uma empresa pública para tocar o BRT”, ele exemplificou.
Por outro lado, “a iluminação pública do Rio de Janeiro, hoje, é uma parceria público-privada muito bem-sucedida”, segundo Paes, que destacou tentar não se prender a “ideologias”.
Ao ser questionado se iria deixar o cargo, caso reeleito como prefeito, para tentar ser governador em 2026, Paes afirmou que pretende completar o mandato.
“Eu gosto de ser prefeito do Rio de Janeiro, eu tenho muito amor à minha cidade. Eu me esforço muito, trabalho muito, né? Tenho muito orgulho da função de prefeito do Rio de Janeiro, portanto, eu sou candidato à reeleição para ser prefeito do Rio de Janeiro até o final do meu mandato”, disse.
Fila de espera nas creches
Em relação à multa de R$ 2 bilhões aplicada pela Justiça à Prefeitura do Rio este ano por não zerar a fila das creches, Paes atribuiu a dificuldade de atingir a meta à migração de alunos da rede particular para o sistema público.
“O que você tem acontecendo é um fenômeno, que é uma migração. A partir do momento que você oferta espaços de desenvolvimento infantil com qualidade, creches com qualidade, a classe média que está ali apertada pagando uma creche particular, escola particular, ela acaba indo para a pública”, argumentou.
Segundo o candidato, neste momento, faltam sete mil vagas na educação infantil do município, e a ideia para chegar ao déficit zero é a ampliação de parcerias com creches conveniadas.
“O que eu adotei nesse governo como estratégia para ampliar o número de vagas em creches de maneira muito rápida foi fazer com creches conveniadas. Então, a nossa ideia é tentar suprir ainda no início do ano que vem, ampliando, abrindo editais”, disse.
“Eu estou me comprometendo até a criar mais vagas do que é o déficit nesse momento. Nós estamos nos comprometendo com 13 mil vagas em creche, né? Porque a gente já imagina que vá haver uma migração de pessoas que estão hoje em creches particulares para a creche pública”, finalizou.
Mudanças climáticas
A respeito das ações contra enchentes, o candidato afirmou que as chuvas “sempre aconteceram no Rio de Janeiro. É óbvio que as mudanças climáticas fazem com que a frequência dessas chuvas seja maior”.
Já sobre uma lei sancionada parcialmente por ele este ano, que trata da transformação do município em uma cidade-esponja para conter alagamentos, Paes disse que a cidade é uma referência no que chamou de “resiliência urbana”.
“Esses centros de operações que as prefeituras, que os governos estão abrindo pelo Brasil, são uma cópia daquilo que nós fizemos aqui em 2010. A prefeitura tem um sistema, o primeiro sistema de alerta em áreas de risco de sirenes com pluviômetros, que hoje é copiado por todo o Brasil, em São Paulo, no Rio Grande do Sul”, pontuou.
Presença de Chiquinho Brazão
O candidato também falou sobre ter nomeado o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido) como secretário especial de Ação Comunitária em sua gestão.
Brazão está preso desde março, acusado de ser um dos mandantes da morte da vereadora carioca Marielle Franco em 2018.
Paes disse que a nomeação foi um “acordo político” com o partido Republicanos e que ele errou na decisão. “Eu errei completamente, né? Óbvio que eu errei”.
Segundo ele, “não havia suspeitas sobre o nome” à época. “À medida que começaram a surgir boatos, eu solicitei ao Republicanos que o retirasse. Ele saiu da secretaria, foi substituído, né? E assim, eu o que eu posso dizer? Que eu errei”, afirmou.
Ele ainda lembrou o apoio que tem atualmente da família de Marielle, como a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco (PT).
Relação com Cláudio Castro
Ao ser questionado como será a relação com o governo estadual, se for reeleito, após trocas de farpas com Cláudio Castro (PL) – que apoia a candidatura do adversário na disputa, Alexandre Ramagem (PL) – Paes disse que, da parte dele, não existiram “ofensas”.
Ele argumentou ainda que, no processo eleitoral, “as coisas têm que ser ditas”, mas afirmou que que os dois são “políticos maduros” que irão trabalhar “em conjunto”.
Entrevistas com candidatos
A CNN realizou nesta semana uma série de entrevistas com os candidatos à Prefeitura do Rio de Janeiro.
Cada entrevista foi transmitida primeiramente ao vivo no canal da CNN Brasil no YouTube, às 15h30, com exibição na TV no mesmo dia, às 23h30.
Participaram os mais bem colocados no agregador de pesquisas eleitorais Índice CNN, selecionados de acordo com o resultado mais recente, com sete dias de antecedência.
A ordem foi a seguinte:
- Quarta-feira (28) – Tarcísio Motta (PSOL)
- Quinta-feira (29) – Alexandre Ramagem (PL)
- Sexta-feira (30) – Eduardo Paes (PSD).