China diz que sanções dos EUA por guerra na Ucrânia são “ilegais e unilaterais”
Washington tem advertido repetidamente Pequim sobre seu apoio à base industrial de defesa da Rússia
A China classificou as sanções impostas pelos Estados Unidos às suas entidades por causa da guerra na Ucrânia de “ilegais e unilaterais” e “não baseadas em fatos”, em comentários feitos na terça-feira (27), antes da chegada do assessor de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, a Pequim para dias de conversas de alto nível.
Na semana passada, os Estados Unidos impuseram sanções a mais de 400 entidades e indivíduos por apoiarem o esforço de guerra da Rússia na Ucrânia, incluindo empresas chinesas que, segundo as autoridades norte-americanas, ajudam Moscou a contornar as sanções ocidentais e a construir suas Forças Armadas.
Washington tem advertido repetidamente Pequim sobre seu apoio à base industrial de defesa da Rússia e já emitiu centenas de sanções com o objetivo de restringir a capacidade de Moscou de explorar determinadas tecnologias para fins militares.
O enviado especial da China para assuntos eurasiáticos, Li Hui, que participou de quatro rodadas de diplomacia, manifestou oposição às sanções em uma reunião para diplomatas em Pequim, após a mais recente rodada de encontros com autoridades de Brasil, Indonésia e África do Sul.
“Um determinado país usa a crise … para transferir a culpa em uma tentativa de fabricar a chamada teoria da responsabilidade da China e ameaça os países que têm laços econômicos e comerciais normais com a Rússia com sanções ilegais e unilaterais”, disse Li.
Li não citou os Estados Unidos, mas o Ministério do Comércio da China disse no domingo (25) que se opunha fortemente às sanções e o Ministério das Relações Exteriores e expressou oposição semelhante às rodadas anteriores de restrições.
As sanções da semana passada incluem medidas contra empresas da China envolvidas no envio de máquinas, ferramentas e microeletrônicos para a Rússia.
“Essas palavras e ações são totalmente voltadas para seus interesses egoístas e não são baseadas em fatos, a comunidade internacional nunca as aceitará”, acrescentou Li.
A China tem se esforçado para se apresentar como uma parte que está buscando ativamente uma solução para o conflito, apesar de ter faltado a uma conferência de paz na Suíça em junho.
Após as rodadas anteriores de conversações lideradas por Li, Pequim apresentou propostas sobre o apoio à troca de prisioneiros de guerra, a oposição ao uso de armas nucleares e biológicas e a oposição a ataques armados a instalações nucleares civis.
Em um documento de 12 pontos, há mais de um ano, a China estabeleceu princípios gerais para o fim da guerra, mas não entrou em detalhes específicos.
Este ano, a China e o Brasil pediram em conjunto a realização de conversas de paz entre a Rússia e a Ucrânia. Na terça-feira, Li expressou a esperança de que mais países apoiem os esforços de paz da China.