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    À CNN, Tabata diz que todo posto tem que ter equipe de saúde mental

    Candidata a prefeita da capital paulista comentou projeto de enfermarias psiquiátricas, falou sobre ensino integral e combate ao abuso infantojuvenil

    Aline Fernandescolaboração para a CNN , São Paulo

    A deputada federal e candidata do PSB à Prefeitura de São Paulo, Tabata Amaral, disse que todo posto da capital paulista precisa ter uma equipe voltada à saúde mental da população.

    A afirmação foi feita nesta sexta-feira (23) em entrevista à CNN, conduzida pela jornalista Muriel Porfiro ao lado dos analistas de política Clarissa Oliveira e Pedro Venceslau.

    De acordo com a candidata, “uma boa parte do investimento que a gente se compromete a fazer, inclusive com repasse do governo federal e estadual, é na saúde mental. Toda UBS [Unidade Básica de Saúde], todo posto, tem que ter uma equipe de saúde mental. Porque os sintomas [de transtornos mentais] surgem na adolescência, mas a escola não sabe o que fazer, então tem que ter um psicólogo presente. E todo hospital municipal tem que ter uma enfermaria psiquiátrica, pra gente conseguir acolher quem está doente hoje”.

    Ela ainda destacou a insuficiência de leitos na cidade para tratar pacientes nessas condições.

    “Você pega São Paulo, a gente não tem vaga. Você pega público e privado, tudo que a gente tem pra contratar, tem 1,5 mil leitos para cuidar de um surto, para cuidar de um paciente que está num estado alterado”, afirmou.

    Cracolândia

    A representante do PSB falou ainda sobre uma das principais propostas do seu plano de governo de acabar com a Cracolândia – região que concentra usuários de drogas no centro de São Paulo.

    Segundo Tabata, ela possui “total consciência do desafio que é, da complexidade que é” trabalhar contra a dependência química na cidade.

    “Como é que a gente vai fazer isso? A primeira coisa é enxergar que tem bandido e que também tem doente. E eu não vejo nenhum outro candidato falando dos dois com a mesma firmeza moral”, disse.

    Ela reforçou a intenção de atuar em parceria com a esfera estadual e demais autoridades. “Não é sozinha, mas é trabalhando com o governador [de São Paulo] Tarcísio [de Freitas], com a polícia civil, com a polícia militar, com a GCM [Guarda Civil Metropolitana], que a gente vai sufocar esse sistema”, afirmou.

    Tabata falou também sobre o projeto do censo da população de rua “para saber quantas pessoas são, onde estão, como chegaram ali pra gente desenhar a porta de saída”.

    Educação

    A candidata comentou outra proposta sua de ampliação das vagas de ensino integral nas escolas municipais.

    Segundo Tabata, os investimentos necessários para elevar esse percentual dos atuais 6% para no mínimo 50% seriam da ordem de R$16 bilhões nos quatro anos de gestão.

    Segundo a representante do PSB, caso eleita, a expansão na área da educação vai contar com recursos federais.

    “O governo federal tem um programa, criado pelo ministro [da Educação] Camilo [Santana], que dá dinheiro para a prefeitura que expande vaga em tempo integral”, comentou.

    Ela mencionou ainda um projeto de longo prazo para cidade e reforçou que não pretende abandonar o cargo antes do fim do mandato.

    “Serei prefeita por oito anos. Não estou aqui pra ser governadora, nem presidente da República, nem senadora. Se o povo me der essa oportunidade, trabalho com longo prazo”, afirmou.

    Abuso infantojuvenil

    A candidata se disse pessoalmente contra o aborto, mas afirmou que, se vencer as eleições, irá cumprir as determinações legais a respeito do procedimento.

    Ela ainda reforçou a necessidade de treinamento para identificar sinais de abuso em crianças e adolescentes.

    “A gente vai treinar todos os funcionários e servidores públicos que atuam na ponta para reconhecer o menor sinal de abuso. É a professora, quando vê que uma criança está calada. É a enfermeira, quando uma criança chega e a mãe fala que ela foi espancada, mas aquela história não está correta”, observou.

    Apoios políticos e equipe de governo

    Tabata Amaral fez questão de lembrar nomes que participaram da construção das suas propostas.

    “A gente trouxe Leany Lemos, secretária que reestruturou a dívida do Rio Grande do Sul, Armínio Fraga, Pérsio Arida. Olha o time que a gente tem pra conseguir cuidar desse orçamento [da cidade de São Paulo]”.

    Ela disse ainda possuir proximidade com o Palácio dos Bandeirantes e o Palácio do Planalto.

    “Sou a única [candidata a] prefeita que tem uma relação, hoje, desde já, com o governador Tarcísio e com o presidente Lula. E terei o apoio dos dois pra governar, podem perguntar pros dois”, disse.

    Ao ser perguntada sobre uma possível lealdade com relação ao presidente Lula, ela afirmou ter “respeito” por ele.

    “A pares políticos, a gente tem respeito, especialmente quando a gente discorda. Quando o presidente Lula defende um projeto com o qual eu concordo, eu apoio. Quando ele tem uma posição da qual eu discordo, eu sou a primeira a me posicionar”, segundo ela.

    Já sobre a polêmica em torno da desistência de José Luiz Datena, candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB, de concorrer como seu vice, ela afirmou não haver “briguinha”, nem mágoa.

    “Quem me conhece sabe que sou resiliente e bola pra frente”, afirmou.

    Ataques de adversários

    A respeito da mudança de postura e subida de tom com concorrentes na disputa eleitoral, como Pablo Marçal (PRTB), Tabata argumentou não se tratar de uma estratégia.

    “Na hora em que ele vem e mente sobre minha família, é minha obrigação responder”, disse.

    Segundo a candidata do PSB, ela possui capacidade de articulação política em detrimento de alguns dos adversários.

    “Uma coisa é levantar cartaz num protesto, uma coisa é subir hashtag no Twitter [atual X]. Outra coisa é você engolir muito sapo e conversar com gente com quem você não concorda, gente que não é seu amiguinho. Vocês acham que eu só sentei pra tomar chá pra aprovar os projetos que eu aprovei no governo [do ex-presidente] Bolsonaro?”, questionou.

    Financiamento de campanha e privatizações

    Sobre a origem dos recursos da própria campanha eleitoral, Tabata destacou a transparência dos números.

    “De onde vem a minha independência? Primeiro, dessa minha coragem de desagradar a Faria Lima [centro comercial e financeiro de São Paulo] e a esquerda, mas, sobretudo, de saber que não existe um doador que doou mais do que 10%. E saber que todo mundo que doou para mim na vaquinha está lá declarado”, segundo a candidata do PSB.

    Quando perguntada a respeito da opinião que tem quanto a privatizações, ela afirmou que “depende”.

    “A gente tem exemplos de privatizações e concessões que foram ótimas, como a linha 4-Amarela [do metrô], pra quem é de São Paulo. Mas a gente tem, por exemplo, o serviço funerário na cidade, que é uma catástrofe”, disse.

    Segundo a candidata do PSB, “a concessão do serviço funerário é uma concessão que eu vou rever, não por dogmatismo, mas para defender a qualidade do serviço público ainda mais num momento tão triste e tão pesado que é quando você perde alguém”.

    Entrevistas com candidatos

    A CNN realiza uma série de entrevistas com os candidatos a prefeito de São Paulo até a próxima segunda-feira (26).

    Serão transmitidas primeiramente ao vivo no canal da CNN Brasil no YouTube, às 15h30, com exibição na TV no mesmo dia, às 23h.

    Participarão das transmissões os seis primeiros colocados no agregador de pesquisas eleitorais Índice CNN, selecionados de acordo com o resultado mais recente, com sete dias de antecedência.

    Já foram entrevistados:

    Segunda-feira (19) – Ricardo Nunes (MDB)
    Terça-feira (20) – Guilherme Boulos (PSOL)
    Quarta-feira (21) – José Luiz Datena (PSDB)
    Quinta-feira (22) – Marina Helena (Novo)
    Sexta-feira (23) – Tabata Amaral (PSB)

    Ainda será entrevistado:

    Segunda-feira (26) – Pablo Marçal (PRTB)

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