Vida e obra de Chiquinha Gonzaga ganham exposição em São Paulo
Itaú Cultural abre a 51ª edição da série Ocupação com mostra dedicada à maestrina
Abram alas para a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil, a escrever partitura para teatro brasileiro e a compor uma marcha de Carnaval no país, a Ó Abre Alas, composta em 1899. Falamos de Francisca Edwiges Neves Gonzaga (1847-1935), a Chiquinha Gonzaga, figura feminina de grande importância para a música brasileira.
Sua vida e obra são temas da série Ocupação do Itaú Cultural, com curadoria dos Núcleos de Comunicação e Música da instituição, co-curadoria da cantora Juçara Marçal e consultoria de Edinha Diniz, biógrafa da artista. O espaço oferece, até 23 de maio, uma imersão nas criações da compositora e pianista, que nasceu no Rio de Janeiro em um Brasil que vivia a transição da Monarquia para o Império desembocando na República.
A mostra, no entanto, resgata toda a sua afrodescendência que foi quase eliminada pelas práticas do racismo estrutural – sua mãe era filha de uma escravizada alforriada e o pai, um militar de família tradicional. Mas o talento de Chiquinha despontou e abriu alas por todo o país.
Toda essa história é contada através de cerca de 120 itens, entre documentos, partituras, capas, objetos, fotos e conteúdo musical e audiovisual biográfico que conduzem o visitante para um mergulho inspirador e profundo. Destaque para suas partituras, como a de Ó Abre Alas, composta por ela para o Cordão Rosa de Ouro, e A Corte na Roça, espetáculo pelo qual a fez pioneira em escrever partitura para teatro no Brasil.
Caminhando mais, atente-se para o broche colocado à frente de um piano vertical tradicional, posicionado para representar um outro piano, que é histórico: um Ronisch, feito na Alemanha, que ela trouxe da Europa em 1909 e com o qual trabalhou até a sua morte, em 1935. Atualmente, o original está instalado no foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Toda a exposição foi construída em formato de linha do tempo e faz um paralelo do Brasil que nascia como República enlaçando acontecimentos da vida da maestrina. Diferentes sons embalam a exposição desde o início, como os sons das ruas do Rio de Janeiro do século XIX, na época capital do Brasil. O recurso traz elementos que ajudaram Chiquinha em suas composições e ritmos.
Esta mostra foi desenvolvida integralmente durante a pandemia do Covid-19 e segue todos os protocolos e recomendações das autoridades sanitárias.
Itaú Cultural
Av. Paulista, 149 – Bela Vista, São Paulo
Funcionamento: terças-feiras a sextas-feiras, em horários sob consulta para agendamento (obrigatório) das visitas, feito pelo link sympla.com.br/agendamentoic
Abertura da agenda: todas as segundas-feiras, a partir das 9h, seguindo por toda a semana, com o agendamento sujeito à lotação dos grupos. Caso o visitante queira ver uma segunda mostra no mesmo dia, deve verificar a possibilidade de novo agendamento.
Permanência do público: 50 minutos em cada exposição. Trata-se de uma limitação de tempo máximo no espaço, que considera os protocolos de periodicidade de limpeza para cada ambiente.
Ingressos: Gratuitos