A rota do azeite do Alentejo, em Portugal
Conhecemos todo o processo de produção de alguns dos azeites mais deliciosos e importantes do mundo
Da plantação à colheita, passando pela higienização e decantação até chegar às mesas. Conhecemos todo o processo de produção de alguns dos azeites mais deliciosos e importantes do mundo: os criados na região do Alentejo, em Portugal. Gosta desse universo? Aqui tem passeios que merecem estar no seu roteiro pela cidade.
A convite do CEPAAL – Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo – o V&G desembarcou em Portugal, mais precisamente na histórica e charmosa região do Alentejo, para desbravar e conhecer uma de suas joias mais preciosas: o azeite. Mas, antes de contar sobre esse ingrediente tão essencial na nossa vida gastronômica, uma pausa para conhecer seus números: Portugal é o sétimo produtor mundial de azeite e o quarto país exportador. Brasil, Angola, Espanha e Itália são os principais mercados de destino. Mais: o azeite é o produto português mais exportado para o Brasil. O motivo do nosso pouso ser no Alentejo não é à toa: a região do sul de Portugal produz 78% do azeite nacional. Ele, vale dizer, é famoso pelas suas características suaves e de perfil delicado.
Dia 1) Nosso passeio começa no Museu do Azeite – Largar de Varas do Fojo, localizado na cidade de Moura. É pelas ruas tranquilas, cheias de casas de paredes brancas e muros baixos contornados por laranjeiras – dizem que essas laranjas não são saborosas – que está o museu. Ali, é possível conhecer um lagar (nome oficial de lugares onde tritura-se uvas e azeitonas) tradicional do século XIX que conserva toda a maquinaria original, inspirada pelo sistema romano de produção de azeite e vinho: o sistema de varas, maquinário responsável por receber as azeitonas já amassadas por um grande moinho. Uma vez amassadas, elas libertam o azeite, água e é quando é feita a decantação. Feito isto, o azeite já era levado para as casas dos proprietários. Uma curiosidade é que, nessa época, não era feita a higienização das frutas, como é aplicado hoje em dia. Logo a frente, fica o Jardim das Oliveiras. Ali, por exemplo, dá para conhecer diversas espécies de oliveiras e azeitonas, como a albina, que, na verdade, nasce verde e vai ficando branca na medida que vai amadurecendo. Muito interessante!
Praça Sacadura Cabral, 25 – Moura. – Visita gratuita
Depois, seguimos para o CAMB – Cooperativa Agrícola de Moura e Barrancos – também em Moura. Foi como uma viagem no tempo. Do museu que nos revelou técnicas artesanais e rústicas de se produzir o ingrediente, passamos para um dos mais atuais centros de produção. Aqui, a visitação também é aberta, guiada e custa 10 euros. Ao final, o visitante ganha uma garrafa. No CAMB, máquinas modernas retiram as folhas das azeitonas, que são pesadas, higienizadas, para então serem moídas, decantadas e se transformar em azeite. Dá para prová-lo fresquinho, saindo das máquinas que o produzem. Experiência única! Quatro tipos de azeites são produzidos aqui.
Av. das Forças Armadas, 7860-008 – Moura. 10 euros para visitar
Em Amareleja, uma pequenina região alentejana – tem cerca de 2.500 habitantes e é a cidade mais quente de Portugal (os termômetros chegam a bater 47 graus), visitamos um campo de colheita de azeitonas. Para colher, um trator chacoalha as oliveiras ou um grande pente é usado para “depilar”os galhos e fazer as frutas caírem.
Dia 2) Outro passeio bem interessante pra quem quer saber mais e melhor sobre o universo do azeite é ir ao Monte da Oliveira Velha, na região de Azaruja, mais precisamente a 17km de Évora e a 25km de Estremoz. É lá que dá para ver zambujeiros, nome dado às oliveiras muito antigas (essa da foto ao lado tem 2 mil anos). O espaço tem uma casa branca linda, onde o sol entra por frestas e pudemos provar o azeite produzido ali, chamado Amor é Cego – 100% galega (espécie de azeitona mais popular de Portugal), com 0,1 de acidez, harmonioso, frutado maduro, com notas de tomate e frutos secos e final picante.
Como degustar um azeite? A gente ensina: os produtores colocam um pouquinho de azeite em um copo de vidro azul para que a cor do azeite não seja percebida, já que ela não é parâmetro de qualidade, mas resultado da variedade e grau de maturação. Antes de provar, é importante tampar o copo com um vidro e mexe-lo em movimento circular enquanto o envolve com as duas mãos. A ideia é aquecê-lo, já que o vidro é frio, e, assim, fazer com que o aroma e o sabor “despertem”. Maçã, água e pão caseiro alentejano acompanham a degustação.
Conhecemos também o Monte de Portugal, em Montagil. Um espaço para se fazer turismo rural. Andar a cavalo, fazer carinho nas ovelhas, andar de bicicleta, pesca desportiva, canoagem e praticar atividades agrícolas, como colher azeitonas e tirar cortiças, além de dormir em clima rústico-chic em acomodações charmosas de vibes rural e que exalam o melhor da arquitetura portuguesa. E, claro, também se produz azeite. As azeitonas cultivadas aqui são típicas portuguesas, Galega; Cobrançosa, com sensações de amargo e picante consideráveis e notas de erva verde; Cordovil de Serpa, amargo e picante.
Dia 3) Herdade do Esporão é um complexo de números – e sabores – superlativos. É por essas terras férteis que se produz 11 milhões de litros de vinho e 1 milhão e 200 mil litros de azeite. Parreiras e oliveiras a perder de vista podem ser apreciadas. Todas enfileiradas e organizadas em um bonito balé natural. É possível visitar também o espaço onde ficam os imensos maquinários que finalizam o azeite. O cheirinho de azeitona predomina e é uma delícia. Tem um café e uma lojinha com livros temáticos. Fique para ver o sol deitar por trás das plantações. Um espetáculo a parte!
Como chegar ao Alentejo: a forma mais prática é pegar um para Lisboa, nós fomos de TAP em voo direto de São Paulo. De lá, pode-se alugar um carro ou pegar um “comboio”, como ele chamam os trens. São 130km, cerca de 1h30.