Região dos Vinhos Verdes, em Portugal, é deleite para olhos e paladar; veja onde ir
Com paisagens de brilhar os olhos, boa estrutura hoteleira e registros históricos, este pedaço do noroeste português e uma das maiores denominações de origem da Europa, começa a despertar para o enoturismo
Por Marjorie Zoppei
Bebidas leves, refrescantes, meio docinhas e que pinica na língua (chamado de efeito agulha). Assim eram conhecidos os vinhos produzidos na região dos Vinhos Verdes, que é a maior área demarcada portuguesa e também uma das maiores da Europa.
Não, vinho verde não tem esse nome por causa da cor da bebida! E nem todo vinho verde tem essas características acima. O nome é uma referência à paisagem natural, que é absurdamente verde.
Aqui no Brasil, o vinho verde que mais ganhou fama é o rótulo Casal Garcia, produzido pela Quinta da Aveleda. Mas a região tem produzido bebidas muito interessantes: vinhos brancos com passagem por madeira, espumantes cheios de personalidade, rosés bem estruturados e tintos delicados.
O Brasil continua sendo o maior mercado para o vinho português – e tem se mostrado uma das melhores opções na relação custo-benefício. Então, é melhor ir se familiarizando com os nomes das uvas típicas da terrinha: as brancas alvarinho, arinto, avesso, azal, loureiro e trajadura, e as tintas espadeiro, padeiro e vinhão.
Aquele giro enológico
Com lindas paisagens naturais, boa estrutura hoteleira, registros históricos… Apesar de todos os fatores, o enoturismo ainda é recente na região. A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), entidade criada em 1926 para regular a produção e o marketing dos rótulos da DOC, organizou e faz a divulgação de diversas rotas temáticas. Entretanto, o viajante ainda precisa entrar em contato pessoalmente com as vinícolas para reservar o passeio – lembrando que muitas quintas fecham aos finais de semana.
Quem desembarca por lá no outono e no inverno, é recebido por paisagens alaranjadas, lareiras acesas e rótulos estreando nas prateleiras. O verão é tempo de vindima e, em muitas vinícolas, o visitante pode colocar a mão na massa durante a colheita. A primavera oferece clima ameno e paisagens deslumbrantes. E, ao longo do ano inteiro, a gastronomia e os cenários históricos são as atrações principais.
O QUE VISITAR
Pioneiro na produção do vinho de alvarinho na cidade de Melgaço, é referência internacional para rótulos elaborados com essa uva. A vinícola oferece passeios na vinha, rafting, programas de gastronomia – com prova de vinhos – e papos educativos sobre sustentabilidade.
A propriedade parece um cenário de filme de época, com alamedas, árvores centenárias, lagos e fontes. Ali mesmo está instalada a bodega que produz os rótulos Casal Garcia, o vinho verde mais consumido no mundo. Além do passeio pela Quinta, vale reservar uma mesa no restaurante (de 10 a 50 pessoas) e visitar as caves e as vinhas. O passeio inclui uma visita na área industrial de engarrafamento.
Uma das principais vinícolas de exportação – é fácil encontrar os vinhos deles aqui no Brasil –, recebe visitantes que percorrem livremente caminhos demarcados por vinhas, bosques e hortas. Durante o passeio, podem conhecer o velho moinho de água, onde antigamente era moída a farinha de milho que incorporava a receita da tradicional broa da região.
ONDE FICAR
Monverde Wine Experience Hotel
Premiado no Best of Wine Tourism, está instalado numa propriedade de 30 hectares. Além de hotel, também investe na produção de vinho (as vinhas assumem o protagonismo até na decoração), no serviço de spa e em um restaurante de alta gastronomia.
Escolheu o jornalismo ainda na adolescência, mas foi apresentada à gastronomia por acaso. Com passagem pela Editora Abril e Folha de S.Paulo, atualmente é diretora de redação da revista Sociedade da Mesa, publicação do clube de vinhos pioneiro no Brasil. É daquelas pessoas que têm sempre uma taça em mãos e disposição para descobrir o que está por vir. Siga em @mzoppei, no Instagram.