Onde comer “carne de onça” em Curitiba, prato típico da capital do Paraná

Iguaria que leva carne bovina crua por cima de broa tem história curiosa e cada bar tem a própria receita; confira 10 endereços para saborear o tradicional prato na cidade

Caroline Grimmcolaboração para o Viagem & Gastronomia , Curitiba, Paraná

Não há quem não seja de Curitiba e não se assuste ao ouvir sobre a “carne de onça”, imaginando que o prato é feito, de fato, com carne de onça.

Mas podem ficar tranquilos: nunca nenhuma onça foi utilizada para o preparo do prato.

Qual seria, então, a razão para este nome? Os mais simplistas dizem que o título foi dado pelo uso de grande quantidade de cebola crua no prato, o que faria o comensal ficar com “bafo de onça”.

A história verdadeira, no entanto, é mais longa.

Origens do nome

Na década de 1940 havia em Curitiba um time de futebol chamado Britânia, que depois, com outros times, formou o Paraná Clube. O presidente do Britânia, na época, era Cristiano Schmidt.

Schmidt, que tinha o apelido de “tatu”, era proprietário de um bar na Marechal Deodoro, esquina com a 15 de Novembro, chamado Toca do Tatu. Para comemorar as vitórias do time, ele espalhava carne bovina crua moída sobre fatias de broa comprada na panificadora de um alemão que ficava próxima da Toca do Tatu.

Por cima da carne colocava cebola branca e cebolinha verde bem picadinhas, e então temperava com sal e azeite de oliva. Servia com chope para os jogadores.

Um dia o goleiro do time teria reclamado, dizendo “você só serve essa carne aí, que nem onça come”. E então surgiu a tal da “carne de onça”. Schmidt colocou o prato no cardápio e logo outros bares da cidade começaram também a servi-lo.

A receita criada por Cristiano Schmidt provavelmente teve origem na receita alemã do Hackepeter. A maior parte dos bares serve o preparo como foi originalmente concebido, sem tantos temperos, deixando a carne brilhar.

Mas há quem prefira com muitos condimentos, mais ao estilo do próprio Hackepeter.

O importante é utilizar uma carne magra bem fresca (normalmente patinho), de boa procedência, sem gordura ou nervuras, e uma broa úmida e saborosa.

Desde 2016 a carne de onça se tornou Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial de Curitiba, após trabalho do empresário e cozinheiro Sérgio Medeiros.

A seguir, descubra os melhores lugares em Curitiba para degustar opções do típico prato da cidade:

Quitutto GastroPub

Carne de onça do Quitutto GastroPub / Divulgação

O gastropub comandado pelo chef Rafael Kula serve uma das carnes de onça mais premiadas da cidade e segue a linha mais purista, utilizando somente patinho moído, sal, pimenta, azeite e rum.

É servida sobre uma ótima broa preta, com muita cebola branca e ciboulette bem picadas, numa proporção perfeita. A mostarda escura é servida na mesa pelo próprio cliente. De comer rezando, provando que, muitas vezes, menos é mais. O prato sai por R$ 28,90.

Quitutto GastroPub: Avenida dos Estados, 481 – Água Verde, Curitiba – PR / Tel.: (41) 3107-3333 / Horário de funcionamento: terça a sexta das 17h às 23h; sábado das 12h às 23h; domingo das 12h às 16h.

Cartolas Sports Bar

Prato do Cartolas chega à mesa bem temperada / Caroline Grimm

A carne de onça do Cartolas, que é um ponto de encontro para amantes do futebol, também já recebeu muitos prêmios.

Muito bem temperada, mas sem grandes invenções, chega vermelhinha à mesa, coberta com cebola e cebolinha picadas. Uma broa preta bastante macia, deliciosa, é servida separadamente, assim como a mostarda escura.

A carne de onça da casa custa R$ 39,90 (individual muito bem servida) e R$ 58,90 (para duas pessoas).

Cartolas Sports Bar: Rua Emiliano Perneta, 880 – Centro, Curitiba – PR / Tel.: (41) 3209-6982 / Horário de funcionamento: segunda a sexta das 11h às 15h; terça a quinta das 17h à 00h30; sexta e sábado das 17h à 1h; domingo das 15h às 22h. 

Bar do Martelo

Neste pitoresco bar de bairro, que não possui nem mesmo redes sociais, encontramos uma das melhores – e mais difíceis de conseguir – carnes de onça da vida. Eu mesma precisei ir ao local três vezes para conseguir provar.

A iguaria é preparada todos os dias pela esposa do proprietário, Seu William, que comanda o local há 41 anos. É servida somente a partir das 18h30 e acaba rápido.

E vale a pena o esforço? Vale. Carne fresquinha, bem temperada, com a cebola picada muito fininha, assim como a ciboulette, sobre um pão de centeio, tudo regado com muito azeite. Comi a primeira já pensando em pedir a segunda. Sai por R$ 20 (só aceita dinheiro).

Bar do Martelo: Rua Conselheiro Dantas, 615 – Rebouças, Curitiba – PR / Tel.: (41) 3332-2243 / Horário de funcionamento: aberto de segunda a sábado das 10h às 22h (por se tratar de um bar familiar, os horários estão sujeitos a alterações. A dica é ligar antes para confirmar os horários e a abertura).

Balbino e Martins

Carne de onça do Balbino e Martins não vem acompanhada de cebola / Caroline Grimm

O boteco de vinhos mais famoso da cidade também serve uma ótima carne de onça. E ótima notícia para quem não é fã de cebola, ou não quer ficar com o tal “bafo de onça”: ela é servida sem a camada de cebola por cima.

O prato sai por R$ 36 e é feito com uma generosa camada de carne bem vermelhinha sobre um pão de fermentação natural, muita cebolinha picada e mostarda preta e amarela. Basta ir até a prateleira para encontrar um vinho para harmonizar e a noite estará completa.

Balbino e Martins: Avenida Iguaçu, 1274 – Rebouças, Curitiba – PR / Horário de funcionamento: aberto de terça a quinta das 15h às 22h; sexta e sábado das 15h às 23h.

O Taberneiro

Carne de onça da casa vem com pedaços maiores de cebola e mostarda separada / Caroline Grimm

No O Taberneiro, a carne chega vermelha, limpa e bem temperada sobre um pão de centeio. A cebola é cortada em pedaços maiores e a mostarda também é servida separada. Custa R$ 29.

É mais uma ótima opção na região do Água Verde.

O Taberneiro: Rua Dom Pedro I, 643 – Água Verde, Curitiba – PR / Tel.: (41) 3408-5188 / Horário de funcionamento: terça e quarta das 17h às 22h, quinta e sexta das 17h às 0h; sábado das 11h30 às 23h.

Tiki Taka Gastrobar

Tiki Taka faz o típico prato com alcatra moída sobre espessa broa e com alho frito / Caroline Grimm

Aqui a carne de onça é feita com alcatra moída, servida sobre uma espessa broa de centeio, muita cebola e cebolinha picadas, alho frito e pimenta biquinho.

O cliente pode terminar de temperar com a tradicional mostarda preta e também, caso deseje, espremer uma fatia de limão. O preço parte de R$ 22 (individual) a R$ 40 (para duas pessoas).

Tiki Taka Gastrobar: Rua Petit Carneiro, 394 – Água Verde, Curitiba – PR / Tel.: (41) 3527-5451 / Horário de funcionamento: segunda a quinta das 1130h às 14h30 e das 17h30 às 23h; sexta das 11h30 às 14h30 e das 17h30 às 23h30; sábado das 11h30 às 23h30 e domingo das 11h30 às 23h.

Bar da Dinda

Cebola picada é servida à parte no preparo do Bar da Dinda / Caroline Grimm

Este pequeno e animado bar, que serve principalmente comida árabe, tem também uma carne de onça de primeira. Aqui a cebola picada é servida separadamente, e o cliente coloca (ou não) o quanto desejar.

Merece destaque também a simpatia do proprietário, seu Adnan, que fica no salão conversando com os clientes. A carne de onça sai por R$ 22 (individual) e por R$ 59 (com três broas, para compartilhar).

Bar da Dinda: Rua Visconde do Rio Branco, 285 – Mercês, Curitiba – PR / Tel.: (41) 98404-6106 / Horário de funcionamento: segunda das 11h30 às 14h30; terça a sexta das 11h30 às 14h30 e das 17h às 23h; sábado das 11h30 às 23h.

Dom Rodrigo Bar e Petiscaria

Carne de onça do bar leva apenas sal, pimenta e azeite para temperar a carne / Caroline Grimm

O tradicional bar de Santa Felicidade serve a versão mais purista desta lista.

A receita leva somente sal, pimenta e azeite para temperar a carne, servida sobre um pão de centeio. O prato sai por R$ 22.

Dom Rodrigo Bar e Petiscaria: Avenida Vereador Toaldo Túlio, 2275 – Santa Felicidade, Curitiba – PR / Tel.: (41) 99138-6566 / Horário de funcionamento: segunda a sexta das 17h30 às 22h30.

Opções mais condimentadas

Se você gosta da carne de onça mais condimentada, servida quase como um patê, não pode deixar de experimentar as seguintes opções. Nelas a carne é preparada à mesa, na frente do cliente – um verdadeiro show. Confira:

Mercearia Fantinato

Carne macerada da Mercearia é temperada ainda com páprica doce, pimenta calabresa e conhaque / Caroline Grimm

A carne macerada é temperada com cebola, alho, páprica doce, pimenta calabresa, sal, cebolinha, conhaque e muito azeite, misturada e montada no prato, à mesa. Acompanha broa fatiada, manteiga e mostarda escura.

O preço fica por R$ 36,90 a pequena, que serve duas pessoas, e R$ 61,50 a grande.

Mercearia Fantinato: Rua Mateus Leme, 2553 – Bom Retiro, Curitiba – PR / Tel.: (41) 3023-1953 / Horário de funcionamento: aberto de segunda a sábado das 11h à 1h.

Boteco de Sampa

Boteco tempera carne moída com ovo cru, rum, noz moscada e páprica; mistura é para “chuchar” o pão / Caroline Grimm

Aqui a carne moída é temperada com um ovo cru inteiro, azeite, rum, sal, pimenta, noz moscada, páprica, salsinha desidratada, cebola e alho triturados e mostarda escura.

A mistura é então espalhada num prato raso e coberta por uma generosa camada de cebolinha picada. Acompanha cesta de uma ótima broa preta, mais azeite e mostarda escura.

O garçom ainda ensina o jeito correto de comer – você deve colocar um pouco de azeite no prato, “chuchar” a fatia de broa neste azeite, colocar a carne de onça sobre a broa e despejar mais azeite. É um bocado de azeite, mas vale cada caloria. Sai por R$ 64,90

Boteco de Sampa: Rua Alferes Poli, 1850 – Rebouças, Curitiba – PR / Tel.: (41) 99564-4646 (WhatsApp) / Horário de funcionamento: segunda a sexta das 16h à 1h e sábado das 12h à 1h.

*Os textos publicados pelos Insiders e Colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do CNN Viagem & Gastronomia.

Sobre Caroline Grimm

A criadora de conteúdo gastronômico Caroline Grimm / Caroline Grimm

Curitibana, médica de formação e gastrônoma de coração, Caroline Grimm também é criadora de conteúdo e acumula milhares de seguidores nas redes sociais. Como ela mesma descreve, vive para cozinhar, comer, beber e viajar – não necessariamente nesta ordem, mas sempre em busca das melhores experiências.


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