Fred Sabbag indica seus bares preferidos no Rio de Janeiro
Pode parecer atrevimento um paulista escrever sobre bares cariocas, mas o Fred é um apaixonado pela Cidade Maravilhosa e sempre que possível passa alguns dias por lá, desbravando a culinária, as belezas e, claro, a vida boêmia que o Rio oferece tão bem


É atribuída a Nelson Rodrigues a expressão de que “o boteco é ressoante como uma concha marinha”, pois “todas as vozes brasileiras passam por ele”. Em tempos em que ressaltar a importância da democracia é mais do que importante, nada mais oportuno do que um texto específico sobre um dos espaços mais democráticos que existem.
Em um mesmo bar, por exemplo, encontram-se em um mesmo momento pessoas de classes sociais e origens distintas, para lamentar ou festejar a vida. A ideia é essa e fica aqui a esperança de que isso jamais mude: o bar é um passatempo, uma terapia, um palco de celebração e uma fonte de alento.
Deixada a finalidade psicológica de lado, é possível comer tão bem (ou até melhor) em bares quanto em restaurantes e a ideia deste texto é ressaltar a boa gastronomia (nunca “baixa gastronomia”, como dizem por aí). Para acompanhar, sempre cerveja ou chope gelado, batidas, caipirinhas…
A seguir, os bares preferidos do Fred Sabbag no Rio de Janeiro:

Bar do Momo
Aberto por um Rei Momo de verdade (Abrahão Reis), desde 1986 o Bar do Momo está nas mãos de Tonhão (Antonio Lopes dos Santos) e Toninho (Antonio Lopes Carlos Laffargue).
Dentre as diversas opções disponíveis (algumas esporádicas), o Bar do Momo serve alguns petiscos famosos, tais como o bolinho de arroz, bolovo de bacalhau e guacamole de jiló, além de pratos como Feijoada e Cavalo do Rei (um contrafilé com alho acompanhado de dois ovos fritos) e sanduíches.
Rua Gen. Espírito Santo Cardoso, 50A, Tijuca, Rio de Janeiro-RJ
Bar Madrid

Fundado pelos primos Felipe Quintans e André Quintans (cariocas descendentes de espanhóis), o Bar Madrid possui na decoração diversas referências à Espanha e ao Brasil (de Julio Iglesias a Leonel Brizola e do América ao Real Madrid).
Lá brilham pratos do dia como bobó de camarão, feijoada e bife à milanesa, pasteis (jiló com linguiça mineira, camarão, entre outros), bolinhos (feijoada, carne seca ou croquete de carne ou de língua) e sanduíches (o de bife à milanesa é demais!). E a Espanha? É lembrada em pratos como os huevos rotos, paella, mariscos e tortilla.
Rua Almirante Gavião, 11, Tijuca, Rio de Janeiro-RJ
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Bar do Bode Cheiroso

O Bode Cheiroso está intimamente ligado à história do Estádio do Maracanã. Fundado em 1945, durante a construção do Estádio trabalhadores envolvidos com a obra paravam diariamente no bar. Por lá, é possível comer pratos como pernil com maionese, feijoada e rabada com agrião, além de ótimos pastéis, empadas e a famosa “barrinha de cereal” (um torresmo de barriga absurdamente crocante).
Rua Gen. Canabarro, 218, Maracanã, Rio de Janeiro-RJ
Bar da Gema

Das aulas da faculdade a uma sociedade que já dura mais de 10 anos, os amigos Luiza Souza e Leandro Amaral fundaram o Bar da Gema em fevereiro de 2009. A boa cozinha do bar é reflexo da formação da dupla em gastronomia.
No cardápio, destacam-se petiscos como pastel de feijão ou mortadela, polentinha com rabada e a inigualável coxinha. Dentre os pratos, feijoada, rabada, arroz ou bobó de camarão e feijão tropeiro são ótimas pedidas.
Rua Barão de Mesquita, 615, Tijuca, Rio de Janeiro-RJ
Bar do Mineiro

O Bar do Mineiro foi fundado em 1992 por Diógenes Paixão, que está à frente do bar desde então. No coração da charmosa Santa Tereza, o bar é atração não só por sua boa comida, mas também pelas obras de arte penduradas na parede.
Lá é possível comer, ao lado de personalidades da classe artística, iguarias como o pastel de feijão, tutu à mineira com couve, leitão à pururuca, sanduíche de linguiça e bolinhos (bacalhau, jiló com linguiça, camarão, entre outros).
Rua Paschoal Carlos Magno, 99, Santa Teresa, Rio de Janeiro-RJ
Bar Bracarense

Fundado em 1961 pelo português Arnaldo Tomé no Leblon, o Bar Bracarense é administrado pelos netos do fundador Carla e Kadu Tomé. É um dos bares mais premiados do Brasil e, na opinião de quem vos escreve, serve um dos melhores chopes do Rio de Janeiro.
No cardápio, destacam-se os bolinhos de aipim com camarão e requeijão (aqui vale a menção honrosa à criadora Alaíde Carneiro, hoje em Minas Gerais), bolinho “gente boa” (jiló com linguiça), croquete mussaralho e o sanduíche de peito de boi. Há pratos do dia, como os clássicos bobó e arroz de camarão, bacalhau à brás e carré à mineira.
Rua José Linhares, 85, Leblon, Rio de Janeiro-RJ
Personalidade: Gabriel da Muda

Gabriel Cavalcante, ou melhor, Gabriel da Muda como é conhecido por sua procedência (nota: a Muda é uma região da Tijuca, entre a Praça Saens Peña e a Usina), é cantor e cavaquinista carioca de 35 anos.
É componente do disputado Samba do Trabalhador e um dos proprietários da Fabro Padaria (já citada nesta coluna). Desde adolescente, por sua ligação com a música e consequentemente com a boemia, frequenta bares no Rio de Janeiro e já há um tempo faz um estrondoso sucesso no Instagram (@gabrieldamuda).
Para ele, foi a música que lhe deu a oportunidade de mergulhar de cabeça na gastronomia e, sentado ao ar livre nos bares e botequins (tocando ou não), percebeu aí o melhor jeito de conhecer as cidades pelo fato de assim ser possível ver pessoas passando e o dia acontecendo.
Antes de iniciar sua carreira empreendedora (que certamente será de igual sucesso), Gabriel da Muda era visto quase que diariamente em bares e restaurantes do Rio de Janeiro e, aqui uma confissão, sempre foi fonte de inspiração para este que vos escreve. Agora “atrás do balcão”, Gabriel vê como desafio encontrar e corrigir os mesmos erros que sempre viu como cliente, além de sempre querer melhorar.
Enfim, é uma personalidade que merece uma menção honrosa nesta coluna, escrita por um paulista apaixonado pelo Rio de Janeiro e pelos cariocas.

Sobre Fred
Fred Sabbag é advogado por profissão, mas, no tempo livre, nada de processos ou trâmites judiciais: uma de suas maiores paixões é frequentar bares e restaurantes. O hábito rendeu-lhe inúmeros seguidores no Instagram (@fredsabbag) e o tornou numa celebridade da gastronomia em São Paulo.