Lisboa não é só tradição: cidade esbanja modernidade entre atrativos

Capital portuguesa prova que não vive só do passado ao apresentar rooftop, restaurantes, bares, museu e espaço cultural descolados

Saulo Tafarelodo Viagem & Gastronomia

Lisboa é, geralmente, associada ao seu passado. Afinal, a capital portuguesa atrai milhões de turistas com seus cartões-postais, como o Castelo de São Jorge, o Mosteiro dos Jerónimos e a Praça do Comércio. Isso sem citar os bondinhos, os mirantes, a arquitetura de outros séculos, os elevadores e até seus restaurantes e tascas – templos onde a tradicional culinária lusitana encontra mesa.

Mas o melhor de tudo é que Lisboa também seduz com endereços mais contemporâneos, que convivem ao lado de relíquias da cidade. Entram na conta museu, espaço cultural, lojas, restaurantes, bares e até rooftop.

Rooftop com vista

Uma boa maneira de sentir esse lado mais moderno – e badalado – da capital é de cima, subindo na cobertura do Tivoli Avenida Liberdade Lisboa. Ali fica o SEEN Sky Bar, detentor da vista panorâmica mais sexy da cidade, com o Castelo de São Jorge à esquerda e o Tejo no horizonte, e que atrai de turistas a jovens em busca de agito.

A novidade é que, a partir deste verão, o rooftop abre para almoços. Para isso, a parte externa foi renovada, com direito a mesas com caprichados ombrelones e toques verdes que dão uma sensação tropical. O chef Olivier da Costa assina o cardápio, que tem sushi e tacos entre os favoritos – no calor, aposte nas saladas, como a de lagosta trufada.

O rooftop fica mais concorrido ao cair da noite, com o pôr do sol ao fundo, momento adequado para drinques equilibrados, entre clássicos e autorais, como o red lightini, com vodka, champanhe e pimenta. DJs embalam a atmosfera animada, e, quando a fome bater, mude-se para uma mesa no salão interno do SEEN By Olivier, onde pratos compartilháveis de inspiração asiática reinam.

O hotel logo abaixo também é queridinho entre os brasileiros, incluindo famosos, que fazem coro aos britânicos e americanos. De decoração clássica, o Tivoli Avenida Liberdade Lisboa (diárias a partir de 350 €) começou como um palacete na década de 1930, ampliou-se e hoje tem 285 quartos espaçosos. Os cuidados são nítidos: há serviço de abertura de cama, os arranjos de flores são delicados e os travesseiros podem conter até óleo essencial.

O spa tem assinatura Anantara e uma piscina externa fica anexada em um antigo palacete, revelando uma atmosfera calma a poucos passos de uma das vias mais nevrálgicas de Lisboa. O café da manhã é servido na Cervejaria da Liberdade, no térreo, com pé direito alto, muita madeira, mármore e janelões para a avenida. Aberto também no almoço, o menu executivo durante a semana costuma atrair engravatados, que se deliciam com Bacalhau à Brás, Arroz de marisco e Arroz de pato confitado.

Espaços culturais

Terraço do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) de Lisboa
Terraço do MAAT, museu à beira do Tejo de linhas arrojadas e mostras contemporâneas • Divulgação/FG+SG Fotografia de Arquitectura

Os pastéis de Belém e o Padrão dos Descobrimentos não são os únicos atrativos que justificam a viagem até Belém. À beira do Tejo, vale a visita no Maat – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, que ocupa dois espaços vizinhos: uma fábrica termelétrica de 1908 e uma construção supercontemporânea de linhas arrojadas. Esta última possibilita o uso público do espaço, com um terraço no topo com vistas privilegiadas para a Ponte 25 de Abril.

Enquanto o antigo edifício exibe caldeiras preservadas (o calor de 1.200ºC ficou no passado), o novo prédio tem exposições temporárias que dialogam com o presente. Até 7 de outubro fica em cartaz “Nosso Barco Tambor Terra”, do carioca Ernesto Neto, obra interativa que brinca com os cinco sentidos e que joga luz a questões como natureza e descobrimento das Américas. Vale ficar de olho na programação ao longo do ano – há entrada gratuita aos domingos.

A uma curta distância dali, surpreende também o MAC/CCB Museu de Arte Contemporânea, que exibe obras de nomes como Pablo Picasso, Salvador Dalí, Marcel Duchamp, Joan Miró, Francis Bacon e Andy Warhol.

Já em Marvila, bairro fora do circuito turístico, surge o 8 Marvila, uma alternativa ao LxFactory – se você já o tiver visitado. Ele ocupa uma antiga fábrica de vinhos recuperada de 22.000 m², que se transformou em espaço cultural e de comércio, com negócios descolados e alguns restaurantes. Lojas vintage, de plantas, de vinhos naturais, barzinho, padaria e taqueria são algumas das ofertas por ali.

Para comer e beber

Salão do Restaurante Brilhante, em Lisboa
Brilhante tem balcão de 26 lugares que se abre diretamente para a cozinha central • Divulgação

No boêmio Cais do Sodré, o Restaurante Brilhante é uma brasserie francesa de alma portuguesa. O chef Luís Gaspar lidera a cozinha, que é a protagonista da casa, já que fica bem no centro do salão. Sentar no balcão é ver de perto os pratos sendo meticulosamente preparados pelas habilidosas mãos da equipe.

Não é só o Bife à Brilhante, o robalo com beurre blanc de champagne e risoto de aspargos e o suflê de avelãs e chocolate que impressionam: os tons de vermelho-vivo nos sofás de veludo, nas poltronas giratórias e nas paredes deixam tudo mais encantador. O bar tem mais de 50 tipos de uísques, bases para um old fashioned ou whisky sour, e um DJ embala o ambiente com músicas dos anos 80 no volume certo.

Outra pedida é o Ofício, na seleção Bib Gourmand do Guia Michelin. Quase em frente ao Bairro do Avillez, a casa se proclama um “tasco atípico”, com salão moderninho e menu de cozinha portuguesa contemporânea para compartilhar – em uma noite regada a vinho, pede-se quase tudo. Na mesma pegada de dividir, a Tasca Baldracca, sob comando do brasileiro Pedro Monteiro, faz bonito com pratos que mesclam as cozinhas portuguesa e espanhola com, às vezes, um bocadinho de ingredientes brasileiros – as opções ficam numa lousa dentro do pequeno e informal salão.

Para drinques, a dica é a Toca da Raposa, não muito longe da estação Rossio. O diminuto bar é até difícil de achar, mas, uma vez lá dentro, a luz baixíssima e o grande balcão de mármore, onde são preparados os coquetéis, transportam clientes para outro mundo. A carta é sazonal e a criatividade é regra, mas há uma seção para quem não arreda dos clássicos.

De volta ao Cais do Sodré, outra pedida pode ser o Tricky’s, focado em vinhos naturais e comidinhas orgânicas e sazonais, mas que também se mostra um lugar de música boa.

Para comprar


Se comprinhas estiverem em sua lista, dirija-se ao Depozito, no bairro de Pena, que junta os produtos – e os saberes – de duas marcas: A Vida Portuguesa, mais tradicional, e a Portugal Manual, mais contemporânea. Ambas jogam luz ao artesanato português com produtos que vão desde a cerâmica ao vestuário.

A pouco menos de cinco minutos de caminhada, no Largo do Intendente Pina Manique, há uma loja própria d’A Vida Portuguesa, com inúmeros produtos de Portugal, sendo boa uma paradinha para lembrancinhas, desde latas de sardinhas e livros a sabonetes e azeites.

O bairro de Príncipe Real também se mostra ótimo para descobertas mais trendy, de cafezinhos a lojas de roupas. Nos últimos sábados e segundas-feiras de cada mês ocorre uma feira de artesanato no Jardim Príncipe Real e, após o giro pelas bancas, o ideal é descer o bairro até o Mirante São Pedro de Alcântara para vistas encantadoras de Lisboa.

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Caso queira esticar a viagem, a região do Algarve é uma ótima pedida, já que reúne paisagens arrebatadoras e uma cultura multifacetada.

*O jornalista viajou para Portugal a convite do Tivoli Hotels & Resorts.

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