Japão, a incrível terra do futuro
A distância impõe um bom planejamento para aproveitar o melhor do Japão, confira o que esperar, quando e onde visitar.
O perfeito encontro da tradição milenar com construções futuristas. Harmonia do bem estar do cidadão, pensado no coletivo. Planejamento e muito trabalho, com colaboração da população. Gastronomia saudável e medicina oriental. Tem como não dar certo?
Um amigo deu uma definição interessante quando estávamos conversando sobre o quanto o Japão era fascinante – e eu não sabia antes de ir: “aquilo se parece como o mundo será em 2047”. E é verdade. Assim, com cara de futuro, mas uma boa dose de realidade, o Japão encanta pela mistura do antigo e moderno, com templos e tradições milenares e arranha-céus futuristas.
Como planejar e onde visitar? O Japão tem uma infinidade de cidades interessantes e por ser longe o ideal é ficar no mínimo 15 dias. Até porque, Tóquio merece ao menos uma semana inteira, isso se não quiser conhecer a fundo a cultura ou visitar todos os lugares, mesmo assim terá que fazer escolhas e deixar algumas para a próxima vez. Como não tínhamos muito tempo, optei por conhecer melhor Tóquio e Kyoto, a cidade dos templos. Dos 123 milhões de habitantes do Japão, 30 milhões estão na grande Tóquio, dos quais 13 milhões na cidade. É muita gente. Dividimos o tempo com Kyoto, a capital antiga do Japão, mas deixamos para a próxima vez dormir em um ryokan (tradicionais hotéis japoneses), pois estava com minha bebê o que gera algumas limitações. Mas quem puder dormir em um, terá uma boa experiência do que é uma típica casa japonesa.
O Japão está localizado a oeste da Ásia, continente que faz parte, no Oceano Pacífico. É um arquipélago formado por quatro ilhas principais: Honshu, Hokkaido, Kyushu e Shikoku; e mais 3 mil pequenas outras ilhas. Por estar no círculo do fogo, sofre com os terremotos e possui mais de cem vulcões ativos. Sua cultura oriental é ocidentalizada. A mistura é intrigante e muito, mas muito interessante: monges com celulares na mão, cerimônia milenares de chá, torres altíssimas com observatórios, santuários entre escritórios e lojas de fast food ao lado dos tradicionais doces de feijão – e tudo em uma harmonia impressionante.
A tão sonhada e espetacular florada das cerejeiras acontece durante uma semana, em Tóquio, no mês da primavera (março/abril), quando os hotéis ficam absolutamente lotados de turistas. É anunciada cerca de um mês antes pela Agência de Meteorologia do Japão. A dica é ir em cidades menos movimentadas e aproveitar este espetáculo da natureza.
Quais cidades visitar?
- Tóquio/Tokyo, a cosmopolita Tóquio é a porta de entrada, onde é mandatória na lista de destinos. Sugestão: ficar de quatro a oito dias.
- Kyoto, visita obrigatória no Japão. Capital do antigo império, também é chamada de “a cidade dos templos”. Precisa de dois a quatro dias para ver rapidamente o que a cidade dos templos e santuários tem a oferecer, como a espetacular sequência de torii (portais) de Fushima-Inari ou o Kinkakuji, o templo dourado, a rua das gueixas (ou geikos, como preferem ser chamadas).
- Nara (1h de Kyoto), fundada em 710, a primeira capital, centro do budismo, conhecida como a cidade da tranquilidade. Com muitos prédios históricos, tem como principal atração o templo Todai-ji, patrimônio Mundial da Humanidade, onde está o Grande Buda de Nara, com 16 metros de altura.
- Hiroshima, primeira cidade a ser atingida pela bomba atômica. Apesar de triste, vale entender a cruel história do ataque que vitimou milhares de vidas. Entre os memoriais, o principal, a Praça Memorial da Paz, onde foi o epicentro do ataque.
Possui o lindo Castelo de Hiroshima, também chamado de castelo das carpas, totalmente reconstruído.
- Nagasaki, cidade mais populosa do Japão, foi a segunda a ser atingida pela bomba atômica. Tem um interessante parque holandês, Huis Ten Bosch, com paisagens, hotéis e restaurantes do país, vale visitar o Confucius Shrine, templo de Confúcio. Também possui a Praça da Paz, perto de onde a bomba explodiu.
- Miyajima (1h de Hiroshima), uma ilha santuário, Patrimônio da Humanidade. Aqui fica o famoso Torii (portal) flutuante, cartão postal do país.
- Nikko (2h de Tóquio), famoso centro religioso há 1200 anos, foi escolhido pelo líder militar Tokugawa Ieyasu para abrigar seu mausoléu, onde 15 mil artesões japoneses trabalharam para talhar, dourar e laquear esta impressionante construção.
- Kamakura (1h de Tóquio), primeira capital administrada pelo samurais de 1185 a 1333. Possui muitos templos, alguns ao pé da montanha, ligados por trilhas e santuários, entre eles o Grande Budha ao ar livre. Recebe muitos visitantes na época da florada das cerejeiras
- Himeji, possui um dos castelos mais bonitos do Japão, construído em um penhasco. É conhecido como Shirasagi-jo, castelo da garça branca, por suas paredes brancas no penhasco se assemelharem a ave prestes a voar. Lá fica a Torre da Vaidade, moradia da princesa e outras mulheres que eram trancafiadas à noite.
- Shirakawago, a vila do séc XVII, a mais de 500 km de Tóquio, parece que parou no tempo. Com o título de Patrimônio da Humanidade da Unesco, ganho em 1995, suas pontes suspensas, rios, casas com telhado de palha e arrozais aos pés do estonteante Monte Haku-san, na fronteira com os Alpes do Japão, encantam qualquer um. Se for entre o final de setembro e meio de outubro não perca o festival do saquê, o Doburoku Matsuri, organizado pelos templos locais.
O que fazer e ver?
- Ver a Sakura zen-sen, a florada das cerejeiras.
- Kabuki, espetáculo do tradicional teatro japonês que conta somente com homens, inclusive no papel das mulheres (dizem que foi uma ordem do imperador, após dois personagens principais viverem um romance).
- Cerimonia do Chá, acompanhar a tradição.
- Fazer aula de sushi.
- Visitar o mercado de peixes em Tóquio, onde acontece o famoso leilão dos atuns gigantes.
- Se vestir de gueixa/gueiko ou samurais em Kyoto.
- Ver uma luta de Sumô (tem datas certas dos festivais).
Melhor época para visitar?
- Primavera, de abril a maio.
- Outono, de setembro a novembro.
- Início de junho a meados de julho é estação chuvosa e quente. Fui em julho, chegamos logo após um tufão que levou o tempo chuvoso embora e pegamos uma semana de muito calor.
- Agosto e setembro é a época dos temporais, pode atrapalhar muito os passeios.
O que comer? A cozinha japonesa valoriza muito os ingredientes locais e sazonais.
- Ningyouyaki é um bolo recheado de pasta de feijão (sobremesa onipresente), que vem em formato de bonecas, feita na hora em uma grelha.
- Tradicional sushi, o sashimi. Restaurante de sushi só tem sashimi. Entendeu? Imagina a nossa confusão nos pedidos…
- Bar de tempurá, como restaurante de sushi só serve sushi, os melhores de tempurá também são exclusivos e é servido como refeição, acompanhado de arroz.
- Experimentar o Abalone, um molusco em uma grande concha; e Uni, parte comestível de ouriço-do-mar, ambas iguarias muito apreciadas no país.
- Comida e a tradição Kayseki – uma sequência com cerca de doze pratos tradicionais, servidos na ordem de seu preparo. Para conhecer a tradição, precisa experimentar, mas é bem diferente do nosso paladar.
- Sorvete de chá verde: região produtora de chá verde, o Ban Cha, Kyoto tem entre seus sabores o sorvete de chá verde. Ao pé do templo Kiyomizu tem o melhor da cidade, em uma loja com diversos produtos, inclusive variedades do próprio chá verde. Vale experimentar.
A escolha de uma boa guia, que fale português é mandatória, e faz toda a diferença. Passamos por três até acertar, muitas falavam, mas não compreendiam o que falávamos, era um desespero. A melhor é a pequena e doce Yoko, que mantemos contato até hoje (yksaude@gmail.com).
Fotos: Daniela Filomeno e Shutterstock