Dia Internacional da Cerveja: Brasil tem mais de 1.500 cervejarias registradas

País é um dos principais produtores da bebida do mundo; veja os números do setor e conheça algumas boas opções de cervejarias espalhadas pelo Brasil

Daniela Caravaggido Viagem & Gastronomia

Desde 2007, a primeira sexta-feira de agosto é destinada mundialmente para a comemoração do Dia Internacional da Cerveja. Não há nada registrado oficialmente, mas diz a lenda que a data foi inventada em Santa Cruz, na Califórnia, por um grupo de amigos, e se espalhou pelo mundo. O grande propósito é reunir pessoas queridas e celebrar o universo cervejeiro, que tem particularidades que muita gente nem imagina.

O Brasil é hoje um dos principais produtores de cerveja no mundo, ficando apenas atrás da China e dos EUA. O mercado representou pelo menos 1,5% do PIB brasileiro em 2019, segundo estudo feito pelo Oxford Economics para a Worldwide Brewing Alliance (WBA).

O levantamento apontou ainda que o mercado cervejeiro atingiu mais de 1,9 milhões de vagas de empregos diretos e indiretos no Brasil – equivalente a 2,1% do emprego nacional.

Já segundo Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), o país pode bater o recorde histórico de produção e fechar 2022 acima dos 15 bilhões de litros, superando a marca de 14,6 bilhões do ano passado. São 175 bilhões de reais de valor agregado à economia, ou seja, 2,2% do PIB.

 

Mais números do Brasil

De acordo com a Euromonitor Internacional, o volume total de vendas da bebida no país cresceu 8% em 2021: 14 bilhões de litros – o maior patamar registrado até então.

O faturamento do setor totalizou R$ 208,8 bilhões, um aumento de 11% em relação a 2020. O último levantamento da empresa, feito em 2021, mostrou também que o Brasil tinha 1.712 cervejarias registradas, um crescimento alto em relação a 2016, quando havia apenas 493, indo na contramão da expectativa de mercado da pandemia.

“A categoria de cervejas tem se mostrado ser incrivelmente resiliente aos diversos tipos de crise. Isso se deve muito a um percepção dos consumidores que veem no produto uma associação de indulgência e socialização, dando força principalmente para o consumo fora do lar, em bares e restaurantes, a partir do segundo semestre de 2021, como uma tentativa de compensar o tempo perdido e isolado”, afirma Rodrigo de Mattos, analista de bebidas alcóolicas e tabaco na Euromonitor International.

Além disso, segundo ele, as empresas têm trazido muitas novidades e produtos para todos os gostos, inclusive com apelos saudáveis, como alegações de baixas calorias ou zero álcool, por exemplo.

Uma curiosidade: cervejas sem ou com baixo teor alcoólico foi a categoria com melhor desempenho em 2021, tendo registrado um aumento no volume total de vendas de 44%, passando para 285 milhões de litros.

Brasil é um dos maiores produtores de cerveja do mundo: são mais de 1.700 cervejarias no país / Unsplash

A chegada da cerveja ao Brasil

De acordo com Ronaldo Morado, cervejólogo e autor do livro “Larousse da Cerveja”, a paixão nacional pela bebida levou alguns anos para se popularizar.

No século 17, uma expedição holandesa desembarcou no Nordeste pela Companhia das Índias Ocidentais. A comitiva trazia cientistas e artistas, que abriram vários empreendimentos na região de Pernambuco, entre eles a primeira cervejaria do Brasil.

Em 1654, quando os holandeses deixaram o país, a cerveja foi com eles. Nada ficou aqui e todos os equipamentos e receitas foram levados pela expedição, o que apagou por um longo período a bebida da nossa história.

Ainda segundo os registros da época, com a fuga da Família Real para o Brasil e a abertura dos portos da colônia em 1808, as atividades cervejeiras foram retomadas por aqui.

“A bebida, entretanto, era produzida de forma artesanal, pelas mãos de imigrantes alemães e holandeses, que faziam essa produção caseira para consumo próprio. Não havia atividade industrial. Os ingredientes utilizados nessa produção também eram outros. O lúpulo e a cevada, que teriam de ser importados, não estavam na composição à época. O que se sabe é que insumos como arroz, milho, trigo eram utilizados”, explica Edu Passarelli, professor do Instituto da Cerveja.

As grandes marcas e diferentes opções

Em 1850, pequenas cervejarias começaram suas atividades. A primeira registrada foi a Bohemia, em 1853.

O ano de 1888, entretanto, é o considerado um marco para esse mercado no país. Foi quando as duas maiores cervejarias surgiram quase simultaneamente no Brasil.

Enquanto no Rio de Janeiro foi criada a Cia Cervejaria Brahma, em São Paulo nascia a Antarctica – anos depois as duas se fundiriam para criar a Ambev, maior produtora do país, que só cresceu de lá pra cá. Hoje, a empresa engloba diversas marcas, sendo uma das grandes referências do segmento.

As mais de 1.500 cervejarias espalhadas hoje pelo Brasil têm seus tamanhos variados. Os amantes da bebida encontram em qualquer estado ótimas opções para conhecer suas fábricas e degustar seus rótulos, seja de pequenos ou grandes produtores.

Se você faz parte deste grupo, veja cervejarias que certamente gostará de conhecer pelo país:

Amazon Beer – Pará

Amazon Beer está localizada na Estação das Docas, ponto turístico famoso de Belém do Pará. Cervejaria usa insumos locais para produção de suas bebidas / Reprodução/Instagram

Inaugurada em 2000, na Estação das Docas, um dos lugares mais emblemáticos de Belém do Pará, a Amazon Beer completa 22 anos em 2022. Os anos se passaram, a marca abriu sua fábrica em 2011 e foi aumentando cada vez mais a sua capacidade de produção. Pioneira na região, foi premiada no Brasil e em outros países, sempre trazendo inovação em suas fórmulas.

Surpreenderam ao lançar sabores até então nunca pensados, com insumos naturais característicos do país, como a “Scout Açaí”, que juntou duas paixões da região: a cerveja e o açaí.

Passaram a exportar a bebida para outros países, como Dinamarca e Japão, e tornaram-se referência do mercado. De uma microcervejaria do Pará, alcançaram números expressivos e viraram ponto de parada obrigatório para quem visita Belém.

Rua Estação das Docas, Blvd. Castilhos França, s/n, Belém – PA/Telefone: (91) 3212-5401/Horário de funcionamento: de segunda a quarta-feira, das 17h às 00h. Às quintas e sextas-feiras, das 17h à 1h; sábado e domingo das 12h às 00h.

Bamberg – Votorantim (interior de São Paulo)

A Bamberg está localizada em Votorantim, no interior paulista. A escolha do nome da cervejaria foi em homenagem à cidade alemã de Bamberg, considerada capital mundial da cerveja.

A marca, que começou em dezembro de 2005, optou por produzir apenas estilos alemães da bebida, desde os clássicos até inspirações próprias, seguindo a Lei da Pureza alemã. Ao longo dos anos, ganhou reconhecimento e já conta com mais de 200 prêmios conquistados em todo o mundo.

A cervejaria conta com o “Bamberg Taproom”, espaço localizado na fábrica que conta com pelo menos 10 variedades de chopes – e uma ótima gastronomia para acompanhar. Aos sábados, o local oferece uma visita guiada à fábrica. Quem comanda o passeio é o próprio mestre cervejeiro e fundador da Bamberg, Alexandre Bazzo.

Avenida  Antônio Castanharo, 555 – Parque Jataí/Telefone: (15) 3242-7685/Horário de funcionamento: segunda a quinta, das 8h30 às 18h30 (sem alimentação); sexta das 8h30 às 22h; sábado das 9h às 18h; domingo das 10h às 16h.

Grupo Pretópolis – Rio de Janeiro

Grupo Petrópolis oferece tour gratuito em suas fábricas. A modelo fica localizada em Teresópolis, no Rio de Janeiro / Divulgação

Petrópolis é a casa da Bohemia, marca brasileira pioneira, inaugurada em 1853. O destino é muito procurado pelos amantes da bebida e a cidade abriga fábricas e marcas locais que integram o seu “circuito cervejeiro” – muitos rótulos famosos pelo Brasil. Itaipava, Crystal, Lokal, Black Princess, Petra e Weltenburger, por exemplo, são de lá e pertencem ao Grupo Petrópolis.

Um passeio legal por quem está na região é a visita à fábrica-modelo, em Teresópolis, a pouco mais de 100km da cidade. O local conta com uma capacidade produtiva alta, com cinco linhas de produção.

Em Petrópolis também é possível fazer o “Beer Tour”, que é gratuito. Nele, os visitantes observam desde a chegada da bebida ao envase das latinhas e garrafas. Eles também vivenciam um pouco da experiência de mestres cervejeiros e aprendem curiosidades sobre o tema.

Fábrica-modelo de Teresópolis: Rodovia BR-116, Km 50, s/n, Serra do Capim – Teresópolis/RJ/Telefone: (21) 2741-4500/Horário de funcionamento: informações da visita são dadas pelo e-mail: beertour.ptr@grupopetropolis.com.br.

Devaneio do Velhaco – Rio Grande do Sul

Fundada no Centro Histórico de Porto Alegre, a cervejaria Devaneio do Velhaco oferece bebidas exclusivas desde 2018. Seus fundadores afirmam que as cervejas são feitas com dedicação total, alma criativa e “no tempo que a natureza achar necessário”.

Respeitando os processos produtivos, eles vendem cervejas frescas ou de guarda. Na aba dos produtos, a descrição perfeita do que será consumido.

Marcelo “Barão”, Kauai Padaratz e Thiago Oliveira são os mestres cervejeiros do local e os responsáveis em desenvolver as receitas e comandar os processos produtivos por trás de todos os rótulos.

Quem for a Porto Alegre poderá degustar os rótulos no bar da fábrica, direto da fonte, com estilos bem variados, que vão desde cervejas leves e simples, passando por cervejas amargas e terminando em cervejas pesadas e complexas.

O local também oferece uma visita para quem deseja saber um pouco mais sobre o processo de tudo aquilo que é produzido. Além disso, no Bar da Fábrica do Devaneio do Velhaco é possível encontrar a carta completa de cervejas de guarda e cervejas vintage raras (que só podem ser consumidas no bar). Para comer, há tábuas para harmonizar com os rótulos.

Cervejaria Devaneio do Velhaco respeita os processos produtivos da bebida, vendendo frescas ou de guarda / Reprodução site

Rua General Portinho, 245 – Centro Histórico, Porto Alegre/Telefone: (51) 9687-4815/Horário de funcionamento: de terça a sábado, das 18h às 23h

MinduBier – Bahia

Cervejaria baiana, a MinduBier foi fundada em 2016 pelo arquiteto Gustavo Martins, sommelier de cervejas formado em Tecnologia Cervejeira pelo Science of Beer Institute. Foi idealizada com propósito de mostrar que a Bahia está muito além do dendê, produzindo criações autorais e colaborativas com as principais cervejarias do país.

Um de seus rótulos é a cerveja MinduPils, que acabou de vencer o Concurso Brasileiro de Cervejas de Blumenau (SC). A versão superou mais de 3.600 inscritos na premiação e conquistou 106 jurados de diferentes países.

Representante do estilo German Pilsen, a bebida não tem nenhum processo de filtragem nem pasteurização, o que mantém o frescor original do estilo. Além disso, a marca baiana fez adições extras de lúpulos nobres ao aroma.

Agora com fábrica própria, o empreendimento localizado na cidade de Lauro de Freitas, possui 400 m2. Além de fabricar, envasar e armazenar as cervejas da marca, o local abriu em março deste ano um bar para receber seus clientes. O bar da MINDU é equipado com 10 torneiras exclusivas para consumo local, cursos e tour na fábrica.

Rua Martins de Oliveira, 109 – Morada do Sol, Lauro de Freitas – BA/Telefone: (71) 98106-9026/Horário de funcionamento: quarta a quinta, das 16h às 22h; sexta das 16h às 23h; sábado das 12h às 20h. Fechado às segundas e terças.

MinduBier é uma cervejaria Baiana, localizada em Lauro de Freitas desde 2016. Foi premiada recentemente em um concurso no sul do país entre mais de 3.600 inscritos / Divulgação

Trilha Cervejaria – São Paulo

A Trilha Cervejaria nasceu em 2016. A paixão pela cerveja e vontade de inovar fizeram com que Daniel Bekeirman e Beto Tempel mergulhassem no universo, largando seus respectivos empregos. Tinham o objetivo de trazer cerveja de excelência, com produtos de qualidade, que muitas vezes só encontravam no exterior.

Em São Paulo, os sócios lançaram a primeira receita, a pioneira Melonrise. Lupulada, suculenta, de aroma e sabor frutados. A fórmula abriu portas no Brasil para a Juicy IPA, estilo de IPA encontrado, até então, somente fora do país. Hoje, seis anos depois, a marca soma mais de 300 receitas de estilos variados e cada vez mais complexos que compõe seu portfólio.

Cervejaria Trilha tem pequeno salão com 12 torneiras para extração de chopes na zona oeste de São Paulo / Divulgação

Localizado em Perdizes, zona oeste paulistana, o espaço, que abriga a fábrica com capacidade produtiva de 7 mil litros, e um pequeno salão com 12 torneiras para extração de chopes, não demorou a se tornar destino certo entre o público amante da boa cerveja fresca.

Há dois anos, a Trilha passou a fazer entregas em nível nacional, por meio de sua loja on-line. Para o serviço, os sócios partem da mesma premissa: seja em qualquer lugar do Brasil, o cliente recebe cervejas vivas (nunca pasteurizadas) e frescas.

Rua Apinajés, 137 – Pompeia, São Paulo/Telefone: (11) 4329-0193/Horário de funcionamento: às segundas e terças-feiras, das 11h às 22h; quarta-feira das 10h às 22h; quintas e domingos das 10h às 22h; sextas e sábados das 10h às 23h.

Krug Bier – Minas Gerais

Minas Gerais é uma das regiões em que há mais opções de cervejarias do Brasil. Segundo o Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado (SindBebidas), existem 41 cervejarias artesanais na capital Belo Horizonte, sendo 15 no município de Nova Lima, vizinho à ela.

A legislação do município dá incentivos fiscais a esse tipo de empreendimento, o que explica a formação do polo da cevada na região.

Considerada a primeira cervejaria artesanal de Minas Gerais, a Krug Bier é uma delas e recebe cervejeiros em suas instalações, em Nova Lima. Os visitantes podem participar de um tour guiado, que passa pela história e produção das cervejas da marca. A atividade custa R$ 69 por pessoa e acontece uma vez por mês – com direito a surpresa no fim. Os ingressos devem ser adquiridos no site oficial.

A empresa completa 25 anos em 2022. A fábrica tem uma loja anexa. Além disso, oito choppeiras estão disponíveis para os clientes que quiserem experimentá-los já no local.

Avenida Montreal, 280 – Jardim Canadá – Nova Lima, MG/Telefone: (31) 98491-4639/Horário de funcionamento: segunda a sexta, das 9h às 18; aos sábados das 8h às 12h. Fechado aos domingos.


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