Copenhague: a vida cultural de uma cidade sustentável e surpreendente
Com inúmeros museus, atrações culturais e vida urbana admirável, capital da Dinamarca é um destino vibrante para todas as idades na Europa
Moderna e tradicional, sofisticada e simples. Copenhague pode ser definida por contrastes, os quais não competem entre si, mas se completam. Originalmente uma vila de pescadores viking, ela alcançou o posto de capital da Dinamarca no começo do século 15 e se desenvolveu para ser o centro cultural, econômico e governamental do país, bem como um destino repleto de façanhas.
Hoje, ela ocupa a 2ª posição entre as 173 melhores cidades do mundo para se viver e também garante um lugar entre as melhores cidades para se comer. Ano após ano lidera como a capital mais propícia para ciclistas, o que me leva a constatar: as bicicletas estão mesmo por toda a parte.
Olhe para o lado e você verá ciclovias, que estão enraizadas na cultura local. Não é de se espantar que, todos os dias, 49% dos moradores vão para o trabalho ou para a escola em cima de duas rodas, segundo o órgão de turismo. Esta é, inclusive, uma das maneiras mais interessantes de conhecermos a cidade – vários são os pontos de aluguel ou hotéis que oferecem bikes.
E ainda nem citei a melhor parte. Copenhague é um excelente polo de restaurantes, bares, cafés, museus e de arquitetura, com inúmeras opções para todos os gostos. “Perder-se” pelos bairros é encontrar descobertas deliciosas e entender o porquê ela foi eleita a Capital Mundial da Arquitetura pela Unesco até 2026, bastão que será passado para Barcelona e que, anteriormente, foi do nosso Rio de Janeiro.
Destino mais que especial da 7ª temporada do CNN Viagem & Gastronomia após um giro pela Escandinávia, Copenhague me conquista pelos olhos e pelo estômago. Falarei mais sobre a fantástica gastronomia nórdica em uma outra coluna, mas, abaixo, venha comigo para um giro cultural e por endereços imperdíveis no centro da capital da Dinamarca:
Raio-X de Copenhague:
- População: 660 mil habitantes (área metropolitana passa de 1 milhão);
- Visto: brasileiros a turismo não precisam de visto para estadias de até 90 dias;
- Como chegar: do Brasil, a maneira mais fácil é fazer conexão em alguma cidade europeia, como Lisboa, Frankfurt e Amsterdã, e de lá voar para Copenhague até o aeroporto internacional, ligado ao centro por viagens rápidas de trem, metrô e carro.
- Moeda oficial: coroa dinamarquesa (DKK); mas há lugares que aceitam euros, dólares americanos, e as coroas norueguesa e sueca;
- Língua oficial: dinamarquês, mas inglês também é amplamente falado;
- Quando ir: verão, de junho a setembro, é o mais indicado pelas temperaturas agradáveis e passeios ao ar livre; dezembro se destaca pelas decorações de Natal.
- Como se locomover: transporte público é a melhor maneira. Cidade servida por linhas de metrô (24 horas), trem e ônibus. Conhecer a cidade a pé, por meio de barcos e de bikes também é possível e recomendado;
- O que não deixar de ver: Nyhavn, Museu Nacional de Arte da Dinamarca, Castelo Rosenborg, Jardim Botânico, Jardins de Tivoli, e os Lagos.
Vale destacar que Copenhague possui o Copenhagen Card, cartão cuja modalidade “all inclusive” sai a partir de 499 coroas dinamarquesas (R$ 400) e dá entrada para mais de 80 atrações e garante uso ilimitado do transporte público.
Nyhavn: o cartão-postal
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Nyhavn tem casinhas coloridas e embarcações no canal; área é repleta de bares e restaurantes • CNN Viagem & Gastronomia
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Área é deliciosa para cervejas, comidinhas e passeios sem pressa; ambiente muda conforme as estações do ano • CNN Viagem & Gastronomia
Uma boa maneira de começar a descobrir Copenhague é em Nyhavn, cartão-postal da cidade com suas casinhas coloridas à beira do canal. É um local cheio de bares e restaurantes que se liga facilmente ao transporte público.
“Nyhavn significa o novo porto. A ideia de construir o porto foi para atrair mercadores. Hoje em dia já é um lugar para tomar uma cerveja e comer peixe frito”, conta Aline Gomes, guia de turismo que me acompanhou em algumas andanças. As casas viraram endereços gastronômicos e, principalmente nos dias de calor, moradores e turistas se encontram aqui para passar bons momentos.
O famoso escritor Hans Christian Andersen, eternizado pelas histórias de “A Pequena Sereia” e “O Patinho Feio”, morou em três números distintos de Nyhavn no século 19, o que adiciona uma certa magia ao local. Os ares também mudam no Natal: tudo fica perfumado pelo gløgg, espécie de vinho quente nórdico, e o mercado tradicional ocupa as ruas com luzes e vendinhas.
O canal logo em frente não é mero detalhe: daqui saem passeios de barco que podem durar uma hora e que passam por pontos turísticos famosos da cidade, como por palácios e pela estátua da Pequena Sereia à beira da água.
A alguns passos de Nyhavn fica a Kongens Nytorv, praça no coração do centro antigo que é lar do The Royal Theatre, do século 18, com óperas, peças e concertos; do Palácio de Charlottenburg, do século 17, que hoje abriga uma das coleções contemporâneas mais importantes da Europa; e do Hotel D’Angleterre, um dos mais chiques hotéis de Copenhague que ocupa um edifício originalmente neoclássico de 1755.
A praça se liga à Strøget, mais importante rua comercial da cidade, aberta somente a pedestres, que se alonga por 1,1 km e exibe vitrines de grandes grifes ao lado de lojas de departamentos. No meio do caminho aparece a Praça Amagertorv, onde, por vezes, acrobatas, músicos e mágicos chamam a atenção.
Museus e vida cultural
O melhor de tudo é que vários dos pontos turísticos e aparatos culturais de Copenhague não ficam longe uns dos outros. Pegue, por exemplo, o cruzamento entre as vias Øster Voldgade e Sølvgade: o pedaço é formado pelo Museu Nacional de Arte da Dinamarca, pelo Museu Nacional de História Natural e pelo Castelo Rosenborg, entre outros.
As atrações fazem parte do “distrito verde” de museus, que, com um único tíquete, nos dá acesso a seis atrações das redondezas. O cartão sai a partir de 295 coroas (R$ 240). Mas, claro, ingressos avulsos também podem ser comprados.
A começar, o Museu Nacional de Arte é o maior museu de arte de toda a Dinamarca, com uma coleção de mais de 260.000 obras que foi originalmente derivada do acervo da realeza – com a democracia instalada no século 19, as obras passaram a ser exibidas para a população. Além de mostras recorrentes, podemos ver pinturas e esculturas de arte europeia que datam desde 1300 até os dias atuais. A entrada individual para adulto sai por 130 coroas dinamarquesas, cerca de R$ 106.
Já o Museu Nacional de História Natural tem cerca de 14 milhões de objetos coletados ao longo de 400 anos, incluindo peles, esqueletos, insetos, plantas, fósseis, minerais e meteoritos. O ingresso avulso sai por 115 coroas (R$ 95) e dá acesso ao museu e a Palm House, estufa vitoriana no centro do Jardim Botânico.
Este é outro capítulo: com entrada gratuita, o Jardim Botânico é como um oásis no meio da capital, que dispõe da maior coleção de plantas vivas do país e que completa 150 anos neste endereço em 2024. São mais de 9.000 plantas diferentes, de espécies exóticas a tropicais.
Por fim, outro dos passeios sem sair da região é o Castelo Rosenborg, bem no centro da cidade, de fácil acesso, e onde podemos ver cobiçadas joias da monarquia e até antigas coroas cravejadas. O castelo é datado do século 17 e foi erguido a mando do rei Christian IV. Ele segue o típico estilo renascentista holandês, com tijolos pequenos, torres alongadas e telhados esverdeados.
“O grande sonho do Christian na época era fazer de Copenhague um retrato de Amsterdã, pois a capital da Holanda era prolífera, cheia de mercadores e de dinheiro, e ele queria trazer esse dinheiro para cá”, diz Aline Gomes. A entrada avulsa para adentrar o local sai por 140 coroas dinamarquesas, cerca de R$ 115.
Por falar em castelo, Copenhague nos exibe ainda outras antigas residências da monarquia e palácios. Entre os nomes estão o Palácio de Amalienborg, residência de inverno da família real dinamarquesa e o Palácio de Christiansborg, sede do parlamento.
Não muito longe da cidade, a cerca de 40 minutos ao norte, fica o Castelo de Kronborg, Patrimônio da Unesco, famoso por ser o cenário de Hamlet, de Shakespeare. Os primórdios datam de 1420, sendo reerguido ao longo do tempo, mas hoje, por 145 coroas (R$ 120) é possível ver o salão de baile e tapeçarias históricas, assim como ter uma vista para a Suécia, que fica do outro lado do estreito.
De volta ao centro da cidade, uma caminhada agradável, daquelas sem pressa, pode ser feita ao longo dos Lagos, local formado por três lagos que é ideal para momentos descontraídos. Beirando as águas há caminhos para pedestres, que somam mais de seis quilômetros. No verão, passeios com barquinhos e pedalinhos são comuns, e no inverno, com a grossa camada de gelo formada, há quem arrisque andadas e patinação.
Diversão à moda antiga
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Atrações e jardins do Tivoli, um dos parques de diversão mais antigos do mundo • Divulgação/Tivoli Gardens
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Montanha-russa de madeira de 1914 é atração imperdível do Tivoli que preserva freio de mão manual • Divulgação/Tivoli Gardens
Uma vez em Copenhague é quase obrigatória a visita aos Jardins de Tivoli, um dos parques temáticos mais antigos do mundo – aberto em 1843! – e fonte de inspiração para ninguém menos que Walt Disney. Aqui nossa diversão é garantida e o segredo é que há algo para todo mundo.
Imagine se aventurar em uma montanha-russa de madeira de 1914 que é controlada por um freio de mão? Aqui é possível. Quer algo mais contemporâneo? A “The Demon” lança aventureiros em loopings e atinge 28 metros de altura.
A diversão é garantida também para quem ama comer: vários são os restaurantes, de bistrô francês, de frutos do mar e culinária dinamarquesa, até barraquinhas com cachorro-quente local (na baguete) e hambúrgueres.
À noite, a magia continua: milhares de luzes se acendem e criam um ambiente apaixonante e mágico. As entradas custam a partir de 160 coroas (R$ 130) e as atrações são pagas à parte. Vale destacar que o Tivoli faz parte do Distrito Cultural de Copenhague, que reúne 16 atrações no coração da cidade, incluindo museus e palácios.