Conheça Bérgamo e Bréscia, capitais da cultura italiana para 2023

Cidades foram escolhidas para demonstrar potencial turístico e cultural em conjunto após pandemia de Covid-19; localidades apresentam joias arquitetônicas de vários estilos, praças e museus

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Pela primeira vez desde que foi criada, a capital da cultura italiana neste ano não se limita a apenas uma localidade, mas sim duas.

Bérgamo e Bréscia, comunas próximas na região da Lombardia, se juntam em uma série de projetos e eventos para fazer jus ao título de Capital da Cultura Italiana em 2023.

Para tal, apresentações teatrais, danças, exibições, visitas guiadas e conferências estão agendadas para ocorrer ao longo do ano. A programação completa pode ser conferida aqui.

Escolha e semelhanças

O título de Capital Italiana é concedido desde 2014 pelo governo italiano e, segundo informações oficiais do Ministério da Cultura, tem o objetivo de promover projetos e atividades de valorização do patrimônio cultural, tanto material quanto imaterial, e, assim, incentivar o turismo e investimentos nas localidades escolhidas.

Ambas as localidades apresentaram um projeto conjunto e foram selecionadas por terem se tornado símbolo de resiliência ao impacto da pandemia de Covid-19 no país.

“Quisemos assim apoiar um projeto de compensação do território pela trágica experiência pandêmica e das suas perdas, mas também reunir todas as energias e direcioná-las para uma verdadeira ação de relançamento, em que a cultura se torne um catalisador de inovações e visões nas mais diversas esferas de convivência”, diz a página oficial da Capital da Cultura Italiana.

Enquanto Bérgamo dista mais de 50 km de Milão, Bréscia fica a mais de 80 km da capital da Lombardia. Ambas possuem semelhanças, como a presença de romanos e lombardos ao longo da história, assim como uma rica herança cultural formada, por exemplo, pelas construções de séculos passados que seguem bem preservadas.

Bergamo: cidade muralhada e diferentes estilos arquitetônicos

A nordeste de Milão, Bergamo reúne traços de arquitetura medieval, barroca e renascentista por suas ruas estreitas.

Dada a curta distância de Milão, é comum turistas conhecerem a cidade num bate-volta.

Lar de mais de mais de 120 mil habitantes, a cidade também é conhecida por ser dividida em duas: a Cidade Alta (Città Alta), cercada por muralhas venezianas e construções medievais, e a Cidade Baixa (Città Bassa), considerada a parte mais contemporânea de Bérgamo.

As duas partes são conectadas por um funicular, que funciona há mais de 120 anos e possui vistas privilegiadas em seu entorno.

Um dos passeios mais famosos é subir à Cidade Alta e conferir de perto os cerca de seis quilômetros de muralhas venezianas, fortificação construída a partir do século 16 com propósito de defesa. É um dos cartões-postais da cidade e que ganha contornos mais especiais durante o pôr do sol.

Outro dos pontos famosos de Bérgamo é a Piazza Vecchia, antiga praça que corresponde ao centro político e administrativo da cidade.

A praça é cercada por construções históricas, como a Torre Civica, símbolo medieval da cidade com 52 metros de altura. É possível subir até os últimos andares por meio de um elevador (ou enfrentar 230 degraus de escada) e conferir as vistas privilegiadas do alto.

Ali fica um dos maiores sinos da Lombardia, o qual, todas as noites, às 22h, toca cem vezes como uma lembrança do fechamento dos portões da cidade durante a dominação veneziana.

A Basilica di Santa Maria Maggiore e a Catedral de Bérgamo completam visitas tidas como imperdíveis na cidade.

A primeira possui uma profunda ligação com a cidade. Sua construção começou em 1137 na Piazza Duomo, na Cidade Alta, e foi ganhando adornos ao longo dos séculos, em que tapeçarias, afrescos e estuques são alguns dos detalhes que decoram seu interior. Interessante é que a igreja não possui uma entrada principal, apenas entradas laterais.

Também na Piazza Duomo, a Catedral de Bérgamo tem resquícios subterrâneos que datam do século 5 a.C e, até hoje, guarda pinturas de Giovan Battista Moroni e Andrea Previtali e incrustações de madeira e mármore preciosas.

O item considerado mais valioso, porém, é uma tiara do papa João 23, hoje São João 23, que é decorado com pérolas, rubis, diamantes e esmeraldas. O papa nasceu na pequena comuna de Sotto il Monte, próxima de Bérgamo.

Bréscia: segunda cidade mais populosa da região

Com castelos, muralhas, ruínas romanas, praças renascentistas e construções medievais, Bréscia é hoje a segunda cidade mais populosa da Lombardia, já que é lar de quase 200 mil pessoas – perde apenas para os 1,3 milhão de Milão.

Cerca de 45 minutos separam a capital e a cidade de trem.

Na Piazza del Foro, Bréscia acomoda um verdadeiro complexo arqueológico de resquícios romanos datados do século 1, que abrange fórum, teatro, templo capitolino e ainda o Museo Civico Romano.

Ao lado está San Salvatore, conjunto de edifícios da Alta Idade Média que é composto pelo antigo mosteiro de San Salvatore e Santa Giulia e pela basílica de San Salvatore e pela igreja de Santa Giulia, estes considerados como resquícios dos lombardos pela Itália e parte do Patrimônio Mundial da Unesco.

Para conhecer mais sobre a região, o Museu Santa Giulia, que ocupa um antigo mosteiro, tem uma vasta coleção que inclui casas romanas, capelas, monumentos religiosos diversos, assim como mosaicos, afrescos e pinturas. É uma chance de entender melhor a região e a Lombardia – exposições temporárias também ocorrem por ali.

A Piazza Paolo 6º também é desses lugares que são uma verdadeira aula de história a céu aberto: recheada de arquitetura medieval, é como o coração religioso da cidade, estão as catedrais Duomo Vecchio, do século 11, e Duomo Nuovo, do século 17.

Não muito longe fica a Piazza della Loggia, que possui uma mistura de construções renascentistas, lojas, uma torre de relógio e o imponente Palazzo della Loggia, em estilo veneziano.


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