Como é entrar no Cristo Redentor e ter uma vista do Rio a 700 metros de altura
No segundo destino desta temporada do programa, visitei a Cidade Maravilhosa e subi os dez andares do interior de um dos monumentos mais importantes do Brasil - todo o esforço vale a pena
Independente do dia ou do propósito da viagem, o Cristo Redentor sempre nos recebe de braços abertos no Rio de Janeiro, como um guardião que olha as belezas naturais da Cidade Maravilhosa no topo do morro do Corcovado. Imponente, a estrutura de concreto armado e pedra-sabão de 1931 é uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno e recebe milhares de visitantes anualmente.
Símbolo do cristianismo no Brasil, chegar aos seus pés por meio de trem pela Mata Atlântica é um passeio agradável e até mais antigo que a própria estátua Art Déco – a linha foi inaugurada pelo imperador Dom Pedro II em outubro de 1884.
De impacto cultural imensurável, muitas são as curiosidades que rondam sua existência, mas uma em específico mexe com a cabeça de muita gente, incluindo a minha: como é subir no interior do Cristo?
Se estar de frente para ele já é emocionante e impactante, sua grandiosidade literal e simbólica é ainda maior quando estamos em cima de seus majestosos braços, ao lado de sua cabeça e vislumbrando todo o esplendor da baía de Guanabara enquanto o vento sopra em nosso rosto.
Preparativos para subida
Com trinta metros de altura, sem contar os oito metros do pedestal, e braços com 28 metros de largura, o Cristo possui uma estrutura interna com cerca de dez andares. Mas acessá-lo é um privilégio para poucos: a liberação depende da Arquidiocese, que analisa cada pedido caso a caso, já que, na verdade, o Cristo é considerado um santuário a céu aberto – uma capela católica devotada a Nossa Senhora Aparecida também fica na base do monumento, onde há celebrações católicas.
Portanto, entrar no Cristo não é um serviço turístico oficial e só é possível quando um andaime é montado para obras de reparo da estrutura, como ocorreu no dia em que realizei a aventura.
Neste dia, acordei muito cedo, antes mesmo do sol nascer e, junto da equipe de gravação do CNN Viagem & Gastronomia, segui para os pés do Cristo no Corcovado, a 710 metros de altura. No topo, é estonteante ver os primeiros raios solares tentando escapar entre as nuvens e beijando as águas do Atlântico.
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Já próximo do horário de subida, colocamos capacetes de proteção obrigatórios para entrada e nos dirigimos ao andaime, cujos degraus nos levam à estrutura interna. São 38 metros ao todo para chegar no ápice do monumento, em que alguns andares são mais rebaixados que outros. Mas adianto: subir os degraus internos do Cristo não é comparável a nada no mundo. É algo que, definitivamente, mexe com a gente.
Em geral, a estrutura interna não é claustrofóbica, a não ser quando estamos próximos da saída no braço direito: temos que nos agachar e arrastar dentro do pequeno espaço até chegarmos perto da cavidade que dá para fora. Foi neste momento que fiquei extremamente animada, com uma felicidade que tomou conta do meu corpo. Com o coração acelerado, esbocei um sorriso fácil à espera de uma das mais incríveis experiências de minha vida.
Emoção nos braços do Cristo
Chegado o momento, coloquei a cabeça para fora da cavidade do braço direito do monumento e me deparei com a visão deslumbrante que o próprio Cristo tem. Poder enxergar o mesmo campo de visão que esta maravilha tem para todo o Rio de Janeiro é uma oportunidade ímpar na vida. Dali, quase todos os cartões-postais se fazem presentes, desde as praias, a Lagoa Rodrigo de Freitas, o Pão de Açúcar, o Maracanã e o Maciço da Tijuca.
Ao mesmo tempo, virar e se deparar com a cabeça do Cristo logo ao meu lado é magnífico: é uma sensação de proteção sem igual. Assim, a empolgação se mistura com a emoção, e o resultado são lágrimas que escorrem de forma serena em tom de agradecimento. É indescritível.
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Estar lá em cima, a quase 800 metros de altura do lado de uma das construções mais simbólicas do mundo, é como estar mais perto de uma energia, de uma força que não é possível de ser descrita. Além de ser um local icônico e turístico, estar no Cristo Redentor é mexer com o campo espiritual de uma maneira cativante.
Na volta, nos deparamos novamente com um detalhe que fica bem no centro do corpo do Cristo: seu coração. Situado aproximadamente no oitavo andar, é a única peça da estrutura feita inteiramente de pedra-sabão por dentro e por fora. Exteriormente, o coração, que representa devoção ao sagrado coração de Jesus, já chama a atenção dos visitantes, mas é por dentro que a magia acontece ao vê-lo de perto e ter a oportunidade de tocá-lo.
Já de novo aos pés da obra de arte, olhar para cima e se dar conta de sua grandiosidade é arrebatador. Representando amor e esperança, novamente seus braços abertos nos acolhem, mesmo na hora de dizer adeus.