Boicote a pratos e drinques russos fomenta xenofobia, diz Abrasel

Restaurantes em São Paulo retiraram estrogonofe de cardápios, e bebida Moscow Mule mudou de nome para Kiev Mule em bares

João Pedro Malarda CNN , em São Paulo

A Associação de Bares e Restaurantes de São Paulo (Abrasel) criticou os anúncios feitos por bares e restaurantes sobre medidas de repúdio à invasão da Ucrânia pela Rússia, como a retirada do estrogonofe, um prato russo, de cardápios e a mudança de nome de drinques, caso do Moscow Mule, que virou Kiev Mule, fazendo referência às capitais dos países.

A Abrasil afirmou que o setor “pode e deve se opor à barbárie, mas sendo sempre muito cauteloso para não fomentar mais ódio”.

Nesse sentido, a associação afirma que essas ações, que segundo ela também têm ocorrido em outras partes do mundo, contrárias à gastronomia russa, acabam fomentando a xenofobia contra o povo russo.

“Por mais bem-intencionadas que sejam, para a Abrasel essas ações não ajudam de maneira prática quem mais sofre com o conflito e, ainda pior, acabam gerando uma mensagem confusa sobre a cultura e o povo russo, que estão sofrendo ataques em vários países. O resultado é nocivo, pois fomenta ódio a um povo”, diz.

No comunicado, a Abrasel destacou que há relatos de russos que vivem no Brasil há anos e estão sofrendo ameaçadas em redes sociais, com mensagens de ódio, o que ela considera ser “inaceitável”.

“Sempre fomos reconhecidos por nossa hospitalidade e pelo bom relacionamento com todos os povos. Os bares e restaurantes são ambientes democráticos e nunca palco para o preconceito, seja qual for. Jamais deveríamos incentivar o cancelamento de um povo ou de uma cultura”, afirma o presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci.

Para ele, seria melhor que os bares e restaurantes procurassem formas de apoiar campanhas que tentam levar ajuda humanitária para a Ucrânia, destinando, por exemplo, parte do valor arrecadado com as vendas para esse tipo de auxílio.

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