Mais da metade dos brasileiros LGBT+ já sofreram preconceito em viagens
Pesquisa aponta que a maior parte dos turistas avalia legislação local e reserva um assento específico no avião a fim de minimizar possíveis discriminações
Cerca de 58% dos turistas LGBTQ+ do Brasil já sofreram algum tipo de discriminação durante uma viagem. O dado faz parte de uma pesquisa encomendada pela Booking.com sobre as preferências e considerações que pessoas da comunidade têm antes de viajar.
Os desafios não param por aí: o levantamento aponta que os viajantes LGBTQ+ brasileiros sempre esperam alguma forma de comportamento discriminatório. Para 49% dos entrevistados, a discriminação pode vir dos habitantes do destino, e para 46% a discriminação pode vir de outros viajantes.
O recorte brasileiro faz parte de uma pesquisa on-line realizada com 11.469 viajantes LGBTQ+ de 27 países e territórios. Ela foi conduzida entre abril e maio deste ano e, para participar, os entrevistados tiveram que ter viajado a lazer nos últimos 12 meses.
Escolha do destino
Na hora de escolher um destino, a primeira consideração para 82% destes viajantes é o valor da acomodação, mas o planejamento leva em conta ainda a aceitação da comunidade. Para 75% deles, a possibilidade de serem autênticos durante a viagem é o segundo fator mais importante.
A escolha do destino ainda passa por outros critérios:
- 70% avaliam o que consumiram nas notícias sobre experiências de viajantes da comunidade;
- 67% consideram a legislação local de um destino em relação aos direitos humanos, à igualdade de gênero e ao casamento de pessoas do mesmo sexo;
- 64% avaliam se o destino aceita mais ou menos pessoas LGBTQ+ do que o seu país de origem;
- 37% mencionaram filtros que facilitariam a identificação de propriedades que oferecem uma experiência acolhedora.
Por outro lado, a pesquisa diz que, quando o destino possui uma legislação adequada à população LGBTQIA+, 89% dos viajantes brasileiros se sente à vontade para fazer o check-in na acomodação; 88% para se comunicar com anfitriões e companhias aéreas; e 87% para interagir com os profissionais do setor de hospitalidade, como guias, comissários e motoristas de táxi.
Tomada de decisões
Nos últimos 12 meses, apesar de 56% dos entrevistados brasileiros terem reservado uma viagem para um destino considerado a favor dos direitos LGBTQ+, 38% revelaram ter cancelado uma viagem em 2023 depois de perceberem que o destino não apoiava pessoas da comunidade.
A tomada de decisão também passa pela cultura pop: 70% dos entrevistados afirmam que são mais propensos a reservar experiências de viagem inspiradas em músicas, filmes, séries e livros voltados ao público LGBTQ+.
Discriminação em voos
A modalidade aérea também entra em pauta. Dos entrevistados, 39% expressaram apreensão com a ideia de se sentar ao lado de um estranho por medo de seu comportamento.
Segundo a pesquisa, 27% já sofreram uma experiência negativa relacionada à comunidade LGBTQ+ durante um voo. Assim, 52% dos viajantes da comunidade optam por reservar com antecedência um assento.
O estudo aponta ainda que 45% dos entrevistados já adotaram uma personalidade distinta para se movimentar em diferentes ambientes quando viajam. A principal razão é se proteger e se sentir em segurança.
Melhores destinos LGBTQ+
Neste ano, destinos nacionais como São Paulo, Bonito, Chapada Diamantina e Jalapão apareceram entre os melhores do Brasil para a comunidade LGBTQ+. O resultado faz parte da 3ª edição do Prêmio Viaja Bi!, elaborado com base nos votos de um júri nacional especializado.
Berlim, Curaçao, Nova York e Paris foram destinos internacionais que se destacaram na lista. Confira os resultados completos aqui.
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