Bangkok: dicas de passeios e restaurantes nada óbvios na capital da Tailândia

De mercado flutuante a restaurante estrelado de comida de rua, a cozinheira Maria Isabel Di Fonso, do restaurante paulistano Cais, elege suas experiências inesquecíveis na cidade

Cozinheira Maria Isabel Di Fonso visitou Bangokok, na Tailândia, e trouxe dicas de passeios e restaurantes que se destacaram em sua estadia por lá
Cozinheira Maria Isabel Di Fonso visitou Bangokok, na Tailândia, e trouxe dicas de passeios e restaurantes que se destacaram em sua estadia por lá Unsplash

CNN Viagem & Gastronomiado Viagem & Gastronomia

Bangkok, Tailândia

Bangkok, a capital da Tailândia, impressiona pela grandeza e ritmo acelerado nas ruas, em que a atmosfera vibrante atrai turistas de todas as partes do mundo. A cidade se apresenta como um local onde a modernidade, a tradição e a espiritualidade se encontram, principalmente em suas construções e grandiosos templos.

Maria Isabel Di Fonso, cozinheira de mão cheia e que brilha na execução de pratos com ênfase em peixes e frutos do mar do restaurante Cais, em São Paulo, esteve no país asiático recentemente e destaca a gastronomia local como grande parte da cultura da capital.

“Ao andar em uma curta distância, o anseio por provar algo já começa a pulsar”, enfatiza. Para ela, os pratos encantam pela precisão entre sal, acidez e gordura, além de carregarem histórias contadas por meio de sorrisos que trazem um abraço para a barriga e o coração.

“Meu pai era cozinheiro, então esta viagem também foi uma forma de estar mais perto dele. Ele se encantava pela Ásia e sempre falou que um dia iria comigo. Infelizmente não pude ir a tempo com ele, mas sei que, de alguma forma, naquela infinidade de coisas que experimentei, uma parte dele estava ali”, conta.

A seguir, a cozinheira compartilha dicas não tão óbvias do que fazer e de onde comer em Bangkok:

O que fazer em Bangkok

  • Mercado Flutuante de Bangkok

Damnoen Saduak Floating Market, em Bangkok, na Tailândia, é uma das opções de passeio da cidade / Arquivo pessoal

O encantador Damnoen Saduak Floating Market é o famoso mercado flutuante da capital tailandesa e tem tudo o que você puder imaginar. O mercado ferve a energia local, onde o principal dialeto é o sorriso.

No mercado, indico ir andando e se aventurando pelos vários pequenos comércios: a cada passo você vai se deparar com algo gostoso e encantador.

Visitantes e vendedores ficam nos barquinhos a remo e podemos encontrar muitas comidas e frutas típicas. É possível experimentarmos, por exemplo, uma deliciosa panqueca de coco, feita na hora, que mistura a carne da fruta fresca com um pouco de açúcar.

Clássico Pad Thai leva frango, broto de feijão, molho de tamarindo e uma farofinha de amendoim / Arquivo pessoal

O clássico Pad Thai também pode ser encontrado dentro de um dos barquinhos, preparado por uma senhora com cerca de 70 anos de idade e que, na minha opinião, foi o melhor que encontrei na Tailândia: apimentado na medida certa, com frango, broto de feijão, molho de tamarindo e uma farofinha de amendoim.

  • Passeio de barco pelo Rio Chao Phraya

Barcos no Rio Chao Phraya com o templo Wat Arun ao fundo / Wikimedia Commons

Entendi que em Bangkok é possível conhecer a cidade de vários jeitos. E um deles é uma volta de barco pelo Rio Chao Phraya, um dos grandes rios do país e que corta a capital.

Recomendo esta modalidade pois é lindo ver os templos por um outro ângulo e observar a cidade pulsando enquanto sentimos a brisa do rio em nossos rostos.

Vale lembrar que a viagem é paga por trechos ou através de um tíquete válido para o dia todo, que custa em torno de 20 reais.

  • Visita ao templo Wat Arun

Wat Arun é um templo rodeado de outros quatro templos que representam Deuses que fazem a proteção dos quatro cantos do mundo / Arquivo pessoal

O Wat Arun é o templo do amanhecer, uma das paradas que fizemos durante o passeio de barco. É um templo budista, que por muitos anos foi um monastério. Seu nome é uma homenagem ao deus hindu Arun, personificado pelas radiações do sol nascente.

É um lugar apaixonante rodeado de quatro outros templos que representam os deuses que protegem os quatro cantos do mundo (Norte, Sul, Leste e Oeste).

Um dos ícones da capital tailandesa, o templo fica aberto diariamente de manhã até o fim da tarde e a entrada sai por volta de 100 baht (cerca de R$ 14).

  • Museu Jim Thompson House

Jim Thompson House mistura história e tradição em um só passeio em Bangkok / Arquivo pessoal

A Jim Thompson House é um oásis em meio ao caos do centro de Bangkok. A casa tradicional tailandesa virou palco para o museu onde Jim, empresário americano que ajudou a revitalizar a indústria da seda tailandesa nas décadas de 1950 e 1960, viveu até antes de desaparecer.

Estrangeiro mais festejado do país, o legado dele foi a empresa têxtil – não é à toa que a seda tailandesa é reconhecida como uma das melhores do mundo. Apoiando-se também em elementos do ocidente, como o mármore, Jim construiu uma casa de madeira no estilo tailandês.

Espalhados pela casa, tradicionais itens de rituais religiosos chamam a atenção. Por ser uma construção antiga, a modernidade e a cultura tradicional acabam se encontrando e dialogando entre si.

Rodeada por muito verde e flores, o paraíso de Jim Thompson abriga incríveis obras de arte. Por aproximadamente R$ 25 temos opção de visita guiada pela casa e acesso a um restaurante, além de uma loja exclusiva.

Jim Thompson House: 6 Soi Kasemsan 2, Rama 1 Road. Bangkok 10330, Tailândia / Tel.: (662)216-7368 / Horário de funcionamento: todos os dias, das 10h às 18h, com a última visita guiada às 17h. 

Onde comer em Bangkok

  • Jeh O Chula

Mama Noodles Tom Yum, prato clássico e boa pedida no restaurante Jeh O Chula / Arquivo pessoal

O Sathorn Pier, um grande cais às margens do Chao Phraya, foi mais uma parada do passeio de barco pelo rio. Aqui que me dei conta de que o Jeh O Chula, restaurante com selo Bib Gourmand do Guia Michelin, ficava por perto.

Já sentada, pedi o clássico da casa: o Mama Noodles Tom Yum, que entrou para minha lista de melhores pratos que já comi na vida.

O caldo gorduroso é perfeitamente encorpado, combinado com a leveza do capim-limão. Junto, pequenas almôndegas de porco, no ponto perfeito, lulas, camarão e ovo com gema mole, tudo isso por um total de R$ 35.

É um lugar superdiscreto e que não pode passar batido. Mas é bastante concorrido, então minha dica é chegar cedo e já garantir a senha na fila de espera.

Jeh O Chula: 113 Soi Charat Mueang, Rong Muang, Bangkok, 10330, Tailândia / Tel.: +66 64 118 5888 / Horário de funcionamento: todos os dias, das 16h30 à 0h.

  • Jay Fai

Omelete de caranguejo úmida com textura perfeita feita pelas mãos da chef Jay / Arquivo pessoal

Quando estava fazendo meu roteiro para a viagem, o restaurante de comida de rua da chef Jay Fai estava no topo da minha lista. Com uma estrela Michelin, ele também é muito concorrido, em que cheguei às 8h da manhã para garantir minha senha na fila e sentar somente às 13h30. O tempo, porém, passou bastante rápido enquanto observava a chef cozinhar com maestria, calma e precisão.

Jay atende cerca de 100 mesas por dia e todos os pratos servidos são feitos exclusivamente por ela: os cozinheiros cortam e dividem as porções e depois toda a mágica acontece pelas mãos da chef.

Ver a omelete de caranguejo sendo preparada é hipnotizante. Ela envolve parte do caranguejo com ovos, coloca no óleo e vai incorporando ambos ao mesmo tempo. O resultado é uma omelete extremamente úmida e de textura perfeita por dentro e, por fora, possui uma camada crocante.

Na primeira mordida, eu chorei. Nunca tinha comido algo daquele nível de sabor e feito pelas mãos de quem tanto admiro. Foi um abraço de caranguejo no coração e na barriga.

Na sequência, indico o clássico Tom-yum hang goong, mas em uma versão em que é servido sem caldo, com lula, camarão, pimenta e muito coentro. A dica de ouro é pedir uma porção de arroz para acompanhar.

Vale dizer que fazemos o pedido antes de nos sentar à mesa. Portanto, se sentirmos vontade de comer mais, como aconteceu comigo, precisamos voltar outro dia. Então não seja generoso na hora do pedido! Dois belos pratos e duas cervejas custaram por volta de R$ 200.

Jay Fai: 327 Maha Chai Rd, Samran Rat, Phra Nakhon, Bangkok 10200, Tailândia / Horário de funcionamento: quarta-feira a sábado, das 9h às 19h30; fechado de domingo a terça-feira. 

  • Babble & Grill – Hotel Riva Surya

Sticky Mango Rice, sobremesa clássica que leva manga servida com leite de coco quente e arroz cozido / Arquivo pessoal

A clássica sobremesa tailandesa é o Sticky Mango Rice. A primeira vez que comi foi em um restaurante dentro de um hotel, o Riva Surya. O ambiente é acolhedor, embora não tradicionalmente tailandês, e a cozinha mescla a culinária local e internacional.

A sobremesa realmente foi o que me encantou. Um pedaço generoso de manga, acompanhado de um bowl com leite de coco quente e arroz cozido em folha de bananeira. O jogo é pegar um pouquinho de cada e mandar para dentro. Uma explosão única por aproximadamente R$ 26.

Riva Surya Bangkok Hotel: 23 Phra Athit Rd, Chana Songkhram, Phra Nakhon, Bangkok 10200, Tailândia / Tel.: +66 02 633 5000 / Horário de funcionamento: todos os dias, das 6h30 às 22h30. 

  • Bônus: o sorvete de Durian

Sorvete de Durian, clássica fruta da região, pode ser encontrado em diversos lugares da capital / Arquivo pessoal

Impossível ir para a Ásia e não provar a famosa Durian, fruta local que visualmente se assemelha à jaca, embora no paladar não sejam nada parecidas.

Em Bangkok há vários lugares que vendem o sorvete da fruta, que tem cheiro e sabor superfortes. Seu aroma é tão potente que em alguns lugares você encontra placas que indicam a proibição da fruta, assim como cigarros.

É uma fruta para lá de exótica, que na minha opinião traduz o cheiro da cidade. Confesso que embora no início o sorvete preencha a boca com doçura, seu final não é muito agradável. Mas é imprescindível provar quando estiver no país.

  • Bônus: o mundo das facas da CutBoy Knife

A CutBoy é uma parada imperdível para quem gosta de cozinhar, já que se trata de uma excelente cutelaria no centro novo de Bangkok. É uma referência, uma vez que é onde grandes chefs fazem suas facas, como o indiano Gaggan Anand.

É uma lojinha superpequena, onde encontramos facas personalizadas, pinças e clássicos como o Tsubame, faca japonesa usada no preparo de sushis e corte de pescados. Passei uma hora na loja e foi pouco para conseguir explorar todos os detalhes.

Cutboy Knife: 33 Sukhumvit 38 Alley, Khwaeng Phra Khanong, Khet Khlong Toei, Bangkok 10110, Tailândia / Horário de funcionamento: todos os dias, das 10h às 20h. 

*Os textos publicados pelos Insiders e Colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do CNN Viagem & Gastronomia

Sobre Maria Isabel Di Fonso

Maria Isabel Di Fonso é cozinheira do Cais, restaurante localizado na Vila Madelena, em São Paulo / Bruno Geraldi

Maria Isabel Di Fonso, mais conhecida como Bel, tem 22 anos e é formada em Hotelaria pela Universidade Anhembi Morumbi. Em 2021 ingressou como estagiária na cozinha do restaurante Cais, na Vila Madalena, em São Paulo. Em 2022 foi contratada como auxiliar de cozinha e, mais recentemente, em 2023, promovida a cozinheira, responsável pelos preparos de peixes e frutos do mar que passam pela churrasqueira do restaurante.