Vinho tinto domina mercado brasileiro, apesar do clima propício para rosés e brancos

Os tintos ainda são a principal escolha dos brasileiros, mas os brancos, rosés, laranjas e espumantes começam a ganhar espaço e são extremamente versáteis na hora de harmonizar com a nossa culinária

O tintos dominam o mercado nacional, mas outros tipos já sentem um aumento de procura e têm tudo para conquistarem mais fãs no clima brasileiro
O tintos dominam o mercado nacional, mas outros tipos já sentem um aumento de procura e têm tudo para conquistarem mais fãs no clima brasileiro Acervo pessoal Pri Matta

Pri Mattacolaboração para o Viagem & Gastronomia

Apesar das oscilações recentes na temperatura, a proximidade com a primavera traz uma certeza: o clima vai esquentar. No entanto, curiosamente, os hábitos que as estações mais quentes do ano trazem parecem não acompanhar o consumo de vinho no Brasil.

Entre os meses de julho de 2021 e junho de 2022, a participação dos tintos no mercado brasileiro foi de 71,3% contra 20,8% de brancos e 7,9% de rosados, segundo o mais recente levantamento da Ideal Consultoria.

Há espaço para otimismo se analisarmos os mesmos números em um intervalo maior, pois nos últimos três anos houve uma pequena queda de três pontos percentuais na participação dos tintos.

Neste período, foram os rosés que registraram o maior aumento no consumo, de 71%. Mas ainda assim, são os tintos que têm lugar cativo na mesa dos brasileiros.

Por que os vinhos tintos?

Alguns fatores podem explicar essa predileção. Mas arrisco dizer que o principal deles é a pouca maturidade do Brasil no segmento. A produção nacional voltada para vinhos finos existe há poucas décadas e sofre forte influência de outros mercados – sobretudo europeus -, onde os tintos também prevalecem.

O consumo também é muito pouco representativo se comparado a outros países. O volume per capita de vinho em território nacional em 2021 foi de pouco mais de 2 litros no ano, versus cerca de 69 litros consumidos pelos portugueses, segundo a Ideal Consultoria.

Pode-se dizer que o brasileiro ainda está aprendendo a beber vinho. Ainda existe muito preconceito e ainda falta muita informação.

Novos ares

A boa notícia é que, sobretudo nos últimos anos, o mercado nacional vem se reconfigurando, com novos espaços de comunicação e especialistas encorajando o consumidor a ampliar o repertório.

São muitos tabus sendo revistos na direção de atender um consumidor cada vez mais jovem e menos tradicional.

Tem espaço para todos os estilos, mas não há dúvidas que brancos, rosés, laranjas e espumantes, por serem consumidos frios e, em geral, terem teor alcoólico mais baixo, estão mais alinhados com o clima do Brasil.

Além disso, são vinhos que costumam ter menos corpo e acidez mais pronunciada, o que faz deles extremamente versáteis na hora de harmonizar com a nossa culinária – que é das mais diversas do mundo.

Importante destacar que existe uma grande variedade de perfis de vinhos brancos, rosés e espumantes, que vão dos mais “fáceis” aos mais complexos. A dica é ir provando com a mente aberta e escolher o que combina mais com você.

Confira opções de vinhos – sem ser tinto! – que vale ter na adega 

Com o clima esquentando, aumenta o consumo de vinhos brancos, rosés, laranjas e espumantes/ Pexels

Brancos encorpados

São os que chamamos de “brancos com cara de tintos” por serem mais cheios e concentrados. Essas características podem vir da uva ou da vinificação, mas são uma excelente alternativa para as pessoas mais habituadas à opulência dos tintos.

Algumas boas opções são uvas que resultam em vinhos mais intensos, como a Semillon e a Viognier, e o Chardonnay que tenha sido envelhecido em barrica, ou brancos produzidos em regiões mais quentes, como no Alentejo.

Sugestões de vinhos brancos: Chablis “Vauprin”, Esporão Reserva Branco e Calle Contastini Chardonnay-Semillon.

Rosés

A cor rosada vem de uma substância chamada antocianina, presente na casca das uvas tintas. Essa mesma casca é que fornece os taninos, que dão certa adstringência aos rosés. Isso faz com que tenham um perfil parecido com os tintos, mas com o frescor dos brancos, sendo portanto uma alternativa no meio do caminho entre os dois estilos.

Sugestões de vinhos rosés: Susana Balbo Crios Rosé of Malbec, Casa de Mouraz Dão Rosé e Sacramentos Sabina Syrah Rosé.

Espumante sur lie

“Sur Lie” significa “sobre lias”, uma expressão para indicar quando o líquido permanece em contato com as leveduras mortas após a fermentação. Essa técnica faz com que o vinho ganhe textura e complexidade, que são aspectos frequentemente buscados por consumidores de vinhos tintos.

Sugestões de espumantes: Otto Espumante Nature Sur Lie Branco, Hermann Espumante Lírica Crua Brut Nature e Espumante Sur Lie.

Vinho laranja

Apesar de só estar na moda mais recentemente, é um dos métodos mais antigos que existe. Basicamente, consiste em um vinho produzido com uvas brancas mas vinificado como um tinto. O líquido fica em contato com as cascas da uva para agregar corpo, taninos e mais complexidade nos aromas e sabores.

Sugestões de vinhos laranjas: Chileno Macerao, Oro Vecchio e Loxarel – Xarel.lo A Pèl Blanco.

Sobre Pri Matta

Pri Matta compartilha sua paixão pelo mundo dos vinhos no perfil @deondevinho / Acervo pessoal

Priscilla é jornalista, sommelière e idealizadora do perfil @deondevinho no Instagram. Ela deixa claro que por lá não fala sobre vinhos, mas sobre momentos. É que o vinho está em todos!