Por que você não deve beber sempre o mesmo vinho

Cabernet Sauvignon, Malbec e Merlot representam quase 90% do consumo de vinho dos brasileiros, mesmo com mais de 10 mil tipos de uvas diferentes em todo o mundo

Stêvão Limanada CNN

Antes de começar a citar os motivos do porquê você deve diversificar na hora de beber vinho, preciso confidenciar que — é claro — que tenho alguns “rótulos de estimação” na minha adega. São os coringas para momentos difíceis e prazerosos, para as conquistas, mas não são os únicos!

Lembro-me de um amigo muito querido que, inclusive, introduziu-me ao mundo dos vinhos, mas que não “abria mão” de — sempre — beber Malbec ou Cabernet Sauvignon. Independentemente do cardápio dos nossos jantares, lá estava ele com um ótimo vinho de um grande produtor, mas com as mesmas castas, ou seja, vinhos com os mesmos descritores típicos: potência, corpo, intensidade e tanicidade.

Desde criança sempre fui muito curioso, por isso nunca hesitei em arriscar em combinações diferentes ou apostar em estilos de vinhos não tão comuns. Então, corriqueiramente eu tentava apresentar uma nova opção. Nem sempre acertava, mas, às vezes, fazia um golaço.

Aos poucos, meu grande amigo foi mudando a preferência e descobriu novos sabores e aromas. Posso afirmar que, hoje em dia, já possui alguns “intrusos” na adega. Aliás, até o cardápio dos nossos encontros mudou e fez com que buscássemos novas receitas e experiências em frente às panelas.

Mas não é à toa que citei este exemplo acima. Segundo a Embrapa, mesmo com mais brasileiros bebendo vinho nos últimos anos, 89% das variedades consumidas em território nacional são compostas por Cabernet Sauvignon, Malbec e Merlot.

Então, fica aqui a minha provocação para que você tente experimentar o maior número de diferentes tipos de vinhos possíveis, afinal, como você vai ganhar novas paixões na sua taça sem conhecer novas possibilidades?

Estudos indicam que existem cerca de 11 mil variedades de uvas vitis viníferas mundo afora. É praticamente impossível experimentar todos os tipos existentes, mas vale a pena arriscar.

Recentemente, experimentei um Assyrtiko produzido na serra do sudeste. Originária de Santorini, na Grécia, a casta foi uma aposta assertiva dos gaúchos da vinícola Manus. Com apenas 690 garrafas produzidas, o vinho ainda é muito jovem e não dá pra saber “tudo o que promete”, no entanto, foi uma grata surpresa e uma das grandes experiências de 2024: beber um vinho no estilo grego feito no Brasil.

Se você tem medo de errar na hora de arriscar, segue uma dica de ouro: comprar um Coravin. O dispositivo permite que você tome seu vinho sem precisar abri-lo. Uma agulha fura a rolha e retira a quantidade que você quiser com nenhum prejuízo ao restante. Então, dá para experimentar antes de oferecer o rótulo aos seus amigos.

Beber vinho é arte, prazer e experiência. Por isso, arrisque, experimente e recomende novos vinhos. Só nunca sirva Cabernet Sauvignon ou Malbec com sushi!

*Os textos publicados pelos Insiders e Colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do CNN Viagem & Gastronomia.

O jornalista Stêvão Limana com taça de vinho na mão
Jornalista Stêvão Limana / Divulgação

Sobre Stêvão Limana

Stêvão Limana é jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pós-graduado em enologia, postulante a sommelier profissional e maratonista nas horas vagas. Na TV, fala sobre política e eleições; na internet, sobre vinhos e gastronomia.

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