Por que “syrah leve” de vinícola mineira pode ser boa aposta para o verão?
Vinícola mineira aposta em casta tradicional dos vinhos tintos vinificada de forma diferente, reservando frescor e leveza
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Você já imaginou estar sentado na beira da praia em meio ao verão tropical brasileiro e abrir uma garrafa de syrah? E se eu disser, ainda, que é um syrah proveniente da colheita de inverno? Para alguns, as afirmações até podem trazer arrepios pela total falta de compatibilidade entre o momento e a bebida.
No entanto, uma vinícola mineira conseguiu ultrapassar essa barreira e “domou a syrah” ao produzir um vinho com corpo leve, que pode ser servido em temperaturas abaixo dos 10ºC. Não é à toa que o rótulo ganhou o nome de “Syrah Léger”, ou seja, “Syrah Leve”, traduzido do francês.
A produção é da vinícola boutique Barbara Eliodora, sediada em São Gonçalo do Sapucaí, no sul de Minas de Gerais. Os vinhos pertencem à família Bernardes, produtores tradicionais de grãos da região, e possuem a assinatura da enóloga Isabela Peregrino, uma das maiores referências da dupla poda no Brasil.
Mesmo que ainda não esteja entre os vinhos “mais conhecidos do Brasil”, o rótulo já vem acumulando inúmeras medalhas.
Em 2024, foi a bebida nacional com maior pontuação no concurso promovido pela revista britânica Decanter, além de receber 94 pontos do Guia Adega Brasil 2025.
O vinho chega no e-commerce com preço super em conta, na casa dos R$ 130. Então, pode ser um ótimo custo-benefício para quem gosta de ter diferentes garrafas na adega.
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Processo de produção
Para chegar até o resultado final, foi necessário mesclar diferentes maturações e fermentações da syrah em tanques de inox. As uvas estão plantadas ao longo de 18 hectares da fazenda, em parreirais que possuem 10 anos.
Desta forma, o Léger atinge incríveis 12,6% de álcool, com corpo super equilibrado entre acidez e taninos, além de aromas bastante intensos de frutas vermelhas.
Com a graduação alcoólica baixa e o frescor adquirido, a bebida tem sido uma versão muito favorável a quem não arreda de beber tintos até nas temperaturas mais altas.
Inclusive, em uma degustação guiada pelo sócio-proprietário da vinícola, Guilherme Bernardes, no restaurante Bai180, a harmonização sugerida acompanhou peixe e salmão, tornando-se uma opção bastante plausível para quem gosta de arriscar na hora de preparar uma refeição.
Conheça história da vinícola
A vinícola surgiu de um sonho da família que sempre foi grande apreciadora da enologia. Assim, eles não pouparam esforços para investir pesado no que há de melhor em maquinário e tecnologia para a produção.
O resultado foi acima do esperado e serviu como motivação para honrar, ainda mais, o nome de uma expoente da Inconfidência Mineira, Barbara Heliodora Guilhermina da Silveira.
Eliodora é considerada a primeira poetisa brasileira e um dos nomes mais atuantes na revolta contra a coroa portuguesa.
Esposa de Alvarenga Peixoto, acredita-se que ela foi uma das mentoras do marido a lutar pelo patriotismo e pela independência.
Barbara Eliodora morreu em 1819, na cidade onde está situada a vinícola. No entanto, o papel dela ficou em segundo plano nos livros de história tradicionais.
Assim, ficou a cargo dos Bernardes tentarem revisitar o passado e enaltecerem o legado de uma das mulheres mais importantes do Brasil.
*Os textos publicados pelos Insiders e Colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do CNN Viagem & Gastronomia
Sobre Stêvão Limana
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Stêvão Limana é jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pós-graduado em enologia, postulante a sommelier profissional e maratonista nas horas vagas. Na TV, fala sobre política e eleições, enquanto na internet foca em vinhos e gastronomia.
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