O que mais veremos nas taças e nos copos em 2024

Thiago Bañares inicia o ano compartilhando suas apostas sobre o que veremos na indústria da coquetelaria. Confira as tendências e previsões que ele destaca para os próximos meses

Descubra as tendências no mundo da coquetelaria para 2024
Descubra as tendências no mundo da coquetelaria para 2024 Imagem de Social Butterfly por Pixabay

Thiago Bañarescolaboração para o Viagem & Gastronomia

Ao especular sobre as tendências globais de coquetelaria para 2024, emergem diversos temas-chave, influenciados tanto por desenvolvimentos recentes quanto pela evolução das preferências dos consumidores.

Uma tendência significativa é a crescente popularidade dos destilados artesanais. Os consumidores demonstram um interesse aguçado por destilados únicos e de alta qualidade que oferecem perfis de sabor distintos, muitas vezes não reconhecíveis e frequentemente acompanhados por uma história interessante. Essa tendência é complementada pela ascensão das destilarias artesanais e processos de destilação que nascem dentro dos próprios bares, os quais estão cada vez mais focados na produção de destilados em pequenos lotes, usando botânicos locais e técnicas tradicionais, adicionando sofisticação à experiência do coquetel artesanal.

Apesar de não se falar muito sobre isso no Brasil, a riqueza de produtos e possibilidades encontradas em solo nacional deveria chamar a atenção da nova geração.

A sustentabilidade continua sendo um foco importante no mundo dos coquetéis. Há uma mudança para práticas mais ecológicas e ingredientes sustentáveis, o que, em algum momento, acredito que deixará de ser tendência e se tornará uma realidade cada vez mais normal na indústria.

Os destilados asiáticos também estão ganhando ímpeto, com um interesse crescente do consumidor em bebidas como o awamori, o shochu japonês, o soju coreano e o baijiu chinês. Este aumento de popularidade se deve muito às investidas do mercado asiático para conquistar mercados e paladares ocidentais.

O café como ingrediente de coquetel está evoluindo além do clássico “Espresso Martini”. Há uma expectativa de uma nova era de coquetéis de café, com variações que oferecem diferentes sabores e texturas. Os whiskies mundiais, incluindo aqueles de países não tradicionais na produção de whisky, estão atraindo atenção, com sabores únicos e métodos de envelhecimento que os distinguem das ofertas mais tradicionais.

Uma das apostas de Thiago é que o café como ingrediente de coquetel evolua para além do clássico espresso martini, como esse da foto / Tina Bini

Outra tendência notável são os “Freezer Martinis” servidos por aí. A ideia de servir martinis pré-preparados a temperaturas negativas não é tão nova quanto parece; segundo o historiador e especialista David Wondrich, nos anos 50 e 60, os americanos obcecados por Martinis ultra-secos preferiam manter a bebida não diluída no congelador em vez de resfriar o coquetel mexendo com gelo.

Agora não podemos fechar os olhos para o furacão que se aproxima trazido pelas tequilas de alta qualidade. Apostas foram feitas e é um fato que a indústria não vai economizar munição para redesignar a experiência e consolidar o destilado com o valor que ele merece. Tomara que um dia isso aconteça com a cachaça, mas isso é uma outra história.

Além disso, há uma tendência para coquetéis experiênciais, impulsionada pela demanda por experiências de bebidas visualmente deslumbrantes e envolventes, particularmente populares entre os Millennials e a Geração Z.

A categoria de coquetéis de baixo teor alcoólico e sem álcool também continua se expandindo, com um mercado consumidor crescente para opções deliciosas de baixo teor ou zero alcoólicos que oferecem sabor e apresentação à altura de suas versões alcoólicas.

Por fim, essas tendências indicam uma paisagem da coquetelaria um pouco mais dinâmica e em evolução, refletindo a mudança nos gostos dos consumidores, nos hábitos saudáveis e sustentáveis e ainda uma valorização com muito mais foco em experiências do que nos produtos em si.

*Os textos publicados pelos Insiders e Colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do CNN Viagem & Gastronomia.

Quem é Thiago Bañares

Thiago Bañares
Thiago Bañares é o nome à frente das casas paulistanas Tan Tan, Kotori e The Liquor Store / Tati Frison

Bañares, formado em gastronomia pela FMU (SP), foi considerado pelo ranking “Bar World 100”, organizado pela importante publicação Drinks International, uma das 100 pessoas mais influentes da indústria de bares global. Seu restaurante/bar Tan Tan figura – pela terceira vez consecutiva – na lista dos melhores bares do mundo do “World’s 50 Best Bars”; comanda o também premiado Kotori, considerado o 65º melhor restaurante da América Latina pelo “World’s 50th Best Awards”; e está à frente do intimista The Liquor Store, casa que privilegia a conexão entre cliente e bartender e entrega coquetéis preparados com excelência.