Com ar europeu, Palácio Tangará abre as portas em São Paulo

Construído em uma área de 108 mil metros quadrados, o mais novo hotel de luxo da capital paulista entrega 141 novos quartos, três salões para festas, nove salas de reunião, um spa, duas piscinas, dois bares-conceito e um restaurante de chef estrelado.

Ao entrar pelos imensos portões, próximos ao portal do Panamby, o mais desavisado se perde em uma alameda cheia de verde. Sim, ainda é São Paulo. Mas é praticamente um portal que separa o stress paulistano ao da calmaria. Ali foi erguido um palacete de luxo, em uma área com um verde sem igual na selva de pedra pauliceia. Colado ao Parque Burle Marx, o projeto inicial era para ter sido assinado por Oscar Niemeyer, mas acabou não acontecendo.

O Palácio Tangará com seus 141 quartos, sendo 59 suítes, abre as portas em 10 de maio. Das 13 categorias assinadas por Bick Simonatto, separaras em quatro andares, a nova menina dos olhos do Oetker Collection gaba-se por ter o “maior menor” quarto de luxo entre as bandeiras do segmento na capital. São 47 metros quadrados, onde as diárias começam em R$ 1.575. As mais luxuosas presidencial e Royal ainda não foram entregues. Têm, respectivamente, 244 e 530 metros quadrados, em que o hóspede paga até R$ 38 mil para passar uma noite. Isso já somado ao terraço, onde estão mesas e espreguiçadeiras para dar um clima mais de casa. Móveis-conceito, luminárias assinadas, obras de arte, livros e fotografias – que retratam a atmosfera do Brasil – espalham-se pelos corredores e se embrenham pelos quartos, como na ante-sala das suítes e até nos banheiros.

Móveis e luminárias assinados e quadros com fotografias do Brasil fazem parte da decór

As cores da bandeira – o verde e amarelo – estão presentes no lobby, mas não há vibração. A sisuda paleta de cores da decór, assinada pela arquiteta e designer de interiores Patrícia Anastassiadis, beberica das aquarelas cromáticas do neoclássico francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848). “A inspiração foi o olhar do estrangeiro para o Brasil, mostrando que nem sempre ele está colorido”, explica. “A ideia não era criar um cenário de novela ou um clássico fake. A história da casa já tinha essa coisa clássica”.

Suíte dupla custa, em média, R$ 1.700 a noite

Patrícia fez a curadoria de obras e artistas dignos de um palácio. Olhando para o teto da recepção, existe uma escultura de Laura Vince, que parece chover folhas de ouro. “Faz alusão ao fato de termos sido colônia de exploração”, acrescenta.

Artur Lescher (Mexerica), as tapeçarias de Fernando Árias (Cartas Hidrográficas), Ana Amélia Geniolli (Aquaforte), os tapetes de parquet – desenvolvidos na Índia, especialmente para o hotel – em 20 tons de cinza, além dos biombos desenhados pela arquiteta – forrados com pele de tilápia – completam o espaço principal, ladeado por detalhes em verde (o chamado Flower Design) e um piano de cauda. “É uma forma de trabalhar o design brasileiro, contemporâneo, com elementos nossos de uma forma internacional, não só o regionalismo”.

No hall, a obra de Laura Vince, que parece fazer chover folhas de ouro

Bares
O Parque Lounge (foto ao lado), na parte direita do foyer – pretende ser um espaço para o chamado all day dining (comida a qualquer hora) e de chá da tarde, além de lugar de passagem para petiscar e beber um drinque ou esperar para meetings. Poltronas confortáveis de camurça estão espalhadas pelo balcão, cujo lado de dentro ostenta bebidas e taças das mais diversas. Acima dele, luminárias em formato de decanter e garrafas de uísque, assinadas por Gerard Lebrun.

Com ares de taverna, o escondido Burle Bar (foto abaixo) tem clima intimista pela iluminação. O único ambiente sem janelas do hotel, ganha paredes forradas de madeira que resgatam a flora de Burle Marx, por meio de fotografias e pinturas (nanquim sobre vidro) de Araquém Alcântara, Christian Cravo, Cássio Vasconcelos, Fernando Árias e Claudia Melli – para citar alguns.

Os sofás que ladeiam o espaço têm o azul das penas do pássaro que empresta o nome ao palácio. As mesas centrais confortam duas pessoas por vez, enquanto, no bar, há poltronas para se sentar só. Para comandar os drinques, o grupo importou a mixologista carioca Ariane Moreira, especialista em uísque bourbon.

Burle Bar não possui janelas, então toda a atmosfera das plantas está nos quadros

Spa + Piscinas
O spa by Sisley promete ser um portal para um universo sensorial e relaxante. Assim que se entra, fontes de água ambientam a calmaria. Privé, tem apenas seis salas de tratamento, seja para relaxar ou para realizar procedimento estéticos. Perfeito para cuidar da beleza, mente e corpo. Colada ao spa, a piscina interna, climatizada, leva o nome do hotel, e ostenta uma claraboia de vidro que reflete a iluminação externa. Nem parece que fica a dois andares abaixo do solo. Um risco que culmina em uma esfera representa o sol das 11h, quando bate nas águas cristalinas que preenchem toda a borda.

Outra piscina, na área externa, é um convite para contemplar o sol, a paisagem do parque ou a arquitetura neoclássica do palácio. Ladeando as águas transparentes, espreguiçadeiras e mesas. Completa o ambiente um bar, que vai funcionar todos os dias – com exceção dos chuvosos.

Piscina ostenta marca no chão, que representa o sol da manhã


Restaurante Jean-Georges
Estrelado chef francês, Jean-Georges Vongerichten abre seu restaurante de número 35 em São Paulo, no Palácio Tangará – primeiro da América do Sul. O menu contemporâneo tem um pé na Ásia com adaptação para ingredientes e paladares bem locais – pupunha, tapioca, maracujá-doce, robalo, mandioquinha.

Quando sua passagem pelo Brasil chegar ao fim, quem segue à frente da cozinha são os chefs Felipe Rodrigues (que fez toda sua carreira fora do país, com passagem pelo Grande Hotel de Estocolmo) e o executivo francês radicado no Brasil, Pascal Valero (com passagens pelo Eau, Kaá e NB Steak).

Os pratos principais custam, em média, R$ 80, e as entradas, pastas e pizzas, em torno de R$ 50. Acomoda 138 pessoas ao todo, incluindo uma mesa do chef com 16 lugares de poltronas altas dentro da cozinha, e uma sala privativa para 12, além de 48 assentos externos. O menu degustação em seis etapas custa R$ 420.

Entre os pratos, dependendo da disponibilidade, podem ser servidos: brioche de caviar com ovo perfeito; ceviche de robalo; caprese com avocado fazendo as vezes de queijo e pupunha; peixe namorado com crosta crocante de castanha e molho de legumes; camarão ao molho curry e legumes; carré de cordeiro com bolonhesa de cogumelos. Para encerrar, explosão de morango, fruta da estação (abacaxi com licor de cereja) e o mousse de chocolate amargo com sorvete de menta.

Imagem do restaurante, com os móveis criados por Patrícia


Espaços de eventos + Kids

Se o hotel em si pretende abocanhar o público estrangeiro e a fuga de casais – seja para um fim de semana ou lua de mel – para suas suítes, os salões de festa e salas de reunião (que levam o nome de animais da flora e da fauna brasileira) querem recepcionar os mais próximos e engajar o turismo de negócios. Com aluguel de R$ 85 mil, a maior sala comporta até 530 pessoas.

Já existem datas marcadas para cerimônias, como aniversários e festas de casamento, por exemplo. As salas de reunião não tiveram seus valores de aluguel divulgados. Enquanto os pais estiverem em uma festa ou em reunião, o espaço Kids transcende a brincadeira. Fantasias de princesas e super-heróis convidam logo na entrada. O espaço tem mini-cinema, cabaninhas, brinquedos espalhados pelas paredes e livros.

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