Alex Atala defende produtores locais no 50 Best Restaurants América Latina

"Biodiversidade privada ganha valor", diz Alex Atala em evento que debateu o poder de uma refeição

Alex Atala no 50 Best Talks, parte dos eventos do Latin America's 50 Best Restaurants 2023
Alex Atala no 50 Best Talks, parte dos eventos do Latin America's 50 Best Restaurants 2023 Divulgação

Daniela Filomenodo Viagem & Gastronomia

Rio de Janeiro, RJ

O mundo da gastronomia está de olho no Rio de Janeiro. Isso porque acontece hoje (28), no hotel Copacabana Palace, a cerimônia de premiação dos 50 melhores restaurantes da América Latina, um braço regional do The World’s 50 Best Restaurants.

Ontem as atividades oficiais do evento começaram com o #50BestTalks que trouxe o tema “O poder de uma refeição” com palestras de grandes nomes do setor. Alex Atala, um dos principais difusores da gastronomia brasileira no mundo e nome à frente do Grupo D.O.M., abriu a manhã de debates e jogou luz na necessidade de uma mudança cultural para que se valorize os produtores locais e artesanais, como se valorizam os importados.

Alex começou a sua palestra com a frase “Uma grande mudança cultural não começa sem educação” e esse foi o gancho para a sua curta palestra sobre a importância de conhecermos, divulgarmos e valorizarmos os produtos e produtores locais.

“Nós somos um país de enorme biodiversidade. Mais que isso, somos um país gigante em sociobiodiversidade. Estas palavras faladas não têm valor, mas quando a gente come, elas ganham valor.”

E ainda completou com “A gastronomia sempre foi o poder da união, a comida é congregação. É amor no sentido stricto sensu da palavra. É dar de comer, é dar o seu melhor. Na agricultura de larga escala podem existir sequelas socioambientais que algumas vezes me colocam contra esse sistema, mas a guerra não é a melhor saída, devemos unir forças.”

E uma das maneiras propostas para unirmos forças é que na hora que o consumidor for ao mercado, escolha o pequeno produtor. Que entenda que o valor, muitas vezes mais alto, tem um motivo.

“Vejo muitos consumidores que chegam na prateleira do supermercado e dizem: ‘esse azeite brasileiro é mais caro que o que veio de fora, então vou comprar o importado’, disse Atala. Mas, sim, pague mais caro por um queijo brasileiro, por um vinho brasileiro. Grandes ingredientes na Europa não são produzidos por grandes indústrias e sim por pequenos artesãos”.

Existe uma mudança cultural que nós precisamos. É o ato de trocar o individual a favor do coletivo. Sem união, não haverá valor, encerrou o chef.