Os locais que a rainha Elizabeth II visitou em sua única passagem pelo Brasil
Durante 11 dias, a rainha visitou pontos turísticos em capitais do nordeste e sudeste, além de inaugurar a nova sede do MASP e dar o pontapé nas construções da Ponte Rio-Niterói
Ao longo das últimas sete décadas, a rainha Elizabeth II, que morreu nesta quinta-feira (8), aos 96 anos, viajou o mundo a serviço de sua coroa.
O Brasil não ficou de fora: o relógio marcava 16h15 da tarde de 1º de novembro de 1968 quando a aeronave da Real Força Aérea que trazia a Rainha Elizabeth II pousou no Recife.
Ao lado do Príncipe Philip, Duque de Edimburgo, que aterrissara 15 minutos antes, vindo do México, ela fez sua primeira e única visita em solo nacional.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a viagem real representou um marco nas relações entre o Brasil e o Reino Unido.
Além da capital pernambucana, a rainha passou por Salvador, Brasília, São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro. Entre visitas a pontos turísticos, almoços e jantares com figuras influentes e homenagens, a viagem durou 11 dias.
E uma curiosidade: ao contrário de todos os cidadãos e até dos outros membros da família real, a rainha Elizabeth não possui passaporte. De acordo com comunicado do site oficial da Família Real Britânica, “como um passaporte britânico é emitido em nome de Sua Majestade, não é necessário que a rainha possua um”.
A seguir, relembre o itinerário em todas as cidades e pontos turísticos que a rainha Elizabeth II visitou em sua passagem pelo Brasil:
Recife (PE)
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A Rainha Elizabeth II pousou no Aeroporto Internacional do Recife às 16h15 do dia 1º de novembro de 1968. Já ao lado do Príncipe Philip, ela se dirigiu em cortejo pelas ruas da capital em direção ao Palácio do Campo das Princesas, que continua a sede do governo pernambucano.
O palácio de estilo neoclássico data de 1841 e localiza-se na Praça da República, bem próximo do Teatro de Santa Isabel e do Palácio da Justiça.
Na data, uma recepção foi montada para receber o casal. Entre as personalidades presentes estavam Gilberto Freyre, um dos grandes estudiosos da sociedade brasileira, e Dom Hélder Câmara, Arcebispo de Olinda e Recife.
De acordo com os documentos do Ministério das Relações Exteriores, às 18h30 do mesmo dia, a rainha e o Duque de Edimburgo embarcaram no iate real Britannia rumo a Salvador.
Salvador (BA)
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Às 7h do dia 2 de novembro, o iate real – que está aposentado desde 1997 – atracou no litoral de Salvador, onde o casal saiu em comitiva pela cidade. Na ocasião, a rainha e o Duque subiram as escadas do Palácio da Aclamação para uma recepção do governador Luís Viana Filho.
O autor Jorge Amado e o artista plástico argentino-brasileiro Carybé estiveram presentes na ocasião. Residência dos governadores da Bahia por mais de 50 anos, o Palácio neoclássico fica ao lado do Passeio Público e possui um interior com mobiliários nos estilo Luís XV, cristais, bronzes, porcelanas, obras de arte e tapetes. As varandas possuem vista para a Baía de Todos os Santos.
Após a recepção no Palácio, o casal real foi para o centro de Salvador, onde conheceu a histórica Igreja de São Francisco, que apresenta toda sua pompa barroca; o Museu de Arte Sacra, que possui esculturas, mobiliário, prataria e pinturas de séculos passados, mas está fechado para manutenções atualmente; e o Mercado Modelo, de 1912, que funcionava como principal centro de abastecimento da cidade e hoje possui lojas artesanato, lembranças e restaurantes.
Brasília (DF)
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A rainha Elizabeth e o Duque de Edimburgo chegaram à então recente capital federal em 5 de novembro, onde foram recebidos por Artur da Costa e Silva, o segundo presidente durante a Ditadura Militar.
Na passagem por Brasília, a rainha ficou hospedada no Hotel Nacional, sucesso nas décadas de 1960 e 1970 entre a elite e personalidades influentes do mundo social e político. Erguido ao lado das primeiras construções da cidade e inaugurado em 1961, encontra-se atualmente fechado após tempos de decadência e acúmulo de dívidas.
O casal real estreou a suíte presidencial do nono andar, e a ocasião foi registrada até em uma placa dentro do hotel. Ao todo, o Hotel Nacional já recebeu também presidentes norte-americanos, como Jimmy Carter e Ronald Reagan, e possui 10 andares com 347 quartos.
Entre os pontos visitados pela realeza estão dispositivos governamentais, como o Palácio da Alvorada, o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional e um banquete no Palácio do Itamaraty – todos abertos para visitação pública. Ainda em Brasília, a rainha conheceu a icônica Catedral Metropolitana, onde foi recebida pelo Arcebispo de Brasília, Dom José Newton de Almeida Batista, sob os vitrais da igreja projetada por Oscar Niemeyer.
Conheceu também o Setor Militar Urbano, onde se situam os quartéis do Exército, a Torre de Televisão, com seus 224 metros de altura, e terminou a programação na capital na Embaixada do Reino Unido, na Avenida das Nações. O casal saiu de Brasília rumo à São Paulo a bordo de uma aeronave da Real Força Aérea.
São Paulo e Campinas (SP)
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Em 6 de novembro, a rainha colocou os pés na capital paulista, onde visitou o Monumento do Ipiranga, marco da Independência brasileira no Riacho do Ipiranga, e também o Edifício Itália, no centro, um dos cartões-postais da cidade ao lado do Copan.
À noite, foi a vez do Palácio dos Bandeirantes receber o casal real, residência oficial do governador de São Paulo no bairro do Morumbi que, hoje, também é aberto para visitas.
À época, de acordo com o Ministério de Relações Exteriores, o banquete de boas-vindas teve como convidados os artistas Wilson Simonal, Jair Rodrigues e Elza Soares. O Palácio foi o local onde Elizabeth e Philip pernoitaram.
Na manhã seguinte, a rainha Elizabeth II dirigiu-se à Avenida Paulista, local onde inaugurou a nova sede do Museu de Arte de São Paulo (MASP).
Antes ocupando alguns andares de um prédio na rua Sete de Abril, no centro, o museu passou a ocupar um espaço maior e que entraria para a história pela arquitetura de Lina Bo Bardi. Hoje, o MASP é a maior e uma das mais importantes instituições de artes plásticas do Brasil.
À tarde, o casal foi de avião até Campinas, no interior do estado, onde conheceu o Instituto Agronômico (IAC), importante instituto de pesquisa fundado em 1887 pelo imperador D. Pedro II.
De acordo com o jornal regional “Correio Popular”, a rainha viu mais de três mil orquídeas, plantas e frutos tropicais, assim como tomou refrigerantes e ganhou um ramalhete de rosas vermelhas na Fazenda Santa Elisa, propriedade do IAC.
Na cidade, Elizabeth e Philip pernoitaram na Estância Santa Eudóxia, onde, no outro dia, passearam a cavalo – uma das paixões da rainha – e ainda visitaram o Posto de Monta do Jóquei Clube, cujo palacete no centro, feito para ser a sede urbana do clube, é uma joia na arquitetura da cidade.
Rio de Janeiro (RJ)
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Após desembarcarem no Aeroporto Santos Dumont em 8 de novembro no período da tarde, a rainha e o Duque de Edimburgo se dirigiram ao Iate Clube do Rio de Janeiro, onde ofereceram um jantar para 50 convidados a bordo do iate Britannia.
Elizabeth tratou de conhecer alguns dos pontos mais emblemáticos da Cidade Maravilhosa em sua breve passagem pelo Rio, como a Praia de Botafogo, o Mirante Dona Marta, e o Outeiro da Glória, onde está a Igreja da Glória. Um almoço foi concedido ainda no Museu de Arte Moderna, instituição muito importante nos dias atuais que fica no Parque do Flamengo, próximo ao centro histórico do Rio.
Parte de sua agenda como monarca, ela marcou simbolicamente o início das construções da Ponte Rio-Niterói, hoje a maior ponte em extensão do país. Também depositou coroas de flores no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, na Glória, e assistiu à um jogo entre cariocas e paulistas no lendário Estádio do Maracanã. Com a vitória dos paulistas por 3 a 2, Elizabeth entregou a taça nas mãos de ninguém menos do que Pelé.
Este foi o último compromisso oficial da rainha Elizabeth II no Brasil. Na manhã de 11 de novembro, uma segunda-feira, embarcou no Aeroporto do Galeão rumo ao Chile.