Lisboa: um giro cultural por um dos destinos mais procurados entre os brasileiros
Com monumentos, arquitetura e bairros históricos que brilham os olhos e nos enchem de conhecimento, conheça as principais regiões que não podem faltar no seu roteiro
Uma das principais portas de entrada de Portugal, Lisboa nos encanta nos mínimos detalhes. Para além da alcunha de capital do país, a cidade também é uma capital gastronômica e cultural – basta vagar pelas ruas daqui para perceber a arquitetura arrojada, as construções históricas e os aromas que saem de suas inúmeras cozinhas.
Com 544 mil habitantes e mais de 2,8 milhões de pessoas em sua área metropolitana, Lisboa pulsa história, a qual é bem preservada e se mescla de maneira ímpar à modernidade.
Queridinha dos brasileiros na Europa, a capital ficou no topo das buscas de destinos dos viajantes brasileiros no ano passado. Não à toa, a facilidade da língua, os laços culturais e as paisagens que o país e a cidade são sedutores.
Já fui a Lisboa algumas vezes e, em todas as ocasiões, continuo maravilhada com as possibilidades que ela nos oferece. É como repetir a dose da primeira vez que pisei na cidade. E enquanto filmava a quarta temporada do CNN Viagem & Gastronomia em Portugal, pude sentir esse gostinho novamente.
Por que visitar Lisboa
Sua cena gastronômica é uma das melhores do mundo, com restaurantes premiados de cozinhas tradicionais e arrojadas, sua estrutura hoteleira é para lá de caprichada, com hotéis luxuosos com serviços impecáveis e, claro, seu patrimônio histórico-cultural é enlouquecedor, com monumentos inclusive listados como patrimônios mundiais da UNESCO.
Logo, fora os passeios mais tradicionais que devem sim constar no roteiro, como o Castelo de São Jorge e a Praça do Comércio, há ainda regiões e bairros que concentram diversos agitos culturais, como o emblemático Chiado e o bairro Príncipe Real – este último tem se destacado na cena mais cool da cidade.
Assim, além das atrações em si, o caminho também importa: a dica é explorar vários cantos de Lisboa a pé e também de bondinho, que aqui são amarelos e conhecidos como os Elétricos de Lisboa. Em operação desde o século 19, em 1900 começaram a ser elétricos e hoje há cinco linhas – além de duas turísticas – que passam pelos principais pontos da capital portuguesa.
E no meio dos passeios, por que não fazer uma paradinha gastronômica? Lisboa é sinônimo de frutos do mar fresquinhos, peixes, carnes, embutidos e, claro, bastante cerveja e vinho. Pratos generosos e delícias típicas podem ser encontrados pela cidade – só de falar já sinto água na boca!
Logo, devido ao tamanho de Lisboa e suas inúmeras atrações, sempre recomendo ficar na cidade por pelo menos uma semana. Assim, com calma e organização, digo que é possível conhecer diferentes bairros, experimentar diferentes sabores e voltar para casa com uma vontade de repetir a dose!
Pontos emblemáticos da cidade
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Como toda grande cidade e capital, alguns pontos turísticos devem estar no roteiro básico. São monumentos, avenidas, construções históricas e típicas que nos dão uma noção melhor do que foi e do que é Lisboa. A começar, o Castelo de São Jorge está sempre no topo do que ver e fazer por aqui.
Aberto ao público sete dias por semana, o castelo refere-se a uma antiga fortaleza construída pelos muçulmanos. Aqui, temos bastante o que percorrer: são 11 torres e várias muralhas e escadas, e é preciso disposição. Há também um sítio arqueológico, uma exposição permanente e miradouros.
Todo esforço vale a pena: construído sobre a mais alta colina do centro histórico, espere por vistas de tirar o fôlego para a cidade e para o estuário do rio Tejo. As entradas custam entre 5 € e 10 €.
Outro cartão-postal de Lisboa é a Torre de Belém, construída no início do século 16 na margem direita do rio Tejo – e erguida justamente para controlar a chegada daqueles que vinham por água. Patrimônio Mundial da UNESCO e símbolo identitário da cidade, é um incrível testemunho de tempos que se foram.
Há a torre alta e o baluarte, duas estruturas que se impõem em conjunto na paisagem. Se de fora já é um símbolo e tanto, seu interior também não decepciona: entre e descubra os vários andares da Torre e se encante com a vista do Tejo lá de cima. O bilhete regular custa 6 €.
Aproveitando a visita à Torre, não deixe de conhecer outros pontos icônicos do mesmo bairro que estão a uma curta distância a pé. Há o Mosteiro dos Jerónimos, um dos representantes máximos do estilo manuelino. Obra-prima da arquitetura portuguesa, também é listado como Patrimônio Mundial pela UNESCO e foi construído a partir do século 16 – se arrastando por vários e vários anos.
Seu exterior, fachada, janelas e colunas merecem vários cliques e nos dão uma noção a mais sobre a época dos descobrimentos. É um dos programas obrigatórios de Lisboa! Os tíquetes custam cerca de 10 €.
Por falar em Belém, uma iguaria gastronômica se destaca na região: o famoso e original pastel de Belém. A loja original, a Pastéis de Belém, fica na Rua de Belém e iniciou a fabricação do doce em 1837 seguindo uma antiga receita do Mosteiro dos Jerónimos. É uma verdadeira – e legítima! – viagem a um dos sabores tradicionais de Portugal.
É o único lugar em que os pastéizinhos, de fato, podem ser chamados “de Belém” – o restante, que não há muita diferença no sabor e ingredientes, devem ser nomeados como pastéis de nata. As delicinhas custam em média 1,10 € e, geralmente, há fila na porta da casa.
Outros pontos a serem visitados na cidade incluem o Mosteiro de São Vicente de Fora, no Largo de São Vicente, que carrega uma história de séculos e possui pátio, museu e visitas que nos mostram detalhes majestosos dos cômodos – são móveis, pinturas e arquitetura arrojadas.
Por fim, em algum momento é certo que daremos de cara com a Avenida da Liberdade, logradouro com 1,1 km de comprimento e 90 m de largura que concentra lojas luxuosas, passeios públicos e jardins – alguns dos melhores restaurantes da cidade, como o Seen, o Jncquoi e o Yakuza by Olivier se encontram por aqui. A grande avenida impressiona e foi construída em 1886 espelhando os famosos boulevards de Paris – qualquer semelhança não é mera coincidência!
Regiões imperdíveis do centro
Chiado
É um dos cantos mais especiais de toda Lisboa: tradicional, emblemático, elegante e histórico são apenas alguns dos predicados que o bairro carrega. Situado entre o Bairro Alto e a baixa Lisboa, o Chiado é como um recanto lisboeta repleto de casarões, cafés, restaurantes e teatros.
Aqui, mais uma vez, temos um gostinho de uma antiga Lisboa que nos remete à literatura, já que o local foi um reduto de poetas, escritores, artistas e intelectuais nos tempos áureos da capital. Hoje, um dos locais mais vivos de toda cidade, na década de 1980 sofreu com a decadência e um incêndio devastou grande parte da região. O bairro foi então revitalizado e, atualmente, é um dos destinos favoritos de nós turistas.
A Praça Luís de Camões fica no coração do bairro e contém uma estátua de Luís de Camões, escritor português do século 16 e autor de “Os Lusíadas”. Por aqui a dica é vislumbrar um pouco de tudo, mas se quiser afunilar um pouco mais o passeio, também vale.
Quer museu? Vá ao Convento do Carmo (aberto de segunda à sábado por 5 €) e confira as ruínas do convento causadas pelo terremoto que assolou a cidade em 1755 ou ainda dê um pulo no Museu de Arte Contemporânea do Chiado, construção histórica que abriga obras de arte dos mais conhecidos artistas nacionais dos finais do século 19 e 20 (o ingresso sai por 4,50 €).
Deseja ver belas obras que dão um gostinho do passado? A escolha pode ser o Teatro de São Carlos, principal casa de ópera da capital inaugurada em 1793 com fachada neoclássica e que realiza visitas guiadas; ou ainda a Igreja de São Roque, que começou a ser construída no século 16 e foi a primeira pertencente à Companhia de Jesus no país.
Quer arrematar a visita com vistas privilegiadas da cidade e para o pôr do sol? O Miradouro de Santa Catarina é a parada para belas fotografias e contemplação.
Por aqui, também não deixe de passar pela Rua Garrett, uma das mais conhecidas do Chiado e que tem fama por ser o lar da Livraria Bertrand, tida como a livraria mais antiga do mundo em funcionamento – além dos livros, a própria livraria carrega uma baita narrativa histórica.
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Vendendo livros desde 1732, o local foi reduto intelectual – Eça de Queiroz era um dos frequentadores, por exemplo – e hoje possui sete salas com nomes de importantes autores. A paradinha também é estratégica, já que possui um café e um corredor, que liga os cômodos com quadros que narram a história do local.
Baixa de Lisboa
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Falando-se em praças, inclusive, elas são uma das riquezas da cidade: em direção ao Tejo, já no nível da baixa, fica a magnífica Praça do Comércio, perto do Chiado.
É basicamente um dos principais cartões-postais de Lisboa – imperdível de se visitar e contemplar – e fica ao lado do Tejo. Seu tamanho também nos surpreende, já que são 36 mil m² – uma das maiores de toda a Europa. Residência do rei Manuel I a partir do século 16, o terremoto de 1755 que atingiu Lisboa destruiu o local.
Foi apenas a partir da reconstrução da praça pelo plano de Marquês de Pombal que acabou se transformando num dos pontos mais visitados e cultuados da capital. Caso surja a curiosidade, os edifícios da praça são constituídos por ministérios, departamentos governamentais, hotéis e restaurantes – aqui, inclusive, fica o Martinho da Arcada, café mais antigo da cidade que carrega uma história de mais de dois séculos.
Em uma das extremidades da praça está o Arco do Triunfo da Rua Augusta, entrada para a Baixa e outro ponto turístico que deve ser visitado. A Rua Augusta, uma linha reta e planejada, é a principal via comercial do centro histórico daqui e, de cara, reflete seu nome: é um local imponente e majestoso.
Assim, ela liga alguns dos pontos mais tradicionais da região, como também a Praça D. Pedro IV (o famoso Rossio) e o Elevador de Santa Justa – meio de transporte público superinteressante que liga a rua do Ouro e a rua do Carmo ao largo do Carmo. Vale conferir!