Praias italianas paradisíacas colocam limite diário de visitantes durante o verão

Além de colocar limite de pessoas, algumas implementaram pagamento de taxas e reservas com antecedência; Veja os destinos com as novas regras

Cala Mariolu, na Sardenha, é uma das várias praias italianas populares que está implementando um limite diário de visitantes neste verão
Cala Mariolu, na Sardenha, é uma das várias praias italianas populares que está implementando um limite diário de visitantes neste verão Liubomir Paut-Fluerasu/Alamy Stock Photo

Silvia Marchettida CNN

À medida que as temperaturas sobem e o verão se aproxima na Europa, chega rapidamente aquela época do ano em que turistas de todo o mundo desembarcam no litoral da Itália.

Mas a enorme popularidade das duas maiores ilhas da Itália, Sicília e Sardenha, conhecidas por suas praias imaculadas e águas azuis fluorescentes, teve um custo para o meio ambiente local, com lixo e roubo de areia entre os maiores problemas.

No entanto, neste verão, as autoridades estão tomando medidas extras para preservar o ambiente natural, impondo limites estritos de visitantes diários, com algumas das praias mais bem avaliadas nas ilhas populares na linha de frente.

Enquanto Baunei, uma pequena vila em uma área remota do leste da Sardenha, implementou limites de visitantes diários nos anos anteriores, as restrições ao número de banhistas autorizados a visitar algumas das mais belas praias ao longo de sua costa de 40 quilômetros com vista para o Golfo de Orosei estão sendo ainda mais duras neste verão.

Números insustentáveis de visitantes

“Nossa terra é formada principalmente por penhascos altos e irregulares, onde vivem muflões [ovelhas selvagens] e falcões, e apenas uma dúzia de praias, então todos se aglomeram lá”, disse Stefano Monni, prefeito de Baunei, à CNN.

“Não podemos mais receber milhares de banhistas diariamente, espremidos em um só lugar como no passado, é insustentável.”

Quatro praias são afetadas. Cala dei Gabbiani e Cala Biriala têm agora um limite diário de 300 visitantes, enquanto Cala Goloritze tem um limite de 250 visitantes por dia, e Cala Mariolu, a maior das praias, tem um limite diário de 700 pessoas.

Aos visitantes de Cala Goloritze, acessível apenas a pé ou de barco, será cobrada uma taxa de entrada de seis euros, o equivalente a R$ 31,8.

Os banhistas devem reservar seu lugar em todos esses locais por meio de um aplicativo chamado Cuore di Sardegna (ou Coração da Sardenha) pelo menos 72 horas antes da visita. A taxa de entrada para Cala Goloritze pode ser paga online ou em dinheiro na entrada da enseada.

Cala Goloritze, localizada na cidade de Baunei em Ogliastra, na Sardenha, só pode ser acessada a pé ou de barco / ilamy Stock Photo

Esta taxa vai ajudar a financiar a vigilância, uma área de estacionamento e manutenção dos caminhos e banheiros na praia, de acordo com as autoridades locais.

“Todas essas praias, mesmo aquelas com entrada gratuita, são limpas e organizadas”, acrescenta Monni. “Há vigilância, assistência a banhistas e serviços de limpeza. Se as pessoas quiserem, podem deixar uma pequena contribuição.”

Em Cala Mariolu, uma das praias mais famosas da Sardenha, uma taxa de um euro por passageiro agora é aplicável a todos os barcos ou botes que atracam aqui.

“Devemos proteger este paraíso e seu frágil ecossistema”, acrescenta Monni.

O prefeito diz que as águas de Baunei foram classificadas como o mar mais bonito da Itália em 2022 pelo Legambiente, um grupo de lobby ecológico italiano. Ele diz que também é um local de interesse europeu devido às espécies protegidas de animais e aves.

“Os limites devem ser estabelecidos, caso contrário, tudo desmorona”, acrescenta.

Monni diz que Cala Mariuolo foi cercada por até dois mil turistas por dia nos anos anteriores, uma situação que ele descreve como “carnificina”. A área costeira de Baunei recebe cerca de 300 mil turistas a cada verão.

Em uma tentativa de apertar ainda mais as restrições, Monni apresentou um pedido às autoridades regionais da Sardenha para obter permissão para implementar uma distância obrigatória de seis metros quadrados entre os banhistas em todo o litoral.

Não será um processo fácil. Embora Monni esteja confiante em controlar o acesso às enseadas por terra, ele tem plena consciência de que restringir o acesso por mar será mais difícil. Botes particulares, iates e canoas ainda aparecem na área, muitas vezes chegando de cidades próximas.

“Só podemos controlar as chegadas por mar se os barcos forem guiados por operadores turísticos autorizados com os quais temos acordos e em regime de rotatividade, não mais do que duas horas nas praias para cada grupo de barcos”, explica Monni.

Proibição de toalha na praia

Toalhas na praia não serão permitidas na praia de La Pelosa em Stintino, Sardenha neste verão, de acordo com as autoridades locais / robertharding/Alamy Stock Photo

Baunei não é o único local de férias na Sardenha tentando manter os números baixos neste verão.

Stintino, uma vila de pescadores na costa norte, está adotando medidas rígidas para proteger seu patrimônio mais impressionante – a praia de coral rosada de La Pelosa, que oferece vistas da ilha de Isola Piana, conhecida por sua torre de observação de pedra.

Com o nome das plantas gramadas e com pelos (pelosi em italiano) que se projetam de suas dunas de areia macia, La Pelosa está entre as mais belas e lotadas praias da Itália.

Na alta temporada, suas areias costumam ser um labirinto de toalhas e banhistas, enquanto um mergulho em suas belas águas envolve ziguezagues entre inúmeros colchonetes infláveis.

“Limitamos os turistas em La Pelosa a 1.500 por dia pagando uma taxa de 3,50 euros [R$ 18,55], reservas e pagamentos podem ser feitos em um site autorizado”, diz a prefeita de Stintino, Rita Limbania Vallebella, relembrando um dia ensolarado de agosto, quando as autoridades da cidade contaram cerca de 38 mil turistas nadando nas águas de Stintino.

“Foi chocante e nojento. Isso destruiu o habitat natural levando à erosão da areia. Não suporto que turistas joguem lixo nas dunas, coisa que eles nunca fariam em casa”.

Focando evitar uma ocorrência semelhante no futuro, Vallebella está reprimindo os “transgressores da natureza” com patrulhas de praia e uma série de proibições.

Cães, fumar e roubar areia são proibidos nesta praia, assim como o uso de toalhas de banho, com multas a partir de 100 euros, aproximadamente R$ 530.

“Em La Pelosa, apenas tapetes são permitidos. Ao contrário das toalhas que ficam molhadas, a areia não gruda nos tapetes, de preferência se forem de fibra e palha. Perdemos muita areia por causa das toalhas na praia”, explica Vallebella.

Enquanto isso, as restrições também estão em vigor na praia vizinha de Le Saline. Aqueles que querem acampar não podem mais estacionar “descontroladamente” na costa de seixos finos ou perto da lagoa, que abriga pássaros e espécies de plantas protegidas.

Reservas antecipadas

Vista aérea de Isola dei Conigli, na Lampedusa / Fabrizio Villa/Getty Images

Na Sicília, a ilha de Lampedusa, uma das Ilhas Pelagie, também trouxe restrições turísticas em um local popular.

Com suas águas azuis cristalinas, a praia de Isola dei Conigli foi repetidamente nomeada uma das melhores praias do mundo pelos viajantes, por isso não é surpresa que grandes multidões se reúnam aqui todos os anos.

Segundo o vereador Totò Martello, mais de 1.500 pessoas visitaram a praia, local de desova das tartarugas-cabeçudas, todos os dias antes da introdução do limite, além de uma taxa de entrada de dois euros, que é paga no local.

“Esse número caiu pela metade, apenas 350 pessoas pela manhã e outras 350 à tarde”, diz Martello. “As reservas são feitas online através de um site local autorizado”.

Quem toma banho de sol aqui deve aderir a um “código de praia” específico, que incentiva os visitantes a permanecerem em seu local de banho de sol, a menos que estejam dando um mergulho na água.

Espreguiçadeiras e tapetes aquáticos flutuantes são proibidos e o ruído deve ser reduzido ao mínimo.

“O verão pode ser difícil. São cerca de 6.700 residentes, mas durante as férias mais de 200 mil turistas desembarcam aqui. Torna-se insuportável para o meio ambiente e inabitável para todos”, diz Filippo Mannino, prefeito de Lampedusa.

Martello diz que planeja proibir por 40 dias a chegada de carros e scooters de turistas e não residentes durante o pico do verão.

Para reprimir o número de iates e barcos particulares ancorados na baía, Mannino está pressionando para que a Isola dei Conigli seja listada como um parque marinho protegido no futuro.

Carros de turistas já estão proibidos em Linosa, a ilha vulcânica menor e negra de Lampedusa, que permite apenas 200 visitantes por dia, segundo Martello.

A medida surge pouco depois de Mannino ter aprovado uma medida para punir os “vândalos” que despejam lixo em Lampedusa e Linosa com a apreensão dos seus carros.

Enquanto isso, a ilha de Giglio, ou Isola del Giglio, localizada na costa da Toscana, introduziu uma taxa de desembarque de três euros (aproximadamente R$ 15), enquanto os carros só são permitidos para estadias de mais de quatro dias em agosto.

Abrigando 1.400 residentes durante o inverno, as chegadas de visitantes atingem um pico diário de 10 mil no verão, elevando o total anual para 300 mil.

Procida, outra das ilhas sem carros da Itália, também está lutando contra os excursionistas “bagunceiros”. Abrangendo apenas quatro quilômetros quadrados, a ilha é uma das ilhas mais densamente povoadas da Europa, com uma população de cerca de 10 mil habitantes.

No entanto, cerca de 400 mil pessoas visitam a cada ano, com a maioria chegando durante o verão.


Este conteúdo foi criado originalmente em inglês.

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