Os sons e os sabores de Nova Orleans, a terra do jazz nos Estados Unidos
Um verdadeiro caldeirão cultural transborda pelas ruas da cidade e enche os olhos com seus pratos típicos e trilha sonora interminável em qualquer canto: bem-vindos a Nova Orleans
Em português ela é a capital da Luisiana, berço do jazz e cidade que nunca dorme. Em inglês é a Big Easy, The Crescent City ou NOLA. São inúmeros os nomes que tentam definir ou abreviar o espírito de Nova Orleans, mas uma coisa é certa: ela é apaixonante. A cidade nos presenteia com uma atmosfera vibrante, assim como uma cena cultural e gastronômica que pulsa pelas ruas repletas de casarões históricos.
Às margens do Rio Mississipi e próxima ao Golfo do México, digo que Nova Orleans nos apresenta uma alma bem diferente do que encontramos em outros cantos dos Estados Unidos. Aqui se ouve jazz 24 horas por dia, degusta-se uma culinária fabulosa influenciada por tradições francesas, espanholas e africanas, as pessoas são divertidas e comunicativas e há excelentes hotéis.
Seja no French Quarter, tradicional bairro francês; em regiões como o Garden District, onde mansões vitorianas se impõem na paisagem; ou ainda nos bares, mercados, museus e casas de jazz, há uma multiculturalidade extraordinária que corre por aqui.
E é exatamente esse agito que queria traduzir para o CNN Viagem & Gastronomia: foi um desafio delicioso desembarcar nos Estados Unidos com o programa pela primeira vez e completamente diferente do que imaginava – que acabou saindo melhor do que queria.
Além de toda a tradição e diversão que a cidade mantém, o que mais me surpreende é que, de fato, a música vive dentro de Nova Orleans. É uma boêmia muito cultural e artística, e os moradores realmente vivem esta vida: é um local regado a muita música boa – afinal, escutamos jazz aqui desde o melhor bar até no supermercado – e há uma interessante mescla dos sons com os sabores, vida noturna e passado histórico como nenhum outro lugar nos Estados Unidos.
Pular de bar em bar nas principais vias daqui e ver qual som mais nos agrada é quase uma regra, assim como andar a pé é uma das melhores formas de conhecer a fundo a cidade – quem pode ajudar na tarefa é o streetcar, o famoso “bondinho”, a linha em operação mais antiga do mundo, funcionando desde 1835.
Passeios de barco pelo Rio Mississipi são agradáveis e nos dão uma noção da grandiosidade do rio e da cidade junto de, claro, jazz ao fundo.
Em meio a uma cultura efervescente que nos deixa encantados com tanto ânimo e história, embarque comigo em uma descoberta pelos cantos mais especiais – e inquietos – de Nova Orleans.
Onde comida e música se encontram
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Andar a pé por Nova Orleans é se deparar com vários pontos que mais se assemelham a uma cidade cenográfica: construções históricas, muitas vezes de tijolinhos aparentes, com sacadas e janelas, fazem um contraponto com prédios supermodernos. E, aqui, o padrão segue também em outros setores, em que a tradição convive com o presente de maneira recíproca.
Além da arquitetura, as raízes africanas, francesas e espanholas da gastronomia fazem com que ela seja única: é uma comida mais carregada, de muito sabor, de pimenta e de temperos.
A influência da culinária cajun, que provém dos franceses que migraram para a Luisiana no século 18, junto da creole, que se refere aos imigrantes que vieram do Caribe, formam um caldeirão cultural muito apetitoso pelas ruas e mercados. Vale ressaltar que aqui também come-se muito arroz e feijão – mas o vermelho e não o preto.
Adicione nessa receita os sons dos metais, palhetas e baterias da improvisação do jazz e, assim, temos uma síntese do que encontrar em Nova Orleans. E é pelas ruas de seus bairros mais notórios e mercados que temos um gostinho dessa mistura muito bem-vinda.
French Quarter
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É o bairro francês de Nova Orleans, um dos mais históricos e conhecidos de todo o país, que nasceu em 1718, junto da fundação da cidade. Aqui se destacam as construções antigas com varandas de ferro, seus restaurantes e bares, mas, principalmente, sua animação contagiante. É, em suma, um baita programa por si só.
É como um retrato atemporal da cidade que ganha contornos ainda mais especiais ao anoitecer, quando os letreiros de neon ganham vida na Bourbon Street, o coração do agito deste centro histórico – e indispensável de visitar quando em Nova Orleans. É aqui que ficam alguns dos mais emblemáticos bares e pubs que fazem da cidade um local especial.
Quer ouvir jazz de verdade? A parada quase obrigatória é no Fritzel’s European Jazz Pub, situado em um prédio histórico de mais de 200 anos no coração do French Quarter. A casa foi inaugurada em 1969 e logo virou uma meca para os amantes do jazz, e carrega em seu espírito a tradição de Nova Orleans.
Entre, sente-se, peça um drinque – de preferência um Hurricane, típico daqui que leva mistura de gim com licor de roma e de maracujá – e aprecie a banda arrasar nos instrumentos.
Mais adiante, outra parada emblemática: o Lafitte’s Blacksmith Shop Bar, que é considerado o bar mais antigo dos Estados Unidos.
Situado na esquina da Bourbon Street com a St. Phillip, há toda uma aura mística que ronda o ambiente: construída um pouco antes de 1772, a casa é bem escura, marcada por pedra, fogo e madeira em seu interior.
As paredes são carregadas de lendas e mistérios da velha Nova Orleans. Assustador para alguns, é um local para beber uma cerveja e se admirar diante de tanta história.
Assim, o ideal por aqui durante a noite é ir pulando de bar em bar a procura de uma bebida agradável e um som que mais nos apeteça. Nossa cabeça chega a ficar inquieta: dá vontade de entrar em tudo, é uma verdadeira festa regada a música alta, luzes neon e drinques típicos.
Fora da Bourbon Street, outra rua bacana de ser visitada é a Calle San Luis, ou a St. Louis Street, que emprestou o nome em espanhol entre 1762 e 1803 quando o estado de Luisiana estava sob domínio dos espanhóis.
É numa de suas esquinas que fica um dos restaurantes mais antigos de Nova Orleans, o Napoleon House, que conserva paredes descascadas e gastas pelo tempo em seu exterior – o edifício de três andares foi construído no fim do século 18 e é considerado um marco histórico nacional.
O ideal aqui é tomar uma cerveja acompanhada de um muffulletta – iguaria de Nova Orleans, um sanduíche de pão italiano redondo recheado com fatias de queijo provolone, salame, mortadela e presunto cru com molho de acompanhamento feito com temperos verdes.
As ruas mais tranquilas desta região histórica nos levam também à Jackson Square, um dos pontos turísticos mais visitados da cidade – são cerca de 2 milhões de pessoas que visitam a praça todos os anos.
Passeio agradável, artistas de rua costumam se apresentar em frente à imponente St. Louis Cathedral, toda branca e com detalhes pontiagudos que corresponde à catedral mais antiga ainda em uso do país.
French Market
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Parte icônica do bairro francês, é indispensável também a parada no French Market, mercado público ao ar livre de 1791 que abrange seis quarteirões e inclui lojinhas, cafés, restaurantes, comedorias e, claro, música – afinal, estamos em Nova Orleans. Aberto diariamente, é uma ótima oportunidade para passear pelos sabores da cidade e da Luisiana em seus corredores.
O interessante é que aqui há de tudo um pouco, onde nos deparamos também com toda a base da comida típica de Nova Orleans.
Comida cajun, creole e uma variedade de condimentos enchem nossos olhos, em que podemos vislumbrar snacks ou ainda pratos de comida saindo diretamente das panelas. Por falar em condimentos, a pimenta aqui está em todos os lugares: há molho de pimenta, chocolate com pimenta e, como manda a região, vários pratos carregados à base de pimenta.
Aqui, não deixe de experimentar as ostras gratinadas na Upside Down Oysters, vendinha que gratina a ostra e ainda leva uma boa quantidade de manteiga com um pãozinho de acompanhamento. É uma delícia!
Outros pratos icônicos de Nova Orleans podem ser encontrados pelo mercado, incluindo o Po’Boy, clássico sanduíche na baguete com recheio generoso de camarão empanado ou outros frutos do mar – mas também pode ter carnes vermelhas, peru ou linguiça.
Por aqui também fica o Cafe Du Monde, um dos mais emblemáticos cafés de Nova Orleans, estabelecido em 1862.
Fica aberto 24 horas por dia, sete dias por semana, com um cardápio que varia de cafés torrados, achocolatados, suco de laranja e os típicos beignets – iguaria que parece nosso bolinho de chuva, mas mais aerado e de massa fina, formando uma massa crocante por fora e molinha por dentro. Quadrados, eles são cobertos com açúcar de confeiteiro.
O bacana, mais uma vez, é que nas redondezas do mercado não se escuta apenas uma, mas várias bandas de jazz que ficam espalhadas por aqui: é uma confusão animada e deliciosa que compõe a cidade.
Programas clássicos
Com todos seus atributos e agito, o French Quarter é um pedaço de Nova Orleans retratado em filmes, séries e em fotos que está no imaginário de muita gente. Mas, claro, não é o único passeio imperdível por estes lados.
A cidade ainda reserva muitas doses extras de cultura e de tradições, as quais podem ser vivenciadas em atividades e programas por diferentes regiões.
Andar de barco pelo Rio Mississipi, subir a bordo de um típico bondinho, conhecer outras ruas emblemáticas, apreciar mais música em clubes de jazz selecionados e ainda adentrar a história local em museus é apenas mais um dos deliciosos convites que Nova Orleans nos propõe.
Clubes de jazz e outras ruas emblemáticas
Parece clichê e repetitivo, mas não dá para sair de Nova Orleans sem sentar-se em um bom clube de jazz e apreciar os sons e as melodias formadas pela banda. Por isso, além dos bares e restaurantes que aliam comida com música, clubes de jazz mais tradicionais na cidade também precisam entrar na programação.
Um deles é o The Spotted Cat Music Club, na Frenchmen Street, uma indicação valiosa vinda dos próprios moradores da cidade. Aqui só entram maiores de 21 anos e a regra da casa é que se deve consumir pelo menos uma bebida – entre cervejas, drinques e vinhos.
Chamado pelos locais apenas de “The Cat”, o clube é reconhecido como um destino internacional de jazz e já foi palco para vários filmes e comerciais.
Longe do agito da Bourbon Street, mas com seu próprio burburinho, a Frenchmen Street, inclusive, é mais uma que representa a imagem clássica que temos de Nova Orleans.
Ao longo da rua encontramos uma variedade de apresentações ao vivo que vão desde o jazz tradicional, obviamente, ao blues, rock e até ao reggae. É um baita programa para a noite.
E falando em clubes, um deles especificamente deve ser visitado e faz jus à sua fama: é o Preservation Hall, lugar mais tradicional de jazz de Nova Orleans que fica no French Quarter, na St. Peter Street.
A casa, de 1961, é basicamente o local que toda lenda do gênero vai para tocar. É um local pequeno e simples, com chão de madeira e cadeiras na frente da banda, com luzes bem amenas que deixam o ambiente mais íntimo.
Shows ocorrem todos os dias do ano, e os concertos acústicos são feitos com bandas formadas por um coletivo de cerca de 60 mestres do jazz tradicional de Nova Orleans. É espetacular, filas formam-se na porta e é uma descoberta e tanto para os amantes do gênero.
Barco a vapor pelo Mississipi
O Mississipi é o segundo rio mais longo dos Estados Unidos, perdendo apenas para o Rio Missouri – juntos, eles formam a maior bacia hidrográfica do país. Assim, estar em suas águas de frente para a cidade de Nova Orleans é um dos passeios mais agradáveis e interessantes de se fazer por aqui.
Com saída de uma base de frente para o French Quarter, é um passeio turístico que recomendo justamente por nos transportar para uma antiga e glamourosa Nova Orleans.
A New Orleans Steamboat Company realiza passeios de cerca de duas horas todos os dias pelo Mississipi, e, a bordo de um barco a vapor do século 19 bem característico, vemos as paisagens do French Quarter desaparecendo enquanto as melodias do jazz nos acompanham como uma trilha sonora.
A embarcação conta com alguns decks e interiores restaurados bem cuidados, onde há até narração ao vivo dos locais que vamos observando ao longo das margens da cidade. Seu interior conta com bar, banda e diferentes cômodos.
São três tipos de passeio: durante o dia, à noite ou ainda aos domingos. Os preços variam de US$ 39 durante a luz do dia – com opção de refeição sai por US$ 52 nos dias de semana e US$ 60 aos domingos. Já ao anoitecer, o preço muda para US$ 50 – US$ 89 com jantar.
O bondinho e as casas de Garden District
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Um jeito divertido e único de conhecer outros cantos de Nova Orleans é por meio do streetcar, que chamamos no Brasil de bondinho. Eles estão em operação na cidade desde 1835, o que faz desse sistema o mais antigo ainda em operação no mundo todo. Ou seja, é um meio de locomoção diferente ao mesmo tempo que nos transporta, literalmente, para um pedaço da história.
São cinco rotas ao todo que operam aqui, as quais abrangem as principais áreas da cidade. Seja qual for o destino, é uma delícia sentar e vislumbrar as paisagens urbanas que se misturam pelas ruas.
E um dos distritos mais bacanas de Nova Orleans é The Garden District, que pode ser descoberto via streetcar pela linha St. Charles, a mais antiga delas, que sai da Canal Street, bem próxima do French Quarter.
Já no The Garden District, através do bondinho, podemos apreciar esta parte da cidade que ostenta casarões da década de 1840: são grandes casas, a maioria ainda residenciais, que nos impressionam pelo tamanho e pela arquitetura sulista bem característica.
Muitas delas são brancas, construídas como se fossem bolos de casamento, que nos passam aquela imagem de um Estados Unidos antigo, protegidas por árvores frondosas na frente.
A tarifa dos bondinhos é de US$ 1,25 e deve ser paga com o troco exato no momento do embarque – também há passes para um ou três dias e ainda um mês inteiro disponíveis por US$ 3, US$ 9 e US$ 55, respectivamente.
Assim, por meio do bondinho também é possível explorar mais áreas de Uptown, seção de Nova Orleans mais residencial que fica afastada do centro histórico de French Quarter e começou a ser estabelecida aqui no início do século 19.
Quando na região, uma outra opção de passeio agradável é o Audubon Park, inaugurado em 1898 e que preserva carvalhos, lagoas e amplos espaços verdes. É um espaço utilizado pela população local para fazer piqueniques, relaxar, caminhar, correr, andar de bicicleta, participar de eventos e ver os animais no zoológico – seu acesso também é fácil, estando na linha de bonde St. Charles. Não é raro ver alguns esquilos pelas árvores daqui.
Inclusive, o parque fica no final da Magazine Street, importante via em Nova Orleans que segue o curso curvo do Rio Mississipi por mais de 9 km e é repleta de lojinhas interessantes, paradinhas para comer e pontos de arte. Vale uma caminhada pelas redondezas.
Mardi Gras e vida cultural
Enquanto gravávamos o programa nas ruas de Nova Orleans, mais especificamente no French Quarter, um verdadeiro desfile, com direito a banda e pessoas fantasiadas em pernas de pau, tomou conta do recinto.
De surpresa, o espetáculo dominou a rua e fui me juntando ao lado de outros indivíduos que passavam, com trombone e trompete fazendo a maior festa.
Foi um gostinho do que é o Mardi Gras em Nova Orleans, o típico carnaval daqui. A animação não tem data na cidade, mas o carnaval deles ocorre anualmente a partir de 6 de janeiro, no Dia de Reis, e termina no Dia de Mardi Gras (ou, como chamam por aqui, Terça-feira Gorda).
No dia do Mardi Gras, a maioria das lojas e dos negócios na cidade é fechada por conta da celebração – que atrai moradores e muitos turistas. A tradição remonta ao final do século 19, quando paradas por toda a cidade ocorrem gratuitamente e os foliões usam fantasias, colocam máscaras, usam guarda-chuvas coloridos e se produzem para fazer parte da celebração. É uma verdadeira festa nas ruas.
Um dos aparatos culturais para entendermos melhor a cidade é o museu The Presbytère, na Chartres Street, bem ao lado da Catedral St. Louis. Parte da Louisiana State Museum, sistema estadual que mantém nove museus e marcos históricos na Luisiana, o Presbytère’s nos revela duas mostras fixas que contam duas histórias: de celebração e de resiliência.
Uma delas é justamente sobre o Mardi Gras, que expõe a relação intrínseca entre a festa e a identidade de Nova Orleans – e de todo o estado. Há carros alegóricos, fantasias e fatos históricos em exibição, assim como álbuns, discos e partituras que fazem parte do carnaval daqui – afinal, não ocorre Mardi Gras sem música.
Já a outra parte do museu dedica-se a um capítulo trágico na história da região, que fala sobre o resgate, a reconstrução e a renovação do local com o furacão Katrina – que deixou 80% da cidade inundada e centenas de mortos. Por meio de fotos e documentos, a exposição narra este passado junto de suas consequências e deixa aprendizados para o futuro. Os tíquetes para entrada inteira no museu custam US$7.
Como se não bastasse o jazz, a comida e toda a força cultural que acompanha estas singularidades de Nova Orleans, a cidade ainda é conhecida mundo afora por ser um local misterioso e mal-assombrado, também muito ligada às raízes do vodu.
Como se não fossem suficientes as lendas em torno do Lafitte Blacksmith Bar, que diz que o fantasma do fundador ronda as mesas do ambiente, também há o New Orleans Historic Voodoo Museum, pequeno museu dedicado ao vodu típico da cidade.
De acordo com o órgão de turismo dos Estados Unidos, o vodu de Nova Orleans é um apanhado de influências africanas e europeias que foram misturadas dentro do caldeirão cultural da cidade, trazido para cá no início do século 18 por meio do comércio de escravos africanos.
Objetos ligados ao vodu ocupam as paredes do museu, que oferece também passeios a pé pelo famoso Cemitério de St. Louis – onde podemos contemplar a sepultura de Marie Laveau, uma das mais importantes praticantes do vodu daqui. Leituras psíquicas também são feitas, já que prognosticar é algo enraizado na cultura vodu. Para adultos, os tíquetes custam US$ 10.
Mal-assombrada, carnavalesca ou terra do jazz e de comidas típicas que não encontramos em nenhum outro lugar, Nova Orleans é, de fato, única.