O que ver e fazer em Reykjavik, capital da Islândia

Além de visuais encantadores, capital mais ao norte do mundo tem uma vida cultural vibrante, ruas charmosas e o melhor: tudo pode ser feito a pé e em curtas distâncias

Daniela Filomenodo Viagem & Gastronomia , Reykjavik, Islândia

Assim como a Islândia, Reykjavik é uma cidade cheia de contrastes: é pequena mas ao mesmo tempo cosmopolita; é pujante sem perder sua sofisticação e, mesmo dotada de muita história, se mostra como uma capital jovem.

Porta de entrada e ponto de partida para as maravilhas do país europeu, ela é a capital mais ao norte do mundo. Um dos trunfos de Reykjavik é que ela reúne museus, galerias, cafés, restaurantes e hotéis a poucos passos de distância uns dos outros, em que pode ser melhor aproveitada a pé.

Se a Islândia como um todo possui uma população estimada em 385 mil habitantes, é Reykjavik que concentra a maior parte deles: cerca de 125 mil pessoas moram pelas redondezas da capital.

A chegada por aqui é feita pelo aeroporto internacional de Keflavík, que fica a cerca de 45 minutos de carro do centro.

Vale salientar que, do Brasil, é possível chegar a Reykjavik com conexões feitas em Londres, Paris, Amsterdã e Nova York. Para se ter uma ideia, o voo de Londres demora cerca de três horas, enquanto o de Nova York tem duração de cinco horas até a capital.

Além de passeios memoráveis pelo país, que vão desde praia de areia preta, cachoeiras cinematográficas, banhos quentes em piscinas geotérmicas e até caminhada em vulcão ativo, também percorri os melhores pontos da capital islandesa para as gravações da quinta temporada do CNN Viagem & Gastronomia.

Com maravilhas naturais à nossa porta que valem um bate e volta, Reykjavik também tem uma alma só sua: arquitetura arrojada, cena cultural potente e uma gastronomia nórdica ímpar que carrega traços da sazonalidade e do trabalho de pequenos produtores.

Para além dos programas surpreendentes feitos a partir daqui, destaco uma seleção de endereços imperdíveis na própria capital. De catedral que é símbolo do país até uma barraquinha de cachorro-quente com filas que viram a esquina, confira o que fazer em Reykjavik:

Hallgrímskirkja, a catedral símbolo do país

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Um dos mais emblemáticos cartões-postais de toda a Islândia, podemos ver a Hallgrímskirkja praticamente de todos os pontos da capital islandesa, já que a construção se ergue a 74 metros de altura e consta como a mais alta da cidade.

O projeto do arquiteto islandês Guðjón Samúelsson levou 40 anos para ser finalizado, o que ocorreu apenas em 1986. Imponente em todos os ângulos e sentidos, a construção representa as paisagens islandesas: montanhas, vulcões, glaciares e colunas basálticas estão representados na arquitetura arrojada de concreto escalonado que é emblemática mundo afora.

Igreja luterana, Hallgrímskirkja tem esse nome como homenagem ao clérigo e poeta islandês Hallgrímur Pétursson (1614-1674).

E não é apenas seu exterior que chama a atenção: o interior guarda um pé direito altíssimo e um dos melhores órgãos do norte da Europa.

Feito na Alemanha na década de 1990, o órgão tem 15 metros de altura, pesa cerca de 25 toneladas e possui mais de 2.276 tubos. Como me contou Sigurdur Arni Thordarson, pastor de Hallgrímskirkja, organistas do mundo inteiro vêm aqui para visitá-lo.

Além disso, é louvável que indivíduos de todas as religiões e partes do mundo acendam as velas por aqui.

A entrada na igreja é gratuita, mas feita nos dias e horários sem eventos religiosos, como missas, casamentos e batizados. Também é possível subir a torre e se deparar, lá de cima, com visuais incríveis para toda Reykjavik.

A 74 metros de altura é possível ver o centro, os principais pontos da cidade e as construções coloridas que tanto marcam a capital. A visita na torre sai por ISK 1.200 para adultos (cerca de R$ 43) e crianças entre 7 e 16 anos pagam ISK 200 (cerca de R$ 7).

Laugavegur e Rainbow Street, principais via da cidade

Rainbow Street é uma das mais interessantes vias da cidade / Daniela Filomeno

Com pouco mais de 1,5 km de extensão, a Laugavegur é a principal via comercial de Reykjavik e uma das mais antigas ruas de todo o país. Aqui residem algumas das lojas mais interessantes, bares e restaurantes da capital.

Uma tradução da palavra islandes para o inglês é “wash road”, que indica que o local, no passado, já foi rota para as fontes termais onde muitos islandeses levavam suas roupas para lavar.

Além da cena gastronômica, livrarias e lojas de roupa e brechós, aqui também há o Punk Museum, pequeno museu que relembra a cena punk e new wave islandesa, que começou por aqui em 1978.

Para além da Laugavegur, separe um tempinho também para andar pela Rainbow Street (ou Skólavörðustígur), que desemboca na catedral Hallgrímskirkja – as fotos ficam lindas e ver a igreja de longe é impactante.

Na época das paradas do Orgulho LGBTQIA+, a via ganha as cores do arco-íris no chão e vira um ponto turístico na cidade. Em 2023, a Reykjavik Pride acontece na capital em agosto.

Bæjarins Beztu Pylsur, mais famosa barraquinha de rua

Lojinha é ponto de parada obrigatória na capital islandesa / @aschaf/Flickr

Andar pelo centro de Reykjavik é se deparar com uma fila que chega a cruzar a esquina em dias de alta temporada. Assim, não é difícil achar a pequena barraquinha da Bæjarins Beztu, em Tryggvagata, que vende o mais famoso – e considerado o melhor – hot dog da Islândia.

Existente desde 1936, a receita é uma herança de família guardada a sete chaves. Dizem que o segredo é a salsicha de cordeiro, mas se destacam também a cebola frita, a cebola crua e o molho remoulade, à base de maionese.

A linguiça é leve, o pão é caseiro e juntos ficam uma delícia. Ainda bem que peguei dois de uma vez! A dica é não se assustar de cara com a fila e enfrentá-la, pois garanto: vale a pena! E faça como um local: ordene o cachorro quente completo. Ou, em islandês: “Ein með öllu”.

Já passaram por aqui e provaram a iguaria o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, Kim Kardashian e também Anthony Bourdain com seu programa “Sem Reservas”.

Vale ressaltar que a vendinha na área de Tryggvagata é a mais famosa, mas há outras oito lojinhas da marca espalhadas pelo país – seis na capital e outras duas na península sul.

Old Harbour, um gostinho do porto antigo

Parte do porto logo em frente ao Harpa, local de concertos e atividades culturais da capital / Pxfuel

O Porto de Reykjavik de hoje se refere também ao Old Harbour, antigo porto próximo ao centro da cidade e que atualmente é ponto de partida para vários passeios nas águas. Daqui, ao longo do ano saem embarcações para vermos baleias e, no inverno, barcos zarpam em busca da famosa aurora boreal.

Assim, com o passar dos anos, a pesca e o comércio de antigamente deram lugar ao turismo. O local, porém, ainda carrega seu charme à beira-mar.

Andar calmamente por aqui e observar as geladas águas do Atlântico Norte é uma das possibilidades – as paisagens compreendem a Baía de Faxaflói, o Monte Esja, a geleira na Península Snæfellsnes e ainda os picos vulcânicos da Península de Reykjanes.

De frente para o porto também ficam duas joias modernas da cidade: uma é o The Reykjavik Edition, hotel cinco estrelas que capta a essência islandesa de maneira requintada, e a outra é o Harpa, local de eventos e concertos que já é símbolo da cidade.

Harpa Concert Hall, o ícone moderno

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Bem em frente ao Porto, o Harpa é uma joia arquitetônica moderna que chama a nossa atenção mesmo de longe.

Lar da Orquestra Sinfônica da Islândia, da Ópera da Islândia e da Reykjavík Big Band, que realizam concertos regulares ao longo do ano, o local é tido como um centro da vida cultural e social no coração de Reykjavik.

Interessante é que uma agenda de espetáculos e concertos ocorre ao longo do ano, assim como instalações de arte e visuais interativos. Uma vez na cidade, a dica então é ficar de olho na programação – mesmo se não houver nada no dia, vale contemplar sua beleza arquitetônica e continuar o passeio pelo porto.

E uma curiosidade: o nome Harpa foi o vencedor entre 4.156 propostas de 1.200 cidadãos. A missão era encontrar um nome que fosse islandês, mas que pudesse ser facilmente articulado na maioria dos idiomas. Em islandês, Harpa se refere a uma época do ano no início da primavera, sendo um mês no antigo calendário nórdico, além de também se referir ao instrumento de cordas.

The Sun Voyager, uma ode ao Sol

Daniela Filomeno em frente ao Sun Voyager, escultura em aço que representa um barco dos sonhos / CNN Viagem & Gastronomia

À beira-mar de Reykjavik, perto do centro da cidade e a apenas alguns minutos a pé do Harpa Concert Hall descansa o The Sun Voyager, escultura de aço que é uma obra de arte descrita como uma “barco dos sonhos”, feito para ser uma ode ao Sol.

A obra do escultor islandês Jón Gunnar Árnason foi um presente para a cidade, disposto ali no início da década de 1990.

Além da grande estrutura, o local nos presenteia com vistas para o mar, para o Monte Esja e a Baía de Faxaflói no horizonte. Por isso é também um ponto fotogênico, já que é no pôr do sol que o ambiente ganha uma magia extra. Vale dar uma passada e apreciar tanto a obra quanto o entorno.

Museus e a exibição das maravilhas da Islândia

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Caso tenha mais tempo na cidade e queira mergulhar ainda mais na cena cultural, a dica é escolher um dos museus pelos arredores da cidade. Aqui, destaco rapidamente dois deles: o Perlan e o Museu Nacional da Islândia.

O Perlan já começa sua narrativa pelo lado de fora: numa colina, o edifício consiste em uma enorme cúpula de vidro que fica em cima de seis tanques de aquecimento de água, em que cada um pode armazenar cerca de quatro milhões de litros de água geotérmica.

Seu interior também não decepciona: as maravilhas da Islândia são reproduzidas e explicadas. Há salas sobre os glaciares, show de lava, um tanque de peixes virtual, telão que reproduz a aurora boreal e uma linha do tempo da formação do país.

Há ainda uma caverna de gelo interna, a primeira do tipo no mundo, com 100 metros de extensão construída com mais de 350 toneladas de neve, assim como um modelo de um penhasco de 10 metros rico em espécies de pássaros e plantas.

É possível acessar também um deque do lado de fora, que possui vistas em 360° de Reykjavík. As exibições funcionam de segunda a domingo das 9h às 22h; as entradas custam ISK 4.990 (cerca de R$ 180) para adultos e ISK 2.990 (cerca de R$ 110) para crianças entre 6 e 17 anos.

Já o Museu Nacional exibe artefatos sobre a história cultural da Islândia. São exibições fixas e temporárias que falam sobre o passado, o presente e o futuro do país. O museu foi fundado em 1863 e as peças até então eram mantidas por coleções dinamarquesas.

O museu fica bem próximo aos principais pontos do centro da cidade, já que está situado pertinho da Universidade de Reykjavik.

Entre setembro e abril o museu abre todos os dias, com exceção das segundas-feiras, das 10h às 17h; já entre maio e o começo de setembro o museu abre todos os dias no mesmo horário. As entradas custam ISK 2.500 (cerca de R$ 91) para adultos.


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