Amsterdã reforça planos para restringir turistas nos cafés que oferecem cannabis
A prefeitura propôs a introdução do “critério de residente”, uma política que permite apenas aos moradores locais usar os coffee shops
Quando os turistas estrangeiros finalmente retornarem às ruas históricas alinhadas pelos canais de Amsterdã, uma das principais atrações turísticas da cidade pode estar fora do alcance deles.
A prefeita de Amsterdã, Femke Halsema, propôs uma nova política que proibiria o acesso de visitantes estrangeiros aos coffee shops onde se fuma maconha.
Existem 166 estabelecimentos desse tipo em Amsterdã, representando quase 30% das cafeterias da Holanda.
Em uma carta aos vereadores em 8 de janeiro, Halsema propôs a introdução do “critério de residente”, uma política que permite apenas aos moradores locais usar os coffee shops, com o objetivo de tornar o turismo na cidade mais administrável e controlar a cadeia de abastecimento dos coffee shops.
Halsema irá discutir as medidas com o conselho da cidade de Amsterdã no final deste mês.
Em linha com as medidas do lockdown da Covid-19, as lojas não essenciais, incluindo coffee shops e cafeterias regulares, estão atualmente fechadas em Amsterdã, embora possam fazer entregas.
O site da cidade atualmente aconselha os turistas a não viajarem para a cidade a menos que necessário, mas Halsema está pensando em como Amsterdã funcionará depois que a ameaça da pandemia diminuir.
Cannabis na Holanda
Diferentes municípios na Holanda têm suas próprias regras para coffee shops, e as discussões sobre a proibição de todos, exceto os residentes holandeses, não são novas.
A conversa esquentou em 2011 e 2012, com Amsterdã lutando contra a proposta de introdução de uma regra exclusiva para residentes nos coffee shops da Holanda.
Hoje, essa regra ainda existe em Maastricht, no sul do país.
Para confundir ainda mais a configuração um pouco complicada, comprar maconha em um coffee shop é legal na Holanda, mas a produção de cannabis continua ilegal.
Em julho de 2019, Halsema escreveu aos vereadores dizendo que os estabelecimentos podem colocar “a qualidade de vida no centro da cidade sob pressão”.
O impasse levou a uma pesquisa em agosto de 2019 que abordou 1.100 visitantes internacionais com idades entre 18 e 35 anos que visitavam o Red Light District de Amsterdã, uma área da cidade que tem sido o foco de muitas das regulamentações de turismo mais recentes da cidade.
Na pesquisa, citada na declaração mais recente da prefeita, mais da metade dos entrevistados disseram que optaram por visitar a capital holandesa porque queriam experimentar um café onde se serve maconha.
Os resultados foram que 34% indicaram que viriam a Amsterdã com menos frequência se não pudessem visitar os coffee shops, e 11% disseram que não viriam.
A pesquisa também analisou se o acréscimo de uma taxa de entrada para visitas às áreas de Wallen/Singel (o centro da cidade medieval que constitui o chamado Red Light District) reduziria o número de turistas.
Mas o relatório sugere que os cafés da cidade têm um apelo mais forte para turistas internacionais do que o Red Light District.
Apenas 1% dos entrevistados mencionou a prostituição de vitrine como o principal motivo de sua visita, enquanto 72% disseram que visitaram um coffee shop durante sua estada em Amsterdã.
Preocupações com o tráfico
Em sua carta recente, Halsema também mencionou preocupações sobre a cadeia de suprimentos dos coffee shops da cidade.
Segundo ela, a polícia está preocupada com as ligações com o comércio de drogas pesadas.
O comunicado da prefeita, revelado em 8 de janeiro, estabelece três passos para avançar com uma nova política: enfocar a regulamentação local do mercado de maconha com a criação de uma marca de coffee shops de Amsterdã, limitar a capacidade dos coffee shops se tornarem redes e impedir visitantes de fora da Holanda de entrar em cafeterias.
Halsema observa que um efeito colateral dessas novas medidas poderia ser uma mudança em direção ao mercado ilegal de maconha, mas ela espera que isso seja temporário.
Apelo contínuo
Embora a pesquisa turística de 2019 em Amsterdã sugira que os coffee shops têm um forte apelo para os visitantes, os entrevistados disseram que o motivo mais comum para visitar Amsterdã não são os cafés com maconha, o Red Light District ou mesmo os museus e atrações culturais da cidade.
Em vez disso, os visitantes defendiam o apelo bastante saudável de caminhar ou andar de bicicleta pela cidade.
O turista britânico Allan Claydon, 24 anos, disse à CNN Travel ele concordava com essa opinião, acrescentando que não achava que restringir a cultura dos coffee shops mudaria o apelo de Amsterdã para os visitantes.
“Não acho que a proibição da maconha dizimaria o turismo”, afirmou Claydon. “A cidade também é conhecida por sua cultura e estética fantásticas”.
(Texto traduzido, leia o original em inglês).