Tempos de Margarita: como surgiu um dos coquetéis mais icônicos do mundo?

Colunista Thiago Bañares traz as teorias mais conhecidas sobre a criação da bebida, além de receita clássica e variações do drinque

Thiago Bañarescolaboração para o Viagem & Gastronomia

A Margarita é um dos coquetéis mais icônicos do mundo, celebrada por seu equilíbrio refrescante entre tequila, suco de limão e licor de laranja. Seja na versão clássica, aclamada em sua simplicidade, ou na hypada versão frozen, com gelo ou em variações criativas, essa bebida versátil tornou-se um clássico em bares e restaurantes ao redor do globo.

Mas de onde veio a Margarita? Como ela evoluiu ao longo do tempo? Exploremos sua história e as inúmeras variações desse coquetel, já que a origem da Margarita está envolta em mistério, com diversas histórias disputando sua criação.

Conheça quatro teorias mais conhecidas sobre a Margarita:

1. Carlos “Danny” Herrera (1938)

Uma das histórias mais populares atribui a criação da Margarita a Carlos Herrera, bartender de um restaurante em Tijuana, no México.

Ele teria criado o coquetel para uma cliente chamada Marjorie King, que era alérgica a todos os destilados, exceto tequila. Para suavizar o sabor da tequila, Herrera misturou a bebida com suco de limão e licor de laranja, criando o icônico drinque.

2. Socialite Margarita Sames (1948)

Outra versão atribui a invenção à socialite texana Margarita Sames. Durante férias em Acapulco, ela teria misturado tequila, limão e Cointreau para servir aos seus convidados.

A receita teria ganhado fama ao ser apresentada a Tommy Hilton, que a incorporou nos hotéis da rede Hilton.

3. Hussong’s Cantina (1941)

A Hussong’s Cantina, em Ensenada, no México, também reivindica a criação da Margarita.

De acordo com essa história, o bartender Don Carlos Orozco preparou o coquetel para Margarita Henkel, filha de um embaixador alemão, e nomeou a bebida em sua homenagem.

4. Proibição e a conexão com o Daisy

Outra teoria sugere que a Margarita é uma adaptação mexicana do coquetel Daisy, que ganhou popularidade nos Estados Unidos durante a Proibição.

O Daisy — feito com brandy, suco cítrico e licor de laranja — pode ter sido transformado com tequila quando americanos viajavam ao México em busca de álcool. Curiosamente, “Margarita” é a palavra de língua espanhola correspondente a “Daisy”, em inglês.

A ascensão da Margarita

Embora a verdadeira origem da Margarita seja incerta, ela começou a ganhar popularidade nos EUA durante as décadas de 1940 e 1950, impulsionada pela maior disponibilidade de tequila e pelo crescente fascínio pela cultura mexicana.

Na década de 1970, a invenção das máquinas de bebidas congeladas ajudou a popularizar ainda mais a versão frozen, tornando a Margarita acessível e divertida para todos os públicos.

Hoje, a Margarita é celebrada mundialmente, com variações que mostram sua versatilidade e adaptabilidade a diferentes paladares.

Momentos marcantes na história da Margarita

  • 1930 – 1940: Primeiras histórias sobre a criação da Margarita surgem no México;
  • 1950: A Margarita ganha fama nos Estados Unidos, impulsionada pela tequila;
  • 1971: Mariano Martinez inventa a máquina de Margarita frozen, revolucionando a forma como a bebida é servida;
  • Década de 1980: Variações da Margarita, incluindo sabores e versões picantes, entram nos menus de coquetéis ao redor do mundo;
  • Hoje: A Margarita é um coquetel indispensável, com seu dia oficial celebrado em 22 de fevereiro, o Dia Nacional da Margarita.

Impacto cultural da Margarita

A Margarita ultrapassou os limites dos bares, tornando-se um símbolo cultural. O Dia Nacional da Margarita, em 22 de fevereiro, celebra a popularidade da bebida, enquanto a indústria de tequila promove intensamente o coquetel.

No Brasil, marcas como Don Julio investem em eventos especiais, como a campanha Don Julio Nights, que envolve bares em todo o país até junho de 2025.

Receita clássica de Margarita

A Margarita tradicional é composta por três ingredientes principais:

  • Tequila: preferencialmente 100% agave, para garantir autenticidade;
  • Suco de limão: sempre fresco, para um sabor cítrico e vibrante;
  • Licor de laranja: como Cointreau ou Grand Marnier.

A proporção clássica é duas partes de tequila, uma parte de suco de limão e uma parte de licor de laranja, batidos com gelo e servidos em um copo com borda de sal.

Variações populares de Margarita

Bartenders e entusiastas do coquetel ao redor do mundo exploram a Margarita de inúmeras formas criativas. Veja algumas das variações mais conhecidas:

  1. Frozen Margarita: uma versão batida da clássica, preparada com gelo triturado e frequentemente combinada com frutas como morango ou manga. Tornou-se popular nos anos 1970 com a invenção das máquinas de bebidas frozen;
  2. Tommy’s Margarita: criada por Julio Bermejo no restaurante Tommy’s Mexican, em São Francisco, essa versão substitui o licor de laranja por néctar de agave, destacando ainda mais os sabores da tequila e do limão;
  3. Mezcal Margarita: substitui a tequila por mezcal, adicionando um toque defumado à bebida, tornando-a uma favorita entre aqueles que gostam de sabores intensos e complexos;
  4. Coronarita: Margarita servida com uma garrafa de cerveja invertida no copo, muitas vezes em tamanhos maiores, perfeita para festas.

A Margarita é a próxima tendência?

Com histórias fascinantes, variações criativas e ações de marketing que destacam sua versatilidade, a Margarita está em evidência. Mas será que esse clássico está prestes a se tornar a próxima “modinha”?

Independente da resposta, uma coisa é certa: a Margarita continua conquistando corações e taças ao redor do mundo.

*Os textos publicados pelos Insiders e Colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do CNN Viagem & Gastronomia.

Quem é Thiago Bañares

Thiago Bañares
Thiago Bañares é o nome à frente das casas paulistanas Tan Tan, Kotori e The Liquor Store • Tati Frison

Bañares, formado em gastronomia pela FMU (SP), foi considerado pelo ranking “Bar World 100”, organizado pela importante publicação Drinks International, uma das 100 pessoas mais influentes da indústria global de bares. Seu restaurante/bar Tan Tan figura – pela terceira vez consecutiva – na lista dos melhores bares do mundo no “The World’s 50 Best Bars”. Ele comanda o também premiado Kotori, considerado o 50° melhor restaurante da América Latina pelo “Latin America’s 50 Best Restaurants”; e está à frente do intimista The Liquor Store, casa que privilegia a conexão entre cliente e bartender e que entrega coquetéis preparados com excelência.

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