Rotas literárias no Rio oferecem viagem pela vida de Machado de Assis

O projeto une tecnologia e informação e convida a um olhar que vai além das belas paisagens da Cidade Maravilhosa: descobrir a riqueza literária que está por trás de cada ponto

Gabriela Pivado Viagem & Gastronomia

O Rio de Janeiro não tem só uma paisagem exuberante, vários restaurantes excelentes, praias magníficas e uma das sete maravilhas do mundo: o Cristo Redentor. Por lá, o público também pode fazer passeios que misturam turismo, história e muita literatura com as rotas literárias.

Com audioguias disponíveis on-line, a iniciativa da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), em parceria com as startups Glocal Audio Guide e Que mais tem lá? (QMTL), oferece dois roteiros pela cidade maravilhosa: a rota Rio Literário, com foco na história da literatura fluminense, e a Rota Machado de Assis, sobre os cenários fluminenses que fizeram parte da vida do autor. Esses passeios passam por locais onde autores icônicos para a cultura brasileira, como Lima BarretoClarice Lispector, Cartola, Noel Rosa e Rachel De Queiroz, viveram.

O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, contou à CNN Viagem&Gastronomia que o projeto uniu tecnologia e informação para olhar o Rio de Janeiro de outra maneira. “Com o celular na mão, as pessoas vão poder caminhar nas duas rotas literárias e descobrir o que há de nossa literatura pelas ruas da nossa cidade, entender a riqueza cultural, histórica e literária que está por trás de cada ponto. É um atrativo que, claramente, contribui para a busca por livros e pela história”, afirmou ele.

 

Além de aprimorar a experiência de leitores e incentivar o consumo de cultura, a iniciativa impulsiona o desenvolvimento econômico nas regiões turísticas, segundo Freixo.

“Com isso, geramos novos produtos, que ajudam a ampliar a permanência do turista no destino e contribuem para impulsionar o desenvolvimento econômico em regiões turísticas. Quanto mais tempo o turista fica na cidade, mais ele consome e movimenta a economia local”, completou.

Freixo ainda afirmou que criará outras rotas literárias pelo país. “O turismo cultural é muito forte mundo afora e o Brasil tem um potencial enorme nessa área para ser colocado como produto nas prateleiras internacionais. É isso que estamos fazendo nesse projeto, que começa no Rio de Janeiro, mas será replicado em outras cidades do Brasil”, completou.

As rotas Rio Literário e Machado de Assis ficam disponíveis gratuitamente neste site por meio de audioguias — basta acessar o link e realizar o passeio de sua preferência.

Como são os passeios?

A rota Rio Literário se aprofunda nas narrativas dos autores atemporais, poetas e músicos do Rio de Janeiro, que marcaram as profundezas da nossa cultura. O público explora pontos como a biblioteca Real Gabinete Português de Leitura, frequentada por grandes nomes da literatura brasileira, e a Confeitaria Colombo, onde intelectuais cariocas se reuniam.

Já a Rota Machado de Assis passa por locais que faziam parte do cotidiano do escritor, começando pela Academia Brasileira de Letras, onde há uma estátua do autor. Em seguida, passa por pontos como o Tribunal de Contas do Rio, onde morou Machado de Assis e a sua esposa Carolina, a antiga Rua dos Barbonos, cenário do famoso conto “A Cartomante”, que explora o amor e a tragédia da vida, e finaliza o passeio no Capitu Bar.

Com o nome da personagem mais famosa de Machado de Assis, a casa é uma homenagem à antiga vida boêmia carioca e um centro cultural no Rio. No site oficial da agência Que Mais Tem Lá? (QMTL), a recomendação é pedir a feijoada ou o arroz de bacalhau do estabelecimento e uma caipirinha do estabelecimento.

Também é possível fazer o passeio presencialmente. Para isso, a startup Que Mais Tem Lá? fez uma parceria com a agência turística Milênio Receptivo Rio, da proprietária Lara Chateaubriand. Ela contou à CNN Viagem & Gastronomia que os trajetos usam o roteiro da Embratur como base, mas ocorrem de forma privativa às quartas-feiras, por cerca de três horas.

Para a empresária, a rota permite um “olhar diferenciado” sobre o Rio de Janeiro. “[O turista] imerge no mundo do Machado de Assis, porque passamos por onde ele caminhava, por onde passou e perto de onde morou”, completou.

Até o momento, foram realizadas apenas três edições presenciais. “Em cada uma delas, vamos agregando algumas coisas [no roteiro]”, pontua.

Os valores dos passeios privados dependem da quantidade de pessoas no grupo. Como é um projeto recente, ela afirma que não consegue dar um preço exato até o momento desta publicação.

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