Lucerna, no centro da Suíça, encanta por passado medieval aos pés dos Alpes
Porta de entrada para a porção central do país, cidade à beira do Lago Lucerna abrange paisagens montanhosas e resquícios medievais bem preservados
Um dos destinos mais visitados da Suíça, Lucerna, no centro do país, é uma cidade de praças e igrejas que carrega história, mas que também olha para o futuro.
A menos de uma hora de trem de Zurique e no caminho para estâncias de inverno, como Engelberg e Interlaken, a cidade de pouco mais de 80 mil habitantes merece estar no roteiro de paradinhas na Suíça.
Ponto de partida ideal para localidades na região central do país, Lucerna fica entre montanhas e um lago na porção alemã da Suíça e começou como um monastério no século 8.
A cidade ganhou importância no século 12 como rota de um comércio crescente na região. Hoje, resquícios medievais muito bem conservados nos dão as boas-vindas junto de pitadas modernas, com novos prédios e agito cultural.
Assim, mais do que um mero ponto de parada ou de partida, Lucerna nos convida a ficar na cidade, uma vez que sua rica história narrada por construções e afrescos ao ar livre nos inspira a mergulhar ainda mais na cultura deste fascinante país europeu.
A cidade das pontes
Depois de conhecer Zurique, principal porta de entrada da Suíça, e me encantar por St. Gallen, destino perfeito para um bate e volta a partir da metrópole, foi a vez de me locomover para o interior do país em direção às regiões de estâncias de inverno.
Estrategicamente no meio do caminho, a parada em Lucerna inevitavelmente começou em uma estação de trem, já que esta é uma das maneiras mais fáceis de se locomover dentro do país – os cinco mil quilômetros de ferrovias nos levam para qualquer canto e o bilhete Swiss Travel Pass facilita viagens e entradas em museus.
Logo na saída da estação central nos deparamos com a essência da cidade: as construções históricas pipocam no olhar, mas novos prédios também podem ser vistos convivendo lado a lado.
Cidade mais populosa do centro da Suíça e capital do cantão de mesmo nome, Lucerna é dividida em duas partes pelo rio Reuss, que atravessa o Lago Lucerna. Assim, ambos os lados são ligados por ao menos sete pontes, algumas antiquíssimas e outras mais recentes. Com isso, espere um dos cenários mais pitorescos da Suíça.
Por falar no Lago Lucerna, ele também é uma atração à parte. Chamado de Lago dos Quatro Cantões, está entre os maiores lagos do país com seus 38 km de comprimento – sua parte mais profunda chega a 214 metros. As paisagens logo pela manhã à beira de suas águas são encantadoras e passeios em barcos a vapor dão uma dimensão melhor de sua beleza.
Assim como em grande parte do país, o clima aqui oscila entre ameno e abaixo de zero. Os verões são ensolarados, com temperaturas agradáveis por conta da proximidade com os Alpes. O período entre junho e setembro é um dos melhores para passear tranquilamente ao ar livre. A partir de novembro, o inverno dá as caras e o frio abraça a localidade.
Lucerna foi uma das incríveis paradas que fiz na Suíça por conta das gravações da quinta temporada do CNN Viagem & Gastronomia. Por isso, não conseguimos dormir na cidade, mas se quiser estender o passeio por mais um dia, tenho certeza de que será memorável.
O que ver: símbolos de Lucerna
Uma vez em Lucerna é impossível não notar as pontes de madeira que conectam diferentes partes da cidade. O centro antigo, fechado ao trânsito de carros, é ligado à parte mais nova pelo símbolo da região: a Kappellbrücke, ou a Ponte da Capela.
Ela, porém, não é qualquer ponte: Kappellbrücke é considerada a ponte coberta de madeira mais antiga de toda a Europa.
Construída em 1332, fazia parte das fortificações da cidade. Uma de suas características mais marcantes são os mais de 100 painéis do século 17 que contêm cenas da história do país e da cidade, bem como inclui representações de santos padroeiros. Segundo a história, foi uma forma de propaganda religiosa para manter o catolicismo na cidade.
A ponte é um dos pontos imperdíveis de serem contemplados sem pressa. Ela ainda abrange uma torre hexagonal que já foi farol, torre de água e até prisão.
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E os resquícios preservados dos tempos medievais não param por aí: a Muralha Musegg e suas nove torres são outra atração turística de importância histórica imensurável para o país. Mais longa muralha preservada da Suíça, ela possui 870 metros de comprimento, aproximadamente 9 metros de altura e 1,5 metro de largura.
Hoje, nove das 30 torres anteriores continuam em pé e preservadas, algumas delas abertas para visitas. Dentre todas, uma chama mais a atenção: a Zytturm, ou a Torre do Relógio.
Com 31 metros de altura e aberta ao público, foi erguida em 1442 e hoje possui um relógio com grandiosos mostradores. Fato curioso é que seu sino bate um minuto antes dos relógios das outras igrejas da cidade – é no mínimo interessante ouvi-lo primeiro e depois todos os outros sinos ao longe.
Situado bem ao lado do rio Reuss, a cidade é lar ainda do que é considerado o primeiro grande edifício sagrado barroco da Suíça. Falo da Igreja Jesuíta, erguida a partir de 1666 e finalizada 11 anos depois.
Estuques barrocos e rococós se destacam na construção e seu interior imponente tem uma acústica refinada que serve também como sala de concertos. Junto de outras construções religiosas, a Igreja Jesuíta tem uma contribuição histórica de peso no catolicismo da cidade.
Outro ponto que é símbolo local é o monumento do leão. Situado em uma gruta em um parque, o leão esculpido na rocha foi inaugurado em 1821 e homenageia guardas suíços que morreram em 1792 durante a Revolução Francesa.
Modernidade e montanhas
Nem tudo em Lucerna remete aos séculos passados. Um dos exemplos notórios é o Centro de Convenções e Cultura de Lucerna, o KKL Luzern, obra de apelo futurista desenhada pelo francês Jean Nouvel, o mesmo por trás da Torre Mata Atlântica do hotel Rosewood em São Paulo.
À beira do lago e vizinho da estação de trem, a construção abrange sala de concertos, terraços e foyers, os quais são palco de mais de 500 eventos anuais. O espaço multicultural recebe 500 mil visitantes por ano e tem ainda restaurante com uma estrela Michelin, o Lucide, assim como bar e cafeteria.
Por falar em comida, o restaurante do Hotel Montana é também delicioso e tem vistas incríveis para a cidade. Situado em uma encosta acima do Palace Hotel, hoje sob batuta da rede Mandarin Oriental, o Montana tem uma história que remonta aos idos de 1910 e foi um dos últimos hotéis no estilo clássico construídos em Lucerna.
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Para um fim de tarde majestoso, a dica é pegar uma mesa no restaurante do hotel ao lado dos janelões e apreciar vinhos suíços, uma das mais prazerosas descobertas que fiz no país.
Se tiver tempo e quiser completar a programação, a subida às duas montanhas próximas também é válida. Falo do Monte Pilatus, que fica no pré-Alpes, e do Monte Rigi, apelidado de a “rainha das montanhas”. A primeira ferrovia de montanha da Europa, inclusive, é a que serve Rigi, em que transporta passageiros até as alturas desde 1871.
Ambos os montes possuem vistas privilegiadas para toda a região nas estações em seus cumes, incluindo paisagens de Lucerna e o lago.