WhatsApp: Saiba como fazer pagamentos seguros com a nova ferramenta do app
Nova função de transferências disponibilizada pelo aplicativo pode ser fator de motivação para fraudes, que somaram mais de 7,2 milhões de vítimas só em abril
Quem quiser usar a nova ferramenta de pagamentos do WhatsApp, disponível para alguns brasileiros desde a última segunda-feira (15), precisa informar uma senha de seis dígitos ou usar biometria para autorizar a transação. O mecanismo é uma forma de proteger o usuário contra golpes e fraudes, mas pode não ser suficiente.
De acordo com o diretor do laboratório de pesquisas de segurança e privacidade da PSafe, Emilio Simoni, a maioria dos golpes começa com uma ligação — e contra isso, a criptografia se torna inútil. Pelo telefone, os fraudadores solicitam senhas e dados pessoais, sempre prometendo alguma vantagem. A partir daí, fica fácil clonar contas de WhatsApp ou mesmo o aparelho celular da vítima.
Com a nova função de pagamentos, há uma maior motivação para golpes, na opinião do especialista. Um movimento semelhante ocorreu quando as primeiras parcelas do auxílio emergencial foram liberadas no país. Segundo os levantamentos mensais da PSafe, ocorreram mais de 7,2 milhões de fraudes em abril, contra 92 mil em fevereiro.
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Somente com a temática do coronavírus, a empresa encontrou 270 aplicativos falsos e 179 páginas maliciosas compartilhados por meio de links em conversas de WhatsApp. Entre as promessas, havia benefícios como a entrega de máscaras e álcool em gel, assinaturas gratuitas em serviços de streaming e, especialmente, o pagamento do “coronavoucher” distribuído pelo governo.
Golpistas criativos
Para o professor de empreendedorismo e inovação no Insper, Marcelo Nakagawa, o contexto brasileiro pode ser mais inóspito para os aplicativos que realizam transações financeiras. Entre os principais motivos citados pelo especialista, estão a regulamentação branda contra crimes cometidos no mundo digital e a própria imaginação dos golpistas.
“A criatividade dos fraudadores é muito grande. Nesse aspecto, as companhias chinesas, por exemplo, têm uma grande vantagem: a fraude é punida de forma muito mais drástica. No mercado chinês, o golpe pode até ser fácil do ponto de vista tecnológico, mas não no âmbito social”, explica Nakagawa.
O problema pode se agravar ainda mais quando for liberado o PIX, sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central (BC). Com a nova plataforma, que deve começar a funcionar em novembro de 2020, as transferências e pagamentos passam a ocorrer em tempo real durante as 24 horas do dia.
Isso elimina um tempo que, de acordo com Simoni, era usado pelas instituições para reverter golpes, cancelar transações e evitar prejuízos. Com o PIX, o dinheiro passa a ser liberado para o fraudador em intervalo de segundos, o que dificulta a atuação das autoridades de controle e segurança.
Porém, não é preciso entrar em pânico. Para Nakagawa, a experiência e o grande banco de dados da companhia que controla o WhatsApp é um fator relevante e favorável. “O Facebook opera com uma análise de comportamento em larga escala, o que tende a minimizar a fraude. É uma grande empresa de tecnologia que sabe lidar com esses padrões”, afirma.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o WhatsApp afirma que o sistema foi desenvolvido com várias camadas de proteção e que, para redefinir o PIN do Facebook Pay é preciso confirmar dados do cartão de crédito, o que dificulta a fraude. Além disso, a empresa recomenda que os usuários ativem a verificação de dois fatores — que exige uma senha para entrar no app.
Algumas precauções simples podem ser adotadas para dificultar a vida dos criminosos. Abaixo, o diretor de pesquisas da PSafe lista algumas medidas que você pode adotar para aumentar sua segurança e privacidade no meio digital.
Como se proteger
– Ative a autenticação em dois fatores para uma segurança extra no seu WhatsApp. Você pode fazer isso entrando na aba de configurações, clicando em “conta” e depois em “confirmação de duas etapas”.
– Mantenha um aplicativo de segurança instalado no seu celular. Dê preferência para algum que identifique e bloqueie golpes no WhatsApp. Eles funcionam de forma semelhante aos antivírus de computadores.
– Evite usar a mesma senha para todos os aplicativos e emails. Isso facilita a atuação de golpistas. Também tome cuidado para que elas sejam “fortes”, com números, letras e outros caracteres em ordem aleatória. Não use datas de aniversário ou nomes.
– Antes de realizar qualquer tipo de pagamento, fornecer seus dados pessoais ou informações bancárias certifique-se que a pessoa com que você está se comunicando é confiável. Mesmo que você conheça seu interlocutor, se o pedido é estranho (como solicitações urgentes de depósito ou pagamentos de boleto), desconfie!
– Em caso de dúvida sobre as medidas de proteção que estão sendo tomadas quanto à segurança de alguma transação que você realizou, procure seu banco.
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