Rocket Lab resgata e derruba parte de foguete com helicóptero em tentativa de captura
Empresa disse que usou apenas um helicóptero para pegar parte de um foguete no ar, mas a peça foi jogada no oceano logo depois
A Rocket Lab, que visa lançar satélites no espaço de forma rápida e barata, disse que usou apenas um helicóptero para pegar parte de um foguete no ar. Mas o foguete foi jogado no oceano logo depois, tendo que ser pescado para fora da água.
Esta missão, nomeada “There and Back Again” (algo como “Lá e de volta novamente”, em tradução livre) decolou às 18h50 no horário local.
A consultora de comunicação da empresa, Murielle Baker, depois de declarar inicialmente o sucesso, entrou no webcast da empresa para reconhecer que o piloto do helicóptero soltou o foguete “a seu critério” depois de sentir uma “característica de carga diferente” do que ele tinha treinado durante os testes da captura.
Ainda assim, Baker chamou a captura inicial de “um passo monumental à frente”.
“Nós testemunhamos uma captura espetacular”, disse ela.
O webcast mostrou o helicóptero agarrando o paraquedas do foguete cerca de 15 minutos após o lançamento, e um aplauso surgiu do controle da missão, mas momentos depois um suspiro desapontado pôde ser ouvido e a transmissão foi cortada.
“Eles o soltaram após a conexão, porque não estavam felizes com a maneira como [o helicóptero] estava voando”, disse Peter Beck, CEO da Rocket Lab, no Twitter.
“Isso exige extrema precisão. Vários pontos importantes precisam se alinhar perfeitamente para garantir uma captura bem-sucedida”, disse Baker no início do webcast.
O Electron, pequeno foguete do Rocket Lab, que lançou quase duas dúzias de missões bem-sucedidas antes do lançamento de segunda-feira (2), completou com sucesso seu objetivo principal: implantou 34 cargas de satélite para vários operadores comerciais, elevando o número total de satélites lançados pelo Electron em espaço para 146.
There 🚀and back again 🪂 pic.twitter.com/GEsOmpYKFh
— Rocket Lab (@RocketLab) May 2, 2022
Depois de se separar do propulsor do primeiro estágio, o segundo estágio do Electron continuou a orbitar para cumprir a implantação do satélite enquanto o propulsor caiu de volta à Terra a quase 13 mil quilômetros por hora. Uma vez perto o suficiente da superfície da Terra, o propulsor abriu um paraquedas para retardar sua descida. Um helicóptero esperava para prender o paraquedas do impulsionador com um gancho.
Pegar o foguete no ar é uma grande parte do objetivo final do Rocket Lab de foguetes reutilizáveis.
Outras empresas usaram foguetes reutilizáveis como forma de tornar o negócio espacial mais econômico.
Em 2015, a Blue Origin foi a primeira empresa a pousar um foguete reutilizável em uma plataforma. A empresa disse que o futuro do turismo espacial e de pessoas vivendo em outros planetas dependeria do transporte reutilizável, depois de enviar o fundador Jeff Bezos ao espaço. A SpaceX de Elon Musk usa propulsores reutilizáveis em seus foguetes Falcon 9.
A Rocket Lab, no entanto, diz que tem outras razões para focar na reutilização do que apenas lucro. “Nosso maior problema é construir foguetes com rapidez suficiente para atender a todos os nossos clientes”, disse Beck à CNN Business em 2019. A Rocket Lab quer lançar cargas de satélite com mais frequência – 50 vezes ou mais por ano. Esse volume requer a reutilização de foguetes.
A Nasa recuperou propulsores de foguetes usados do Oceano Atlântico após o lançamento de um ônibus espacial. A Rocket Lab planeja usar a técnica do helicóptero para recuperar seus propulsores. A empresa disse que o Electron não é grande o suficiente para transportar o suprimento de combustível necessário para um pouso vertical, e um pouso no oceano em água salgada pode causar corrosão e danos físicos.
O helicóptero Sikorsky S-92 personalizado, um grande helicóptero bimotor geralmente usado para missões de busca e salvamento e transporte offshore de petróleo e gás, foi usado na captura de segunda-feira.
Após a captura bem-sucedida do booster, a empresa planejava levar o maquinário para um navio de recuperação no mar antes de transportá-lo para o complexo de produção da empresa para avaliação. Mas, em última análise, o foguete foi lançado no oceano e recuperado. Os desembarques oceânicos não são ideais – a água do mar pode causar corrosão, e é por isso que o Rocket Lab espera prender o propulsor antes que ele caia na água.
O lançamento foi adiado várias vezes devido às condições climáticas. “Para nossa primeira captura de helicóptero no ar, queremos condições climáticas ideais para que possamos nos concentrar na captura”, publicou a Rocket Lab na segunda-feira.
“Assim como nossas tolerâncias climáticas para lançamento aumentaram ao longo do tempo, também aumentará nossa tolerância ao clima na zona de recuperação. Para isto, porém, queremos eliminar a preocupação com o clima para que possamos nos concentrar apenas na captura e nas operações de apoio.”
A empresa com sede na Califórnia também divulgou um vídeo mostrando um treino bem-sucedido nos dias que antecederam o lançamento, com um helicóptero capturando um propulsor fictício antes que caísse no chão.
O Rocket Lab já pescou propulsores do oceano em três das 25 missões anteriores do Electron. Esta foi a primeira tentativa de captura no ar.
Esta não é a primeira vez que humanos tentam pegar um objeto caindo do espaço com aeronaves. Durante a década de 1960, os Estados Unidos usavam aviões equipados com ganchos longos para pegar latas com filmes, contendo imagens de satélites espiões.
A técnica da época da Guerra Fria era semelhante à planejada pela Rocket Lab: o cartucho de filme caía na Terra, vindo do espaço, e usava paraquedas para retardar sua queda, para que os aviões pudessem capturar as informações. A Nasa também tentou em 2004 uma captura no ar de uma cápsula transportando amostras de partículas que fluíram do sol, mas a tentativa de recuperação com helicóptero falhou quando os paraquedas da cápsula não foram abertos, fazendo com que ela caísse no deserto de Utah.
Desde seu nascimento, em 2006, a Rocket Lab implantou satélites em órbita para clientes como a Nasa, a Força Espacial dos EUA, o National Reconnaissance Office e a Canon.