Robô da Nasa fará nova tentativa de coletar amostras rochosas de Marte
Amostras que serão coletadas pelo Perseverance podem indicar se havia vida no planeta vermelho
O robô Perseverance, da Nasa, está se preparando para coletar amostras do núcleo de mais uma rocha em Marte, após sua primeira tentativa no começo do mês resultar em uma “pilha despedaçada”.
O robô se movimentou 455 metros até um cume chamado “Citadelle”, que significa “castelo” em francês, que fica acima do chão da Cratera Jezero. Bilhões de anos atrás, um lago preenchia essa cratera. Amostras coletadas serão eventualmente enviadas para a Terra por futuras missões, e podem revelar se existiu alguma vida ancestral em Marte.
Nesta semana, o Perseverance usará uma ferramenta do seu braço robótico para raspar uma rocha apelidada de “Rochette”. Raspar a rocha e tirar fotos do que está abaixo da sua superfície permitirá que o time científico do Perseverance na Terra avalie se a rocha poderia aguentar ser perfurada até o núcleo pela furadeira do robô.
Se a rocha mostrar potencial, o Perseverance tentará pegar uma amostra do seu núcleo na próxima semana.
“Existem potencialmente rochas mais velhas na região de Séítah Sul que encontraremos, então ter essa amostra mais jovem pode nos ajudar a reconstruir toda a linha do tempo de Jezero”, disse em um comunicado Vivian Sun, uma das cientistas da missão no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa em Pasadena, Califórnia.
Os cientistas estão mais otimistas com a Citadelle do que com a tentativa anterior do robô envolvendo a rocha Roubion no chão da cratera. O cume possui em seu topo uma camada rochosa que parece ser mais resistente à erosão do vento do que a rocha no chão da cratera que o Perseverance tentou raspar em 6 de agosto.
“Os pedregulhos da Citadelle fornecem bons alvos para outra tentativa de chegar ao núcleo porque eles aparentam ser bem sólidos, uma conclusão apoiada no fato de que eles permanecem no topo da paisagem mesmo após anos de ação erosiva”, escreveu Ken Farley, um cientista do projeto Perseverance no Instituto de Tecnologia da Califórnia em Pasadena, Califórnia, em uma atualização.
A rocha plana e de formato poligonal de que o Perseverance tentou obter amostras é um exemplo de uma “pedra de pavimentação”. A rocha ruiu e se tornou um pó que não conseguia ser mantido em um tubo de amostra. Entretanto, o tubo foi preenchido com uma amostra selada da atmosfera de Marte – algo que os cientistas estavam planejando capturar de qualquer maneira.
“Ao retornar amostras para a Terra, nós esperamos responder uma série de perguntas científicas, incluindo a composição da atmosfera marciana”, disse Farley. “Esse é o motivo de nós estarmos interessados em uma amostra atmosféricas junto com amostras rochosas”.
Para a próxima tentativa de obter amostras, o time adicionou algumas etapas no processo. Quando a amostra for coletada, o time usará as câmeras do robô localizadas em seu mastro para olhar dentro do tubo e então fazer uma pausa. Isso permitirá que o time garanta que há um núcleo rochoso no tubo antes que ele seja selado e armazenado.
Enquanto o Perseverance está estacionado na Citadelle, ele usará seu radar para espiar abaixo das camadas rochosas e treinar suas câmeras para outras potenciais rochas de interesse na área.
Olhando para frente
Após o Perseverance explorar a Citadelle, ele provavelmente caminhará para o oeste até Séítah Sul, onde há a expectativa de que existam tipos diferentes de rochas.
O helicóptero Ingenuityda Nasa, também em Marte, conduziu recentemente um reconhecimento aéreo da área durante seu 12º voo, em 16 de agosto. Ele captou 10 imagens de uma altura de 10 metros durante 169,5 segundos em seu voo mais complexo até o momento.
“De uma perspectiva científica, as imagens de Séítah Sul são as mais valiosas que a Ingenuity tirou até o momento”, disse Farley. “E parte desse valor talvez esteja no que elas não estão mostrando. Camadas sedimentares de rochas não são imediatamente aparentes na imagem, e talvez existem áreas em que seja difícil de chegar com o robô. Há trabalho para fazer pelos nossos times de ciências e condução do robô para entender melhor como responder a esses novos dados”.
E o time científico ainda não desistiu de tentar obter amostras das pedras pavimentares marcianas, mesmo depois do fracasso da primeira tentativa. O robô as encontrarás de novo quando voltar para o local de pouso.
Muitas das rochas pavimentares possuem “uma coloração fraca e dorsos bastante polidos pelo bento que se sobressaem em relação à superfície arenosa de Marte”, disse Farley. As outras rochas são laranjas.
“A cor laranja vem do metal que é liberado pelos minerais primários e se precipita novamente como óxido de ferro. Basicamente, ele enferruja a rocha”, diz Farley. “A minha suspeita é que se nós tentássemos chegar ao núcleo pelo dorso, o resultado teria sido diferente”.
(Texto traduzido. Leia o original em inglês.)