Retomar aprendizagem é o principal desafio nas redes municipais, diz Unicef
Oficial de Educação do Unicef no Brasil, Julia Ribeiro, avaliou que em mais de 85% das cidades pesquisadas, as escolas e as Secretarias de Educação têm trabalhado de forma colaborativa
“Após dois anos de pandemia, o principal desafio com o qual as redes de ensino trabalham é a recuperação da aprendizagem”, afirmou a oficial de Educação do Unicef no Brasil, Julia Ribeiro.
Em entrevista à CNN Rádio, a especialista repercutiu os dados de um estudo realizado pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) com apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Itaú Social.
A pesquisa foi feita em 3.245 municípios brasileiros, representando mais de 14,2 milhões de matrículas.
Em mais de 85% dos municípios pesquisados, “conseguimos identificar que as escolas e as Secretarias de Educação têm trabalhado de forma colaborativa para avaliar as lacunas de aprendizagem e ao mesmo tempo criar estratégias que possam recompor esses saberes, para que esses meninos e meninas possam avançar”, disse Julia Ribeiro.
As atividades de recomposição da aprendizagem têm acontecido, majoritariamente, de maneira presencial — com atividades no mesmo turno ou no contraturno escolar. Atividades de recuperação remota são citadas por menos de 4% das redes.
De acordo com a oficial de Educação do Unicef, ofertar aulas de recomposição tem desafiado as redes de ensino de formas distintas.
“As escolas enfrentam dificuldades como falta de condições de logística e infraestrutura, disponibilidade de transporte escolar, alimentação, falta de conectividade para as aulas remotas, e a própria desmotivação dos professores, dos alunos e de seus familiares”, explicou.
Para apoiar as escolas na oferta de ensino, as redes têm utilizado diferentes estratégias, mensal ou bimestralmente. Entre elas, destaca-se a busca ativa para enfrentar a evasão escolar, realizada por 87% das redes pesquisadas.
“A gente já consegue identificar a maior quantidade de crianças e adolescentes fora da escola. Por isso, as redes estão investindo em busca ativa de crianças e adolescentes”, disse Julia Ribeiro.
Vale destacar que a Busca Ativa Escolar é uma ferramenta para apoiar os governos na identificação, registro, controle e acompanhamento de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou em risco de evasão.
Ela foi desenvolvida pelo Unicef, em parceria com a Undime e com apoio do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) e do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).